quarta-feira, 10 de março de 2021

Carvão energético está perto do fim graças à pandemia

Uso de carvão para gerar energia pode estar perto do fim graças à pandemia do Covid-19.

Em 2020, o uso de combustíveis fósseis para geração de eletricidade foi menor do que nos últimos anos, e as emissões globais de CO2 do setor de energia diminuíram cerca de 7%.

Uso de combustíveis fósseis diminuiu consideravelmente em 2020 devido ao novo coronavírus.

A pandemia causada pela Covid-19 não só trouxe uma queda temporária nas emissões globais de dióxido de carbono/CO2, mas também reduziu a parcela de energia gerada pela queima de carvão. Esse é o principal resultado de um novo estudo realizado por uma equipe de economistas com sede em Potsdam e Berlim, na Alemanha, que analisou o impacto da disseminação do novo coronavírus no sistema de energia e na demanda por eletricidade.

"O carvão foi atingido mais duramente pela crise de coronavírus do que outras fontes de energia — e a razão é simples", pontua, em nota, o autor principal, Christoph Bertram, do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático (PIK). Ele explica que, se a demanda por eletricidade cai, as usinas a carvão geralmente são desligadas primeiro. Isso ocorre porque o processo de queima de combustíveis aumenta constantemente os custos. "Os operadores da usina têm que pagar por cada tonelada de carvão. Em contraste, fontes de energia renováveis, como o vento e usinas solares, uma vez construídas, têm custos operacionais significativamente mais baixos e continuam operando mesmo que a demanda seja reduzida", justifica Bertram.

Por essa razão, em 2020, o uso de combustíveis fósseis para geração de eletricidade foi menor do que nos últimos anos, e as emissões globais de CO2 do setor de energia diminuíram cerca de 7%. Olhando apenas para a Índia, os EUA e países europeus, surge um quadro mais acentuado: nesses mercados, onde a demanda mensal de eletricidade diminuiu em até 20% (em comparação com 2019), as emissões mensais de CO2 reduziram em 50%.

"Devido à crise em curso, esperamos que a demanda de eletricidade em 2021 fique em torno dos níveis de 2019, o que, dados os investimentos na geração de baixo carbono, significa uma geração de fósseis mais baixa do que naquele ano", diz Gunnar Luderer, coautor da pesquisa. "Enquanto o crescimento da geração de eletricidade limpa exceder os aumentos na demanda de eletricidade, as emissões de CO2 do setor de energia diminuirão."

Segundo Ludeker, somente se víssemos uma demanda excepcionalmente alta por eletricidade e não houvesse mais investimentos na criação de usinas renováveis entre 2022 e 2024, a geração de combustível voltaria aos níveis pré-pandêmicos.

Embora o setor de energia tenha passado por um processo de transformação dinâmica mesmo antes do advento da Covid-19, a pandemia enfraqueceu a posição no mercado de geração de energia a carvão e evidenciou sua vulnerabilidade.

"Nossa pesquisa mostra que investir em energia fóssil não é apenas ambientalmente irresponsável — é economicamente muito arriscado", afirma Ottmar Edenhofer, diretor do PIK que também assina o artigo. “No final, certamente será necessário precificar o carbono para cortar as emissões no ritmo necessário e estabilizar nosso clima. Ainda que os impactos da crise causada pelo coronavírus no setor de geração de energia colocaram os líderes políticos em uma posição única: junto a políticas adicionais, como a eliminação de subsídios para combustíveis fósseis e o aumento dos investimentos em energia eólica e solar, agora é mais fácil do que nunca acabar com a eletricidade com alto teor de carbono". (revistagalileu.globo)

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