Primeira
usina de energia solar flutuante no Brasil foi instalada há um ano na
Hidrelétrica de Sobradinho.
Painéis
solares instalados sobre a lâmina d’água de represas de hidrelétricas são a
nova aposta da Ásia para expansão de sua oferta energética. A região aumentou
em 900% a geração de eletricidade nessa modalidade somente em 2019, passando de
1 megawatt instalado para 51 megawatts e outros 858 megawatts planejados,
superando o continente europeu.
É
o que informa o relatório da IEEFA (Institute for Energy Economics and
Financial Analysis) divulgado em 01/0/20. Sara Jane Ahmed e Elrika Hamdi,
autoras do estudo, avaliam que as fazendas solares são melhores quando
instaladas perto de hidrelétricas porque podem pegar carona nas conexões
existentes com a rede de transmissão.
No
Brasil, todos os investimentos nesse setor são recentes. A primeira e maior
planta fotovoltaica flutuante em operação foi instalada em agosto de 2019, na
Usina de Sobradinho (BA). Na etapa atual, a unidade gera 1 MWp, mas deve ampliar
sua capacidade para 2,5 MWp até o final de 2020. Na Hidrelétrica de Balbina
(AM), outra planta solar flutuante está em projeto e deverá ter a mesma
capacidade.
Nos
países asiáticos, a situação é oposta: uma das principais razões para a
expansão das usinas solares flutuantes é a escassez de terra, aponta o
relatório da IEEFA. Ao aproveitar a área sobre a lâmina d’água dos
reservatórios, os investidores eliminam o custo de obtenção de grandes terrenos
e evitam desapropriações.
Isso
ajuda a entender porque o Brasil está há pelo menos uma década atrás dos
asiáticos nesse segmento. 1º sistema solar flutuante do mundo foi construído em
2007 em Aichi, no Japão, mas a China é a líder atual — os 2 países tinham
juntos uma capacidade instalada combinada de 1,3 GW até o fim de 2018. Em 2019
o Vietnã instalou 47MW de energia fotovoltaica flutuante. Mais recentemente, a
maior empresa de geração de energia da Índia, a National Thermal Power
Corporation (NTPC), confirmou a implantação de 200MW nessa modalidade em quatro
locais, inserindo o país entre os maiores desenvolvedores do mundo no setor.
“Nossa
pesquisa mostra que cada vez mais países asiáticos estão construindo fazendas
solares que flutuam em rios, represas, lagos e reservatórios – e até no mar –
para produzir eletricidade limpa a preços que podem competir com a energia de
usinas a carvão poluentes”, afirmam as autoras. Outra vantagem destacada no
documento é que as placas diminuem a evaporação, contribuindo para a manutenção
do nível dos reservatórios em períodos secos e quentes.
Queda
de demanda
Entre
as vantagens das plantas fotovoltaicas flutuantes está a flexibilidade e a
resiliência dos seus sistemas de geração em momentos de queda abrupta de
demanda, como ocorre neste momento em todo o mundo por conta da pandemia de
COVID-19. Segundo o documento, o consumo de energia nas Filipinas e na Malásia
caiu 16% durante os bloqueios contra o novo coronavírus, causando um estresse
extremo nas redes de eletricidade devido ao excesso de energia.
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