O
mundo acrescentou à sua matriz energética cerca de 200 gigawatts (GW) em
energias renováveis em 2019, dos quais a fonte solar fotovoltaica contribuiu
com a maior fatia, de 57%, o equivalente a 115 GW de capacidade instalada
global. A energia eólica ficou em segundo lugar, com 60 GW (30%), seguida de
hidrelétrica com 18 GW (8%). Na América Latina, o Brasil puxou o crescimento da
energia solar fotovoltaica, instalando 2,1 GW, seguido por Argentina e México.
O
acréscimo de 115 gigawatts da fonte solar fotovoltaica representa um
crescimento anual de 22,5% frente ao total acumulado no mundo. Os dados fazem
parte do Relatório de Status Global de Renováveis, estudo apresentado hoje pelo
REN21, comunidade global que reúne organizações ligadas às energias renováveis,
pesquisadores, governos e empresas do setor. Publicado anualmente, o Relatório REN21
é considerado o estudo mais abrangente sobre fontes renováveis e este ano
contou com a participação de 350 especialistas.
De
acordo com o documento, o aumento observado em 2019 da fonte solar fotovoltaica
foi 12% maior em comparação ao ano de 2018, atingindo uma capacidade instalada
acumulada de 627 GW, impulsionado tanto pela geração distribuída nas aplicações
em residências e empresas quanto pelos projetos de grande escala. Quando se
olha os últimos dez anos, o avanço é significativo: há uma década, havia menos
de 23 GW de capacidade instalada em todo o mundo.
Com
o apoio técnico regional da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
(ABSOLAR), o estudo destaca que o Brasil encerrou 2019 com 4,5 GW em capacidade
instalada de energia solar fotovoltaica, sendo 2,1 GW de acréscimo só no ano
passado. A geração distribuída foi o segmento que mais cresceu em 2019 em
termos de capacidade adicionada (1,4 GW), impulsionada pelos aumentos de preço
da energia no País e pela queda nos preços dos sistemas fotovoltaicos. Já a
geração centralizada acrescentou 650 MW no ano passado, beneficiada tanto pela
demanda do mercado livre de energia quanto pelos leilões de energia realizados
no período, que trouxeram preços competitivos para a fonte: US$ 17,62 e
US$20,33 o MWh nos leilões A-4 e A-6 respectivamente.
Com
isso, a fonte solar fotovoltaica foi a fonte que mais cresceu na matriz
elétrica brasileira em 2019, com 88% de crescimento, ante 7% de crescimento da
fonte eólica e 5% das hidrelétricas. Foi a segunda fonte com maior adição na
matriz elétrica em 2019, ficando atrás apenas das hidrelétricas, com 4,9 GW. “A
geração distribuída já é um segmento robusto no país e, ao mesmo tempo, a
expansão do mercado livre de energia e os leilões fornecem condições atrativas
para investimentos em energia fotovoltaica. Há grande potencial ainda
inexplorado nos sistemas híbridos”, diz Rachel Andalaft, sócia da REA Consult,
consultoria especializada em energias renováveis com sede na Alemanha.
Segundo
ela, o avanço dos sistemas híbridos de energia no Brasil ainda esbarra em
questões regulatórias relacionadas à conexão de sistemas híbridos à rede e no
alto custo das baterias para armazenamento, com encargos que chegam a 80% do
valor dos sistemas. “No Brasil, as fontes solar fotovoltaica e eólica são
complementares, e a viabilização da tecnologia de sistemas híbridos trará muitas
oportunidades de investimento”, diz Rachel.
Cenário
global
Apesar
dos avanços significativos na geração de energia renovável, a participação
dessas fontes na demanda total de energia final aumentou pouco entre 2013 e
2018, aponta o Relatório REN21, saindo de 9,6% em 2013 para 11% em 2018. O
REN21 observa que há muito ainda a avançar nos segmentos de aquecimento,
resfriamento e transportes, ainda dominados pelos combustíveis fósseis. A
participação das fontes renováveis nesses segmentos é de 26%, 10% e 3%,
respectivamente.
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