Segundo
o CEO da petroleira no Brasil, Mario Lindenhay, a meta é diminuir em 40% a
produção de petróleo, nos próximos 10 anos. Ao mesmo tempo, a BP vai aumentar
em 10 vezes os investimentos em energia renovável, que irão de US$ 500 milhões
para US$ 5 bilhões por ano.
Em
entrevista exclusiva, Lindenhay explica por que a petroleira tomou essa decisão
e como fica o Brasil nessa história. O executivo participou do podcast ESG de A
a Z, produzido pela EXAME. Confira alguns trechos da entrevista:
Qual
é a dimensão da mudança em curso na BP e no setor de petróleo, em função da
transição energética?
Eu
entendo esse ceticismo, mas as empresas têm feito investimentos importantes.
Fizemos uma análise sobre o quanto tempo cada tipo de energia levou para chegar
a 10% de participação na matriz mundial. O petróleo levou 50 anos. O gás está
aí há 100 anos e ainda não alcançou esse patamar. As renováveis têm mostrado
uma curva inédita. Essa era a dúvida do passado, se as alternativas teriam
fôlego. Isso aconteceu pela decisão de alguns grupos em investir, pela pressão
da sociedade e pela queda nos custos.
Essas
mudanças terão implicações geopolíticas? Como a BP analisa essa questão?
Eu acho que alivia as tensões geopolíticas. O petróleo que eu produzo no Brasil pode ser exportado para qualquer lugar do mundo. Já a energia solar produzida no país tem de ser consumida aqui. Ao descentralizar a geração de energia, você democratiza o acesso como nunca. Antes, o mundo dependia de alguns países produtores. O maior acesso às energias alternativas traz mais autonomia para os países desenvolverem suas estratégias energéticas e maior poder de escolha para os consumidores. Um exemplo disso é a Índia, um dos maiores importadores de petróleo e que não conta com o recurso natural. Com a energia solar e eólica, o país passa a ter opções.
Como essa transição afeta o Brasil?
Nossa
visão é de que a produção de petróleo cresce na próxima década, para, em
seguida, cair entre 10% e 50%, dependendo do cenário. No Brasil, 60% das
reservas estão no pré-sal. São reservas competitivas e de alto valor agregado.
Nós definimos que não vamos abrir novas fronteiras, ou seja, não vamos explorar
petróleo em países que não estamos. Ao reduzir o volume, podemos nos concentrar
nas reservas mais competitivas, e o Brasil se encaixa nessa estratégia
perfeitamente. (biodieselbr)
Nenhum comentário:
Postar um comentário