Sobra
de energia prejudicam distribuidoras e consumidores cativos, afirma Abradee
Associação
discute com o governo e com a Aneel medidas para reequilibrar os contratos das
concessionárias.
A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia
Elétrica informou que pelo menos metade das 64 distribuidoras do país
estão com sobras de energia elétrica em seu portfólio em 2016. Em média, a
sobre contratação "involuntária" das concessionárias está em 107%,
quando o saudável para o negócio é algo próximo a 103%.
Segundo Marco Delgado, diretor da Abradee, parte dessas sobre contratação é consequência de atos normativos existentes e, portanto, não deveria ser assumida pelas companhias ou pelos consumidores. "Parte dessas sobrecontratação foi consequência de normas regulatórias. Isso é um ponto que estamos conversando com o ministério. Não pode se entender isso como um risco ordinário."
Segundo Marco Delgado, diretor da Abradee, parte dessas sobre contratação é consequência de atos normativos existentes e, portanto, não deveria ser assumida pelas companhias ou pelos consumidores. "Parte dessas sobrecontratação foi consequência de normas regulatórias. Isso é um ponto que estamos conversando com o ministério. Não pode se entender isso como um risco ordinário."
Em situações em que o preço da energia no mercado spot está
baixo, a sobrecontratação causa prejuízos financeiros às empresas e aos
consumidores atendidos por essas concessionárias. Isso porque essa sobra de
energia é liquidada pelo Preço de Liquidação das Diferenças a valores
inferiores aos dos contratos firmados em leilão. Pela regulação vigente,
os consumidores de energia do mercado cativo assumem os custos dessa sobra até
105%. Acima disso o risco é das distribuidoras.
De acordo com Delgado, uma combinação de fatores contribuiu
para o atual cenário de sobrecontratação. Os contratos de energia que estão
sendo entregues agora foram firmados há 5 ou 3 anos, quando se projetava um
crescimento no consumo nesse período. Além disso, o aumento de mais de 50% nas
tarifas do mercado cativo em 2015 e a queda repentina do PLD estimularam uma
nova onda de migração de consumidores para ambiente livre. Um terceiro efeito é
o fato de as distribuidoras, por regra, terem um piso mínimo de contratação.
Por exemplo, a AES Eletropaulo (SP), que atende ao maior
mercado do país, está com 112% de sobrecontratação neste ano. Antes do leilão
A-1 de dezembro de 2015, a empresa já havia informado ao MME que não precisava
contratar um grande volume de energia, uma vez seu mercado encolheu (-4,5% no
ano passado) por conta da crise econômica do país e pela elevação das tarifas.
Mesmo assim foi obrigada a recontratar 96% da energia que estava sendo
descontratada naquele ano.
Soluções para reverter esse quadro estão sendo discutidas com
a Agência Nacional de Energia Elétrica, com o Ministério de Minas e Energia e
com a Câmara de Comercialização de Energia. A mais urgente permitirá a
devolução de contratos aos geradores nos casos em que houver a migração de
consumidores especiais (0,5 MW e 3 MW) para o mercado livre. A regulação atual
permite que essa operação seja realizada apenas para a saída de consumidores
livres (acima de 3 MW).
O assunto está sendo discutido na audiência pública nº
85/2013. "O exercício por consumidor especial ou livre da opção de compra
de energia no ACL assegura à distribuidora local a possibilidade de redução de
montante equivalente dos CCEAR decorrentes de leilões de energia elétrica
proveniente de empreendimentos existentes", diz o artigo 28 da minuta de
resolução, ainda pendente de homologação.
Outro processo que pode minimizar o atual quadro de
sobrecontratação é a operacionalização do Mecanismo de Sobras e Déficits de
Energia Nova, o MCSD, recentemente regulamentado pela Aneel. "O quando
mais breve possível forem implementadas essas ações, melhor para os agentes e
para a modicidade tarifária", defendeu Delgado, sem revelar o potencial
rombo financeiro que a sobrecontratação pode causar no setor ou quais
distribuidoras são as mais afetadas.
Cenário inverso - O cenário de sobrecontratação das
distribuidoras neste ano é exatamente ao oposto de 2014, quando as empresas
ficaram expostas involuntariamente por conta de atos regulatórios e atrasos na
conclusão de projetos de geração. Essa situação causou um grave problema de
caixa nas concessionárias. O Governo Federal precisou intervir e contratou três
empréstimos com bancos públicos e privados para socorrer as distribuidoras.
Juntos, os empréstimos somam R$ 21,75 bilhões e serão pagos pelos consumidores
de energia por meio da conta de luz. Esse empréstimo foi um dos fatores que
pressionou as tarifas de energia em 2015. (canalenergia)
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