Os carros elétricos vão
decolar — e muita coisa vai mudar
Com a carga toda: nos
próximos 10 anos, os elétricos se tornarão uma opção mais econômica do que os
carros à gasolina na maioria dos países, prevê estudo.
Não restam dúvidas de que os carros verdes vieram para
ficar. As principais montadoras do mundo investem cada vez mais em modelos de
menor consumo de combustível e impacto ambiental que, aos poucos, caem no gosto
dos consumidores. O preço, naturalmente, ainda é um empecilho para a expansão
em massa deste mercado. Mas isso deve mudar.
Uma nova pesquisa da
Bloomberg New Energy Finance (BNEF) sugere que, com a contínua redução dos
preços das baterias, os veículos elétricos
e híbridos
se tornarão, até 2025, uma opção mais econômica na maioria dos países, até
mesmo do que os modelos a gasolina ou diesel. Adicione mais alguns anos, e o cenário
é ainda mais promissor.
O estudo, publicado nesta
quinta-feira (25), prevê que as vendas globais de EVs (do inglês 'Electric
Vehicle') irão bater 41 milhões em 2040, representando 35% das vendas de
veículos novos leves. Isso seria quase 90 vezes o valor equivalente às vendas
de 2015, estimadas em cerca de 462 000, 60% a mais que em 2014.
Atualmente, só um país no
mundo tem taxas quase tão elevadas assim — a Noruega, onde os veículos movidos
a eletricidade já representam um quarto das vendas totais de quatro-rodas. Dono
de uma das maiores reservas de petróleo do mundo (e de um dos litros de gasolina mais caros), o país não apenas eliminou
impostos sobre os automóveis limpos, como passou a oferecer estacionamento
gratuito e acesso a corredores de ônibus.
Mudanças no tabuleiro
energético
No cerne da previsão da BNEF
está uma análise sobre os preços das baterias, que caiu vertiginosamente nos
últimos anos. Para se ter uma ideia, os custos das bateria de íon de lítio
reduziram 65% desde 2010, chegando a US$ 350 por quilowatt-hora (kWh) de
energia armazenada no ano passado. E não para aí: a expectativa é que chegue a
menos de US$ 120 por kWh em 2030.
Esta tabela da BNEF mostra a
projeção do crescimento das vendas de modelos híbridos e elétricos no
mundo:
Esta mudança de motorização projetada para os próximos anos terá implicações para além do mercado de automóveis. Segundo os analistas da BNEF, o aumento iminente de veículos elétricos poderia desencadear uma nova rodada de problemas para a indústria petrolífera.
Esta mudança de motorização projetada para os próximos anos terá implicações para além do mercado de automóveis. Segundo os analistas da BNEF, o aumento iminente de veículos elétricos poderia desencadear uma nova rodada de problemas para a indústria petrolífera.
Pelos cálculos, um quarto de
carros "verdes" nas estradas do mundo até 2040 representará menos 13
milhões de barris por dia de petróleo.
Por outro lado, quanto mais
pessoas começam a recarregar seus carros nas tomadas elétricas, em vez de
encher o tanque nos postos de gasolina, maior será a pressão sobre os sistemas
de geração de energia dos países.
Na ponta do lápis, uma frota
eletrificada em peso representaria uma demanda extra de 1 900 kWh de
eletricidade, ou cerca de 8% do consumo global de eletricidade em 2015, segundo
o estudo.
Para realizar essa previsão,
os analistas da BNEF basearam-se na recuperação do preço do petróleo bruto para
a casa dos US$ 50, e em seguida voltando até US$ 70 ou mais até o ano de 2040.
O mais curioso, de acordo com
o estudo, é que se o preço do petróleo cair para US$ 20 e estacionar aí, a
adoção em massa dos EVs só iria atrasar cerca de cinco anos.
Incentivos governamentais
Apesar do rápido crescimento
do mercado de carros elétricos e híbridos — e seus 1,3 milhão de modelos
vendidos em todo o mundo, com destaque para o Nissan Leaf e o Chrevrolet Volt
—, eles ainda representam menos de 1% das vendas de veículos comerciais leves
atualmente.
Neste contexto, os governos
continuam a desempenhar um forte papel em várias áreas relacionadas com a
adoção de veículos elétricos. De todos os fatores que impulsionam este mercado,
o subsídio à compra direta ainda é o mais eficaz. Porém, outras investidas
também ajudam a impulsionar os verdinhos.
Estímulos: a Noruega eliminou impostos sobre os veículos limpos e passou a oferecer estacionamento gratuito, além de acesso a corredores de ônibus.
Estímulos: a Noruega eliminou impostos sobre os veículos limpos e passou a oferecer estacionamento gratuito, além de acesso a corredores de ônibus.
"Foi a combinação de
incentivos fiscais, estacionamento exclusivo e acesso a corredores de veículos
que levaram os elétricos na Noruega a um quarto das vendas totais bem antes do
que se pensava possível na maioria dos países", disse à EXAME.com Colin
McKerracher, analista líder de transporte avançado na BNEF.
"Mas os governos também
têm um papel ativo na promoção de infraestrutura especial. Por exemplo,
recentemente, um regulador na Califórnia aprovou dois grandes planos de
serviços públicos para a construção de redes de infraestrutura de recarga,
repassando esses custos através de tarifas de eletricidade",
sublinha.
Brasil
No Brasil, desde outubro do
ano passado, os carros elétricos estão isentos da tarifa de importação de 35%,
o que em teoria ajudaria a estimular as vendas por aqui. Mas, segundo o
especialista, pelo menos ao longo dos próximos cinco anos, a penetração dos
elétricos no país ainda será bastante limitada: "provavelmente menos de 1%
das vendas de veículos novos e principalmente focado em modelos mais
sofisticados".
"A partir de meados da
década de 2020, esperamos um crescimento mais forte, com a redução dos custos
do veículos e melhorias no desempenho", destaca McKerracher.
Seja como for, a verdade é o
que Brasil tem um perfil bem diferente quando o assunto é eletrificação dos transportes.
"No Brasil, a pressão
para a redução das importações de petróleo e das emissões de gases efeito
estufa são menos críticas por causa da forte indústria nacional de
etanol", observa o analista.
Os 8 países mais entusiastas
de carros elétricos e híbridos
São Paulo - Líder no mercado
de modelos verdes no mundo, a Noruega eliminou impostos sobre os veículos
limpos e foi ainda mais longe, oferecendo estacionamento gratuito e acesso a
corredores de ônibus.
Atualmente, os carros
híbridos e elétricos são, praticamente, "bestsellers" no país. No
primeiro trimestre de 2015, 8.112 veículos movidos a eletricidade foram
vendidos por lá, representando quase um quarto das vendas totais de veículos no
país.
Os dados são de um relatório
produzido pela consultoria IHS Automotive, especializada na indústria
automotiva mundial.
Já os Estados Unidos
registraram 15.000 verdinhos novos no mesmo período, mas o número absoluto
representou apenas 0,8% das vendas totais de carros no país no primeiro
trimestre.
Veja a seguir os 8 maiores
mercados de carros elétricos e híbridos no mundo.
1. Noruega
Número de carros elétricos
vendidos no 1º trimestre de 2015 - 8.112
Porcentagem em relação à
venda total de carros - 22,9%
Variação em relação ao ano
anterior - 40,5%
Número de carros elétricos
vendidos no 1º trimestre de 2015 - 5.760
Porcentagem em relação à
venda total de carros - 5,2%
Variação em relação ao ano
anterior - 74,2%
Número de carros elétricos
vendidos no 1º trimestre de 2015 - 8.864
Porcentagem em relação à
venda total de carros - 1,2%
Variação em relação ao ano
anterior - 392,3%
Modelo de carro mais querido: Mitsubishi Outlander
plug-in híbrido
4. Estados Unidos
Número de carros elétricos
vendidos no 1º trimestre de 2015 - 14.832
Porcentagem em relação à
venda total de carros - 0,8%
Variação em relação ao ano
anterior - 392,3%
Modelo de carro mais querido:
Tesla Model S
5. França
Número de carros elétricos
vendidos no 1º trimestre de 2015 - 3.626
Porcentagem em relação à
venda total de carros - 0,8%
Variação em relação ao ano
anterior - 101,3%
Número de carros elétricos
vendidos no 1º trimestre de 2015 - 4.250
Porcentagem em relação à
venda total de carros - 0,6%
Variação em relação ao ano
anterior - 97,7%
Número de carros elétricos
vendidos no 1º trimestre de 2015 - 7.750
Porcentagem em relação à
venda total de carros - 0,6%
Variação em relação ao ano
anterior -19,5%
Número de carros elétricos
vendidos no 1º trimestre de 2015 - 12.555
Porcentagem em relação à
venda total de carros - 0,3%
Variação em relação ao ano
anterior - 744,9%
Modelo de carro mais querido:
BYD Qin plug-in híbrido (abril)
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