Hidrelétricas Reversíveis Sazonais podem ser opção para
armazenamento de energia
Usinas Hidrelétricas Reversíveis Sazonais: Solução de
Armazenamento para o Setor Elétrico Brasileiro
Usinas hidrelétricas
reversíveis sazonais, ou apenas UHRS, armazenam energia em um ciclo de um ano
através de um sistema de turbo-bomba, armazenando energia durante o período
úmido e gerando durante o período seco. Podem, ainda, funcionar em simbiose com
usinas hidrelétricas em cascata a jusante, já instaladas e em operação,
reduzindo o vertimento nelas, como demonstra a Figura 1.
Figura 1. Operação das
usinas hidrelétricas reversíveis sazonais
A tecnologia de usinas
hidrelétricas reversíveis convencionais é novidade no Brasil e apenas o Chile
possui usina neste modelo na América Latina, que pode representar uma
alternativa para o Brasil em tempos de mudanças climáticas, dificuldade de
prever futuras disponibilidades hídricas, e variações na demanda de energia que
afligem o setor elétrico nacional.
Durante seu doutorado na
Universidade de Oxford na Inglaterra, o Dr. Julian Hunt produziu o conceito de
usinas hidrelétricas reversíveis sazonais e em seu pós-doutorado na COPPE,
coordenado pelo Prof. Marcos Freitas e Prof. Amaro Pereira Junior, desenvolveu 13
projetos de UHRS para diversas bacias hidrográficas do Brasil onde já existem
usinas convencionais em operação. Hunt apresentou cada um desses projetos em
sua palestra no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro dia 9 de março, segue
abaixo um link para o vídeo da apresentação. A tecnologia foi apresentada,
também, no Workshop de P&D Estratégico em Armazenamento Energético da Aneel
dia 31 de março, segue abaixo um link para a apresentação.
Figura 2. Área de captação
dos projetos de UHRS no Brasil.
Figura 3: Detalhes sobre os
projetos de UHRS.
Segundo o engenheiro, este
modelo de usina pode apresentar um ganho energético para o sistema por diminuir
o vertimento nas usinas em cascata a jusante, apesar da perda de energia de 25%
na UHRS. Bombeia-se com o excedente de energia no sistema, durante o período
úmido, de alta disponibilidade hídrica. “A ideia é gerar quando tem escassez e
guardar para quando for tempo de desperdício. As usinas reversíveis estão
aparecendo de novo de forma importante como possibilidade de armazenamento de
fonte intermitente como a eólica e solar. Em 2024 a participação da geração
hidráulica vai diminuir e aumentar a participação das fontes eólica e solar”,
afirmou.
A utilização de UHRS pode
constituir uma alternativa estratégica de descentralização do potencial de
armazenamento energético do Brasil, já que o armazenamento no Brasil, de acordo
com o engenheiro, concentra-se 70% nas cabeceiras dos Rios Grande, Paranaíba,
São Francisco e Tocantins, como mostra a área contornada em vermelho na Figura
2, deixando o setor elétrico vulnerável. Caso não chova nessa região, as UHRS
podem armazenar energia com a chuva em outras regiões, aumentando a segurança
energética do país. Segundo os cálculos de Hunt, investir nas UHRS seria o
equivalente a construir reservatórios para as usinas a fio d’água da região
norte do país, em termos de ganhos para o sistema elétrico.
Quando questionado pelo
público qual dos projetos apresentados seria o mais oportuno ou urgente, Hunt
afirmou que seria o da Bacia do Rio Uruguai, “para diminuir o vertimento. Na
bacia do Iguaçu também. Os rios da região sul, onde temos muita chuva, vertem
muito”. (ilumina)
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