Pesquisadores da UFSC criam ônibus elétrico movido a
energia solar
Veículo deve começar a rodar no início de novembro/16 em
Florianópolis.
Investimento do governo federal foi de R$ 1 milhão, além de
parcerias.
Veículo foi desenvolvido com
recursos do governo federal e parcerias.
Um
grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
desenvolveu o primeiro ônibus 100% elétrico do país movido por energia solar,
captada por um sistema instalado no telhado do laboratório de pesquisa. Além de
não emitir poluentes, a tecnologia permitirá uma economia de R$ 2 mil mensais
em combustíveis.
O
ônibus, que deve começar a rodar no início de novembro em Florianópolis,
foi idealizado como uma estação de trabalho móvel, com Wi-fi, para o
deslocamento diário de professores e alunos entre o campus da Trindade e o
laboratório no Norte da Ilha, no Sapiens Parque, no bairro Canasvieiras.
Neste
trajeto, de 50 quilômetros, ida e volta, o custo com deslocamento, no caso de
um sistema convencional que usa diesel para as quatro viagens feitas pelos
pesquisadores diariamente, seria de aproximadamente R$ 100 diários, o que
corresponde a R$ 2 mil mensais.
Otimização
Todos
os dias, o grupo gasta cerca de uma hora neste percurso e a ideia do projeto é
também otimizar o tempo no trânsito. Segundo a universidade, o ônibus foi adquirido
com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), depois de
uma licitação.
No
total, de acordo com os pesquisadores, foram investidos R$ 1 milhão no projeto,
além das parcerias com as empresas WEG, Marcopolo e Eletra Bus.
“A grande
novidade do projeto é que se trata de um veículo que será movido por energia
proveniente do Sol, limpa, renovável, inesgotável e gratuita. O sistema
fotovoltaico que fornecerá energia ao ônibus está integrado ao telhado do nosso
laboratório, no Sapiens Parque”, explicou o pesquisador Júlio Dal Bem, membro
do Grupo de Pesquisa Estratégica em Energia Solar da UFSC.
Ônibus elétrico foi desenvolvido por pesquisadores da UFSC.
Ônibus elétrico foi desenvolvido por pesquisadores da UFSC.
Sem
poluentes
Segundo
o estudioso, um ônibus com consumo médio de 670 litros de diesel por mês emite
cerca de 3,9 toneladas de CO2. Em um ano, a emissão chega a 46,8
toneladas de CO2.
Conforme
Dal Bem, um estudo do Instituto Totum e da Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo em parceria com a Fundação SOS
Mata Atlântica, apontou que cada árvore da Mata Atlântica absorve 163,14 kg de
gás carbônico (CO2) nos primeiros 20 anos de vida, o que seria uma
média de 8,1 kg de CO2 por ano.
“Precisaríamos
de quase 5,8 mil árvores para resgatar o CO2 emitido por um ônibus
urbano comum em um ano de operação”, complementou o pesquisador.
Montagem
Segundo
Dal Bem, o sistema de tração foi desenvolvido pela WEG para fornecer ao ônibus
recarga em rede com microgeração distribuída com painéis fotovoltaicos. A
aplicação ocorreu em conjunto com a Marcopolo, que fabricou o veículo, bem como
com a Eletra, responsável por instalar e integrar o sistema de tração elétrico
e as baterias de lítio.
O
primeiro ônibus elétrico do Brasil foi construído em um projeto da Mitsubishi
Heavy Industries, do Japão, com a empresa Eletra Bus, de São Bernardo do Campo,
informou Dal Bem. O veículo foi chamado de E-Bus e rodou por dois anos pelos
corredores de ônibus da cidade.
Ao
fim do projeto, toda tecnologia trazida ao Brasil pela empresa, como importação
temporária, precisava ser devolvida ao Japão ou doada a uma instituição pública
de ensino. Assim, carregador e baterias foram entregues à UFSC, depois que o
E-Bus foi desmontado.
Aplicabilidade
Aplicabilidade
“O
grande problema em colocar um veículo dessa natureza em operação está na
infraestrutura elétrica para carregamento. Ultimamente, temos sido sobretaxados
nas contas de energia elétrica como uma forma de estimular a redução no consumo
e pagar as despesas de geração com termoelétricas, que é uma energia mais cara
e mais poluente, ao invés de investir em fontes limpas e renováveis”, comentou.
Dal
Bem explica que a dificuldade em desenvolver este ônibus em larga escala
esbarra também na infraestrutura do país.
“É
exatamente o mesmo problema que dificulta a entrada de veículos elétricos no
mercado nacional. Um ou outro veículo elétrico conectado à tomada não é um
problema, mas 1 milhão deles, 1% da frota nacional de veículos, já implicaria
em um impacto considerável no consumo de energia elétrica e previsão de
infraestrutura elétrica”, complementou.
Funcionamento
A
previsão é de que o ônibus passe a noite no Sapiens Parque conectado à tomada,
para recarga lenta e completa das baterias. Em um primeiro momento, haverá
estação de recarga apenas no Sapiens Parque, pois a infraestrutura elétrica da
UFSC não comporta um carregador rápido para o veículo.
“Estamos
conduzindo projetos de pesquisa para o desenvolvimento de carregadores com
acumulação intermediária de energia que drenam lentamente energia da rede e
armazenam temporariamente em baterias estáticas, que exigem baixa potência da
rede elétrica, sem sobrecarregar a infraestrutura. Os carregadores permitem uma
transferência rápida da energia acumulada nas baterias para as baterias do
ônibus”, disse o estudioso.
Conforme
Dal Bem, o ônibus permanecerá conectado ao carregador por cerca de duas horas
após cada percurso de ida e volta. (g1)
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