quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Aumento da mistura obrigatória anima fabricantes de biodiesel

Fabricantes de biodiesel começam a retomar investimentos. Embalados pelo retorno da política de aumento na adição de biodiesel ao diesel, projetos que estavam na gaveta agora se somam a novas iniciativas para ampliar a produção nacional. A Petrobras pretende transformar a Refinaria Riograndense, em Rio Grande (RS), na primeira biorrefinaria do país. A Be8, líder do mercado, anunciou investimento de R$ 1,5 bilhão em uma nova esmagadora de soja em Marivalva (PR) para o processamento de matéria-prima para fabricação de biodiesel.

O Conselho Nacional de Política Energética elevou a adição de biodiesel no óleo fóssil de 10% para 12% a partir de abril. O percentual subirá em 1 ponto a cada 12 meses, até chegar a 15% em 2026, ano em que o governo estima que o país produza mais de 10 bilhões de litros do biocombustível, 60% a mais que hoje.

Antes mesmo da revitalização do programa, sete ampliações de usinas já tinham sido autorizadas e dez novas construções registradas na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Isso levaria capacidade instalada no país a 16,8 bilhões de litros anuais. Atualmente, o consumo está em 7,2 bilhões de litros, mas a capacidade de produção autorizada das 59 usinas em operação no país, de acordo com o Mapa Dinâmico de Produtores de Biodiesel, da ANP, é de 13,9 bilhões de litros.

A decisão do então governo Jair Bolsonaro, de manter a mistura obrigatória reduzida para 10% ao longo de todo o ano passado, fez com que as usinas brasileiras fabricassem 482,2 mil m3 a menos. Algumas companhias deixaram de operar, e até agora não retornaram. A ociosidade chegou a 57%. A produção nacional encolheu 7%, para 6,3 bilhões de litros.

Produção Anual de Biodiesel

Evolução da quantidade de biodiesel fabricado pela indústria brasileira desde o começo do PNPB.

“Sempre estivemos à frente da demanda do mercado. Por razões eleitoreiras, a mistura, que já estava em 13%, foi reduzida para 10% e o setor amargou um ano e meio”, diz Julio Cesar Minnelli, diretor-superintendente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio). A previsão é que, com a retomada do programa, a importação de diesel, que foi de 15,8 bilhões de litros no ano passado, recue em 1 bilhão de litros em 2023 e em 4 bilhões de litros em 2026. Com 35% de mistura obrigatória, atingiria a autossuficiência, segundo cálculos do mercado.

Gerado a partir de gorduras vegetais e animais, o combustível é biodegradável, o que diminui as emissões de gases do efeito estufa. Os produtores já vinham se preparando para a descarbonização do setor de transporte desde o fim de 2004. Segundo a ANP, cerca de 70% do biodiesel produzido no Brasil é feito de óleo de soja. O país é o terceiro maior produtor do mundo.

A Be8, que produziu mais de 1 bilhão de litros em 2022, aposta em alta de 20% na demanda este ano. “A resolução restabelece parte do mercado perdido e dá previsibilidade para o futuro”, diz Erasmo Carlos Battistella, CEO da Be8.

A Frente Parlamentar do Biodiesel no Congresso estuda um projeto de lei que defina previsibilidade decenal para o setor. A ANP espera que os volumes comercializados de biodiesel aumentem com a mistura programada para os próximos anos.

Além da previsibilidade, o setor mira o mercado externo. Mas há dificuldades: por um lado, a exportação de 65% da soja em grãos colhida no país deixa apenas 35% da produção para ser industrializada internamente; por outro, o setor diz que falta incentivo tributário, que isenta as commodities, mas impacta o óleo e o biodiesel.

A Be8 foi a primeira empresa do Brasil a exportar biodiesel certificado para a Europa, em 2013. Este ano, estreou no mercado americano com o biodiesel da unidade de Marialva, que produz 1,5 milhão de litros por dia. “O setor vai se fortalecer se conquistar o mercado internacional. A meta deveria chegar a 30% da produção”, diz Battistella. (biodieselbr)

Petrobras amplia testes com mistura entre biodiesel e bunker marítimo

Nos próximos dois meses um dos navios da frota da Petrobras vai navegar usando uma mistura de 76% de óleo combustível marítimo convencional (bunker) e 24% de biodiesel. Ela fará parte de um teste idealizado pela petroleira nacional para validar a viabilidade do uso de misturas de biodiesel no segmento naval.

O navio foi abastecido com 573 m³ da mistura no terminal da Transpetro no Porto de Rio Grande. Os 137,5 mil m³ de biodiesel que serão usados foram fabricados na usina de Montes Claros (MG) da Petrobras Biocombustível a partir de um mix contendo 30% de sebo bovino e o restante de óleo de soja.

A ideia é acompanhar o desempenho do navio registrando dados sobre consumo, potência desenvolvida, distância percorrida, além do desempenho do combustível em filtros e sistemas de purificação.

Esse nível de mistura é o dobro do que é usado atualmente no óleo diesel consumido pelo Brasil para movimentar veículos terrestres. Pelas contas da Petrobras, a mistura vai reduzir em cerca de 17% das emissões de gases do efeito estufa (GEEs) da embarcação.

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em 2021, a demanda de combustíveis marítimos foi de 10,7 milhões de m³ e deverá avançar para 14,7 milhões de m³ até 2031.

Navio a serviço da Transpetro recebe carga de bunker com 24% de biodiesel.

Petrobras testa combustível marítimo com 24% de biodiesel

“O setor de combustíveis marítimos busca soluções no curto prazo que nós desejamos ser capazes de atender”, diz o diretor Maurício Tolmasquim.

Segunda rodada

Esse já é o segundo teste do tipo desenvolvido pela Petrobras. A primeira rodada foi realizada na virada de 2022 e 2023.

Durante 40 dias, o navio Darcy Ribeiro, da frota da Transpetro, navegou usando 303 mil litros de uma mistura de bunker marítimo com 10% de biodiesel. Não foram constatadas ocorrências atípicas no motor do navio e nos sistemas de tratamento do combustível.

Segundo o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim, essa nova rodada de testes posiciona a empresa para atender melhor as futuras demanda do mercado internacional. “Com este teste, avançamos nas opções que temos a oferecer para viabilizar a descarbonização de nossos clientes e diversificar nosso portfólio de produtos. O setor de combustíveis marítimos busca soluções no curto prazo que nós desejamos ser capazes de atender”, disse.

Petrobrás testa combustível marítimo com 24% de conteúdo renovável.

Novo combustível tem potencial de reduzir cerca de 17% das emissões de gases causadores do efeito estufa. (biodieselbr)

Cemig realiza ações de eficiência energética no hospital São Francisco

Companhia entrega autoclave e nova iluminação, que vão gerar uma economia de R$ 150.000, 00 por ano para a instituição.

Cemig entrega cerca de R$ 800 mil em ações de eficiência energética para o Hospital São Francisco

Companhia entrega autoclave e nova iluminação, que vão gerar economia de R$ 150 mil por ano para a instituição, além de mais conforto para a população.
A Cemig, o Governo de Minas e o Hospital São Francisco inauguraram em 26/06/23, uma série de melhorias que vão beneficiar a população atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Minas Gerais. Por meio do Programa de Eficiência Energética da companhia, foi substituída uma autoclave, importante equipamento de esterilização de materiais hospitalares, e também toda a iluminação do Hospital. No total, os investimentos destinados pela Cemig foram de R$ 791 mil.

Com as entregas da Cemig, a instituição de saúde, que é filantrópica, vai economizar por volta de R$ 150 mil por ano, valor que poderá ser utilizado para outras despesas. Na eficientização, foram substituídas 5 mil lâmpadas e máquina esterilizadora, que, juntos, vão gerar uma economia de energia em torno de 475,3 MWh/ano.

Para Marney Tadeu Antunes, diretor de Distribuição da Cemig, com a entrega, a companhia reforça seu papel de grande indutora do desenvolvimento de Minas Gerais, beneficiando a população também com o fortalecimento das instituições de saúde públicas mineiras. “Mais importante do que o valor investido, é a economia de energia gerada para a unidade. Estamos atuando fortemente em todo o estado para que as instituições de saúde, por meio do Programa Cemig nos Hospitais, possam ter mais economia na fatura de energia e, com isso, possam se fortalecer e continuar nessa nobre tarefa da cuidar da saúde das pessoas”, enfatizou o diretor da Cemig.

Durante o evento, também foi anunciado a duplicação do centro de hemodiálise, que passou de 35 postos para 70, além do novo tomógrafo que integra a unidade, no bairro Concórdia.

Cemig nos Hospitais

Especialmente sobre os recursos investidos pela Cemig, vale ressaltar que estes partem de um planejamento que visa a aplicação de R$ 67 milhões de recursos em soluções energéticas que promovem a sustentabilidade e a redução do desperdício de energia em hospitais públicos e filantrópicos de Minas Gerais - dentro da área de concessão da Cemig.

O Cemig nos Hospitais, projeto responsável pelos investimentos, faz parte do Programa de Eficiência Energética e é regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Nos próximos dois anos, período do investimento, os recursos possibilitarão a modernização de cerca de 500 mil lâmpadas, 50 autoclaves, 75 focos cirúrgicos, 50 calandras e 40 secadoras, sendo esses equipamentos fundamentais para a segurança dos processos de higienização de roupas e instrumentos hospitalares.

Além disso, a companhia vai instalar 30 usinas solares fotovoltaicas. Os equipamentos substituídos, vale lembrar, são destinados à correta reciclagem. Ao fim da execução do Cemig nos Hospitais, a estimativa é que ocorra a redução de mais de 9 mil kW de demanda no horário de ponta do sistema elétrico e de cerca de 25 mil MWh economizados por ano. (agenciaminas)

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

EUA anunciam metas de consumo de biocombustíveis até 2025

EUA anuncia meta de 30% de participação de mercado para biocombustível em 2050.
O governo dos Estados Unidos divulgou em 21/06/23 as metas de volumétricas para o consumo de biocombustíveis referentes à Norma de Combustíveis Renováveis (RFS, na sigla em inglês) que vão valer até 2025.

O governo dos Estados Unidos divulgou em 21/06/23 as metas de volumétricas para o consumo de biocombustíveis referentes à Norma de Combustíveis Renováveis (RFS, na sigla em inglês) que vão valer até 2025. A divulgação dos números finais pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) norte-americana era esperada em 14/06/23, mas acabou postergada em uma semana.

Para este ano (2023), as petroleiras terão que comprovar a adição de 79,2 milhões de m³ de biocombustíveis. A meta é 1,5% maior do que a que havia sido fixada pela EPA para o ano passado. Para o próximo ano a meta será de 81,5 milhões de m³ e, em 2023, de 84,5 milhões m³.

Apesar desse crescimento, os números para os próximos dois anos ficaram aquém daqueles que haviam sido divulgados em dezembro. Pela proposta inicial da EPA, o mercado norte-americano deveria consumir um pouco mais de 85,8 milhões de m³ de biocombustíveis em 2025 – cerca de 1,6% acima do número que foi divulgado ontem. (biodieselbr)

Produção de biodiesel bate recorde depois de mais de 2 anos

Setor volta a bater recorde de produção de biodiesel depois de mais de 2 anos. O B12 está – finalmente – mostrando a que veio.
O B12 está – finalmente – mostrando a que veio. Depois de um abril relativamente morno, a produção nacional realmente engrenou no mês de maio com as usinas reportando terem fabricado 653,2 mil m³ de biodiesel para a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Em relação ao mesmo período do ano passado, a produção avançou um pouco mais de 21,8%. Um pouco acima dos 20% que seria de se esperar considerando apenas o aumento da mistura obrigatória – de B10 para B12 – ocorrido em abril.

Brasil é o segundo maior produtor e consumidor de biodiesel do mundo.

Esse aumento na produção acontece mesmo com os números preliminares divulgados pela ANP para o mercado de diesel serem bastante negativos. Segundo os painéis dinâmicos da agência reguladora, as distribuidoras venderam menos de 4,17 milhões de m³ de óleo diesel B em maio.

Uso de óleo de cozinha usado para biodiesel avançou 30% e bate recorde em 2022.

Segundo a Aprobio, o óleo de cozinha é um item potencialmente poluidor e, além de agregar valor ao produto, a produção de biodiesel organiza as cadeias de coleta para aplicação industrial. (biodieselbr)

Frota de veículos elétricos devera alcançar 100 milhões em 2026

Frota global de veículos elétricos deve atingir 100 milhões de unidades em 2026.

Valor das vendas de VEs em todos os segmentos deverá atingir US$ 8,8 trilhões em 2030 e US$ 57 trilhões em 2050 no cenário de transição econômica.

A adoção de carros elétricos deve disparar nos próximos anos, com mais de 100 milhões de unidades esperadas nas estradas até 2026 e mais de 700 milhões até 2040, acima dos 27 milhões no início deste ano, de acordo com o Long-Term Electric Vehicle Outlook (EVO) da empresa de pesquisa BloombergNEF (BNEF).

Uma pesquisa da BloombergNEF (BNEF) mostra que a adoção de veículos elétricos deve disparar nos próximos anos, com mais de 100 milhões de VEs de passageiros esperados nas estradas até 2026 e mais de 700 milhões até 2040, acima dos 27 milhões no início deste ano. Ainda segundo a pesquisa, a eletrificação agora está se espalhando para todos os setores do transporte rodoviário e em economias emergentes como Índia, Tailândia e Indonésia.

Com isso, o valor das vendas de VEs em todos os segmentos deverá atingir US$ 8,8 trilhões em 2030 e US$ 57 trilhões em 2050 no cenário de transição econômica, que pressupõe que nenhuma nova política seja implementada. Os veículos e as baterias são agora uma parte central da política industrial de muitos países e a competição para atrair investimentos aumentará nos próximos anos.

Segundo a pesquisa, apesar do rápido progresso, é necessária uma ação urgente dos formuladores de políticas e dos participantes da indústria para manter o transporte rodoviário no caminho das metas de emissões de longo prazo que os países estabeleceram.

Frota de carros elétricos chegará a 100 milhões em 2026, projeta BloombergNEF.

O relatório também aponta um cenário NetZero consistente com uma frota global capaz de emitir zero até meados do século. Apenas um segmento do transporte rodoviário – veículos de três rodas – está totalmente no caminho para este cenário mais ambicioso, mas ônibus e veículos de duas rodas também estão muito próximos. Vans comerciais e carros de passageiros também estão ganhando força, mas precisarão de apoio político adicional para permanecer no caminho certo. Os caminhões pesados estão muito atrás da trajetória e devem ser um foco prioritário para os formuladores de políticas. Investimentos em rede, conexões de rede e processos de licenciamento também precisam ser simplificados para suportar o grande número de pontos de carregamento necessários para a transição de caminhões.

O relatório aponta que grandes investimentos são necessários em todas as áreas da cadeia de fornecimento de baterias. Pelo menos US$ 188 bilhões precisam ser investidos em células de bateria e fábricas de componentes até o final da década.

Eletroposto. Frota de veículos elétricos no mundo vai chegar a 100 milhões de unidades em 2026.

A demanda adicional de eletricidade dos VEs faz parte de um esforço mais amplo de eletrificação para atingir o zero líquido. Os VEs adicionam cerca de 14% à demanda global de eletricidade em 2050 no Cenário de Transição Econômica, mas apenas 12% no Cenário Net Zero, apesar de mais veículos nas estradas. Isso ocorre porque o Cenário Net Zero inclui demanda adicional de eletricidade de eletrificação de aquecimento, indústria e uso de eletrolisador para produção de hidrogênio usado em outros setores. (canalenergia)

sábado, 26 de agosto de 2023

Energia renovável devera triplicar ate 2030

Relatório da Irena prevê adições anuais de energia renovável de 1000 GW até 2030 para manter a meta climática em 1,5°C.

Relatório World Energy Transitions Outlook (WETO) 2023, da Irena, identifica o caminho a seguir para corrigir imediatamente o caminho climático de 1,5°C. O WETO aponta para uma maior ambição global na implantação de energias renováveis, possibilitada por infraestrutura física, políticas e regulamentações, e sublinhando as capacidades institucionais e da força de trabalho.

Ele ainda destaca a eletrificação e a eficiência como principais impulsionadores da transição, possibilitados por energia renovável, hidrogênio limpo e biomassa sustentável, e acompanha a implementação em todos os setores de energia. De acordo com a última edição, alguns avanços foram feitos, principalmente no setor de energia, com adições recordes na capacidade renovável global de 300 gigawatts (GW) em 2022. No entanto, ainda é necessário continua a aumentar.

Segundo o relatório, são necessários objetivos mais ambiciosos em matéria de energias renováveis, onde o mundo deve adicionar uma média de 1.000 GW de capacidade de energia renovável anualmente até 2030, bem como aumentar significativamente o uso direto de energias renováveis em setores de uso final. Com o primeiro balanço global concluído na COP-28 nos Emirados Árabes Unidos, a WETO fornece a clareza muito necessária sobre as ações prioritárias nos próximos anos.

Ele ainda aponta que acrescentar velocidade e escala à transição energética requer reescrever a cooperação internacional. Para tal, é necessária uma avaliação dos papéis e responsabilidades das entidades nacionais e regionais, das organizações internacionais, das instituições financeiras internacionais e dos bancos multilaterais de desenvolvimento, a fim de assegurar os seus contributos óptimos para a transição energética. Significa também garantir que os fundos cheguem aos mais vulneráveis do mundo. (canalenergia)

Investimentos em energia limpa precisa triplicar em economias emergentes

AEI: Investimentos em energia limpa precisarão triplicar em economias emergentes.
Os investimentos anuais em energia limpa nas economias emergentes e em desenvolvimento precisarão mais do que triplicar de US$ 770 bilhões em 2022 para até US$ 2,8 trilhões no início da década de 2030 para atender às crescentes necessidades de energia, bem como alinhar-se com as metas climáticas estabelecidas no Acordo.

Economias emergentes precisarão de US$ 2,8 tri por ano para atingir metas ambientais, diz AIE.

Em 2022, foi estimado que os investimentos totais em energias renováveis para países emergentes foi de US$ 770 bilhões.

Economias emergentes precisarão de até US$ 2,8 trilhões por ano até 2030 para atingirem as metas ambientais estabelecidas pelo Acordo de Paris, disse a Agência Internacional de Energia (AIE) em relatório divulgado em 21/06/23.

Foi calculado que os investimentos totais em energias renováveis para países emergentes em 2022 foi de US$ 770 bilhões, montante que deve ser mais do que triplicado até 2030 para que as metas ambientais sejam atingidas.

Dois terços dos financiamentos para projetos de energia limpa em economias emergentes, fora da China, precisarão vir do setor privado, segundo o relatório, que calcula que o investimento no tema terá que saltar de US$ 135 bilhões por ano para até US$ 1,1 trilhão por ano nos próximos dez anos.

"O investimento precisa ir muito além da capacidade de financiamento público, tornando urgente aumentar o financiamento privado para projetos de energia limpa em economias emergentes e em desenvolvimento", disse o diretor-executivo da AIE, Fatih Birol, em comunicado à imprensa. "Existe um grande risco de muitos países ao redor do mundo ficarem para trás. O investimento é a chave para garantir que eles possam se beneficiar da nova economia global de energia”.

Além disso, o relatório ressalta que será necessário mais financiamento para novas tecnologias que ainda não estão sendo produzidas em escala em muitos lugares, bateria de longa duração, energia eólica, dessalinização com energia renovável ou hidrogênio de baixa emissão.

O relatório estima que serão necessários de US$ 80 bilhões a US$ 100 bilhões por ano em financiamentos de novas tecnologias até o início da década de 2030 para atrair investimentos privados na escala necessária para a transição energética em economias emergentes e em desenvolvimento. (globo)

Itaipu adotará ônibus elétrico para transportar funcionários

Itaipu vai adotar ônibus elétrico em transporte de funcionários.

Veículo será utilizado no transporte dos funcionários e permitirá estudo de viabilidade, permitindo e impulsionando a mobilidade sustentável.

A ideia é substituir um dos 21 ônibus da frota da Itaipu por um modelo elétrico. A adoção do ônibus elétrico permitirá à empresa avaliar o desempenho do veículo em termos de autonomia, eficiência energética e adaptação às necessidades dos empregados.
A Itaipu Binacional realizou em 21/06/2023, uma sessão pública do leilão eletrônico para contratação de serviço de transporte coletivo de empregados, colaboradores e atendimentos especiais, com uso de um ônibus elétrico. A ideia é substituir um dos 21 ônibus da frota da Itaipu por um modelo elétrico.

A adoção do ônibus elétrico permitirá à empresa avaliar o desempenho do veículo em termos de autonomia, eficiência energética e adaptação às necessidades dos empregados. Além disso, o estudo levará em consideração a infraestrutura de recarga necessária para suportar a frota de ônibus elétricos em potencial, incluindo as melhores práticas de implementação.

Itaipu vai adotar ônibus elétrico em transporte de funcionários.

De acordo com o diretor administrativo da Itaipu, Iggor Gomes Rocha, o objetivo da iniciativa é dar um claro sinal para a sociedade de que é possível, em pouco tempo, ter alternativas viáveis ao modelo atual e contribuir para a redução dos poluentes. E segundo ele, isso é também o papel de Itaipu. Essa iniciativa representa o primeiro passo em direção à implantação total de ônibus elétricos no transporte coletivo na empresa, alinhada às metas de sustentabilidade da empresa e às diretrizes do Governo Federal, que valoriza a transição para uma matriz energética mais limpa e a redução das emissões de carbono no setor de transportes.

Objetivo é substituir os veículos da frota por modelos elétricos.

Empresa Itaipu contrata ônibus elétrico para fazer transporte de funcionários.

Embora a transição completa para uma frota de ônibus elétricos possa levar algum tempo, em virtude da disponibilidade dos ônibus e da infraestrutura necessária, a introdução do primeiro veículo elétrico é uma iniciativa que está alinhada aos Princípios do Pacto Global da ONU. (canalenergia)

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Brasil será exportador de H2 verde

Brasil será exportador de H2 verde, indica Lula.
Presidente da República que o Brasil é o líder no processo de transição energética global.

Foi assim que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, definiu o papel do país nas discussões e ações para mitigar os efeitos das emissões de gases de efeito estufa. Para ele, o potencial do país é o maior do mundo e indicou que o país será exportador de hidrogênio verde para o mundo.

O Brasil está no centro da transição energética global. Foi assim que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, definiu o papel do país nas discussões e ações para mitigar os efeitos das emissões de gases de efeito estufa. Para ele, o potencial do país é o maior do mundo e indicou que o país será exportador de hidrogênio verde para o mundo.

“Vamos investir mais em eólica, em solar e continuar em biomassa. Vamos ser produtor de hidrogênio verde, porque o mundo está necessitando e o Brasil pode ser exportador para o mundo todo. Estamos no centro do mundo quando se discute a transição energética”, disse Lula em sua live “Conversa com o Presidente”, transmitida em 19/06/23, via internet.

O tema meio ambiente esteve presente na maior parte dos 30 minutos de duração da live. Entre os temas que foram abordados estavam a preservação da floresta e, claro, a matriz energética brasileira. Lula ressaltou que o tema será levado à Europa onde ele, que será um dos porta vozes de um evento a ser realizado sob a torre Eiffel, em Paris, discursará sobre a renovabilidade da matriz brasileira.

“Ninguém tem o direito de dar o palpite sobre energia para o Brasil, temos 87% da nossa energia elétrica de fonte renovável ante 27% no mundo e na matriz energética 50% no Brasil é renovável, no mundo é de 15%”, argumentou.

E essa tendência deverá continuar, disse, pois o Brasil pode melhorar ainda mais em decorrência das características naturais do país em termos de insolação, qualidade dos ventos e disponibilidade de áreas para a biomassa. Defendeu ainda que todos os seus ministros devem estar pelo país para colocar em ação as ações de cada ministério. (canalenergia)

Transição energética com decrescimento e consumo ético

O crescimento econômico contínuo e ilimitado e o modelo consumista que prevalece nos países ricos são insustentáveis, mesmo que os processos produtivos sejam baseados em energias renováveis – Enric Prat Carvajal.

“Os defensores do decrescimento se opõem ao crescimento econômico contínuo e ilimitado característico do capitalismo, porque consome incessantemente recursos naturais limitados e causa sérios danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas (polui, produz grandes quantidades de lixo e causa o aquecimento global do planeta). Mas entre eles expressaram-se duas opções diferentes: uma, o decrescimento econômico generalizado, e a outra, que combina um decrescimento seletivo, suprimindo ou reduzindo drasticamente alguns setores da economia, e um crescimento de setores econômicos orientado para o bem comum e para a preservação do ambiente”. A reflexão é de Enric Prat Carvajal, em artigo publicado por Sin Permiso, 11-06-2023.

Enric Prat Carvajal é historiador, professor do Barcelona Program for Interdisciplinary Studies (BaPIS) da Universidade Pompeu Fabra e membro do Conselho Editorial da revista Sin Permiso.

Um setor do ecologismo contempla a possibilidade de um crescimento econômico, embora baseado em energias renováveis. Ou seja, considera que é possível continuar crescendo economicamente substituindo as fontes de energia fóssil pelas renováveis. Por outro lado, outro setor do ecologismo defende que continuar crescendo de maneira permanente, mesmo com energias renováveis, é insustentável. Estas ideias divergentes não são novas. Elas remontam ao início dos anos 1970, quando o biólogo Barry Commoner (1917-2012) mostrou-se favorável ao crescimento econômico baseado em energias renováveis e na reciclagem dos metais, e o matemático e economista Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994) apresentava argumentos que demonstraram a inviabilidade e a inconveniência dessa perspectiva, enfatizando a escassez de materiais e o fato de que os metais utilizados na produção econômica são afetados, assim como a energia, pela segunda lei da termodinâmica ou lei da entropia.

Crescimento econômico baseado em energias renováveis?

Barry Commoner, em sua obra The Closing Circle, publicada em 1971, apontou que os recursos minerais são limitados e, portanto, não podem ser renovados, e que seu uso leva inevitavelmente à sua redução. Indicou que quando os combustíveis fósseis são usados, “a energia solar retida por eles há milhões de anos é irremediavelmente dissipada”. Ele também disse que depois de usados, os metais “podem ser usados novamente” porque “a matéria nunca é destruída”.

Ele acreditava que a reciclagem de metais poderia resolver o problema da sua escassez. Na sua opinião, “o esgotamento dos metais é determinado, mais do que pela quantidade de metal utilizada, pelo valor que lhe é atribuído e, consequentemente, pelo grau em que é reaproveitado”. No entanto, reconheceu que “qualquer utilização de um recurso metálico acarreta inevitavelmente algum desgaste de material, mesmo que seja apenas por fricção”, o que implica que “a disponibilidade deste recurso tende constantemente a diminuir”.

Em sua obra Making peace with the planet, publicada em 1990, Commoner afirmou que o limite global ao crescimento “não é determinado pela disponibilidade atual de recursos, mas por um limite distante da disponibilidade de energia solar”. Ele reconheceu que “há um potencial limite para o crescimento econômico devido às quantidades finitas” de recursos minerais, mas considerou que enquanto a matéria não for destruída, os recursos materiais “podem ser reciclados e reutilizados indefinidamente, desde que a energia necessária para coletá-los e refiná-los esteja disponível”. Portanto, “o limite último do crescimento econômico é imposto pela taxa na qual a energia solar renovável pode ser capturada e usada”.

Considerando “a extinção extremamente lenta do Sol, esse limite é regido apenas pela superfície finita da Terra, que determina quanto da energia emitida pelo Sol é realmente interceptada e pode, portanto, ser utilizada”. Commoner acrescentou: “Evidentemente, uma vez que certas partes da Terra são difíceis de alcançar ou inadequadas, nem toda a energia solar que incide sobre ela pode ser usada. Se, digamos, apenas 10% da energia solar total que atinge a crosta terrestre pudesse ser capturada, ainda seria possível aumentar nossa taxa atual de uso de energia em cem vezes antes de atingir o limite teórico do crescimento”. Portanto, “parece claro que atualmente não estamos nem perto do limite que a disponibilidade de energia solar acabará por impor à produção e ao crescimento econômico”.

Transição energética custará ao mundo US$ 35 trilhões até 2030.

Commoner argumentou que o problema não era o crescimento econômico em si, mas o tipo de crescimento que estava ocorrendo – Enric Prat Carvajal.

Como podemos ver, Commoner argumentou que o problema não era o crescimento econômico em si, mas o tipo de crescimento que estava ocorrendo. Sua opinião era de que a produção econômica poderia continuar crescendo sem prejudicar o meio ambiente se fosse baseada no uso da energia solar, renunciando ao uso dos combustíveis fósseis, e se os materiais fossem reciclados.

O matemático e economista Nicholas Georgescu–Roegen, autor de A lei da entropia e o problema econômico, livro publicado em 1971, partiu da consideração de que a produção econômica não precisa apenas de fontes de energia, mas também dos recursos minerais existentes na crosta terrestre, que são limitados. Criticou aqueles que consideram apenas a energia e ignoram a importância dos materiais na economia, afirmando que “o processo econômico continua precisando não apenas de energia, mas também de materiais”. Por outro lado, apontou que não se pode “manipular a energia sem um instrumento material, seja este receptor ou transmissor”. Ou seja, “o sistema econômico deve conter uma base material porque não podemos lidar com a energia sem a ajuda de um dispositivo ou suporte material”. Mas, além disso, afirmou que, quando usados em processos produtivos, os metais são afetados, assim como a energia, pela segunda lei da termodinâmica ou lei da entropia.

Tendo em conta que a Terra é um sistema aberto em energia porque recebe a energia do Sol e fechado em materiais porque só é viável utilizar os que existem na crosta terrestre, Georgescu-Roegen chegou à seguinte conclusão: “[…] não é o estoque finito de energia solar que impõe um limite ao tempo durante o qual a espécie humana pode sobreviver. Pelo contrário, é o escasso estoque de recursos terrestres que constitui a escassez crucial”. Ou seja, considerava que a principal escassez não seria a de energia, porque a energia solar está disponível, mas a de materiais.

Assim, a posição de Georgescu–Roegen, que via os limitados recursos materiais da Terra como um obstáculo ao crescimento econômico, contrasta com a de Barry Commoner, que era contrário aos limites ao crescimento e favorável a um crescimento econômico baseado em energias renováveis e na reciclagem de materiais.

Quais são os dados atuais sobre o esgotamento dos recursos minerais? Joaquim Sempere informou que o centro francês IDDRI (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais) calculou que, se os níveis de extração e as reservas atuais não mudarem, “haverá ferro para 70 anos; zinco, estanho, chumbo e cobre para menos de 35 anos; ouro e prata para 20 anos; cromo para 15 anos”. Alguns dos metais raros são de grande importância para a economia atual, como o lítio, que é usado em baterias elétricas, ou o nióbio e o tântalo, que são essenciais para os telefones celulares. Outro mineral raro são as chamadas terras raras, que são “de grande importância para a indústria eletrônica” e que são “obtidas quase exclusivamente de minas localizadas na República da China”.

Como indicou Ugo Bardi, é pouco provável que novos depósitos de minerais altamente concentrados sejam descobertos: “A crosta terrestre foi minuciosamente explorada e cavar mais fundo é provavelmente inútil, uma vez que os minerais são formados principalmente por processos hidrotermais que ocorrem próximo da superfície. O solo oceânico é geologicamente muito recente para conter minerais; apenas o fundo do mar perto dos continentes pode ser uma boa fonte de minerais”.

Crises e transição energética global pressionam Brasil a acelerar nova matriz energética.

A obtenção de energia solar pode estar condicionada porque os estoques na crosta terrestre dos materiais necessários para fabricar os dispositivos para captá-la, armazená-la e distribuí-la são limitados? Para responder a esta pergunta, deve-se levar em conta que para a produção dos painéis solares são necessários o silício e a prata. Pois bem, Antonio Turiel indicou que “a fabricação de painéis fotovoltaicos requer materiais raros”, como a prata, que “é necessária para as conexões com as células de silício”. Por isso, chega à conclusão de que “a escassez de prata”, que pode se esgotar em algumas décadas, “é um dos grandes fatores restritivos da tecnologia fotovoltaica”.

Uma das contribuições fundamentais de Georgescu-Roegen foi apontar as consequências para os processos produtivos que derivam da segunda lei da termodinâmica ou lei da entropia – Enric Prat Carvajal.

Uma das contribuições fundamentais de Georgescu–Roegen foi apontar as consequências para os processos produtivos que derivam da segunda lei da termodinâmica ou lei da entropia. A primeira lei da termodinâmica ou a lei da conservação da energia estabelece que a energia não é criada nem destruída, embora possa ser transformada em outra forma de energia (por exemplo, a energia mecânica pode ser convertida em energia elétrica e esta em energia térmica). A segunda lei da termodinâmica ou a lei da entropia afirma que, nesse processo de transformação, a energia é dissipada e não pode ser usada novamente.

Georgescu–Roegen explicou como esse fenômeno se dá no caso do carvão: “A energia se apresenta sob dois estados qualitativamente diferentes, a saber: a energia utilizável ou livre […] e a energia não utilizável ou presa, que o homem não pode absolutamente utilizar. A energia química contida num pedaço de carvão é energia livre, porque o ser humano pode transformá-la em calor ou […] em um trabalho mecânico”. “Quando queimamos um pedaço de carvão, a sua energia química não sofre diminuição ou aumento. Mas sua energia livre inicial se dissipou de tal maneira em forma de calor, de fumaça e de cinzas que o homem não pode mais utilizá-la. Ela se degradou em energia presa”. De acordo com Georgescu–Roegen, “a lei da entropia está na origem da escassez econômica”.

A reciclagem pode ser a solução para o esgotamento dos materiais? A resposta é que a reciclagem afasta seu esgotamento, mas não o resolve. Os materiais não podem ser reciclados permanentemente porque, como Georgescu–Roegen apontou, eles também são afetados pela lei da entropia: “Tudo ao nosso redor está continuamente enferrujando, trincando, sendo erodido pelo vento e pela água, etc.”. “O fato de a reciclagem não ser completa demonstra que a matéria, assim como a energia, se dissipa de maneira contínua e irrevogável. A matéria não é perdida. Em última análise, torna-se apenas não utilizável para nós. Para resumir, a matéria também está sujeita à degradação entrópica”.

Decrescimento generalizado ou seletivo?

Levando em consideração o que foi exposto acima, parece claro que o crescimento econômico contínuo e ilimitado e o modelo consumista que prevalece nos países ricos são insustentáveis, mesmo que os processos produtivos sejam baseados em energias renováveis. Os limitados recursos naturais de que o planeta dispõe e o esgotamento conjunto dos combustíveis fósseis, do urânio e dos metais, que poderá ocorrer durante o século XXI, obrigam a uma redução drástica do consumo de energia, materiais e produtos, o que deverá implicar uma maior eficiência energética, mobilidade sustentável, decrescimento da esfera material da economia e um consumo crítico, responsável e justo.

O crescimento econômico contínuo e ilimitado e o modelo consumista que prevalece nos países ricos são insustentáveis, mesmo que os processos produtivos sejam baseados em energias renováveis – Enric Prat Carvajal.

Os defensores do decrescimento se opõem ao crescimento econômico contínuo e ilimitado característico do capitalismo, porque consome incessantemente recursos naturais limitados e causa sérios danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas (polui, produz grandes quantidades de lixo e causa o aquecimento global do planeta). Mas entre eles expressaram-se duas opções diferentes: uma, o decrescimento econômico generalizado, e a outra, que combina um decrescimento seletivo, suprimindo ou reduzindo drasticamente alguns setores da economia (extração de carvão, petróleo, gás e urânio, indústrias armamentista, aeronáutica e da automação individual, transporte rodoviário de mercadorias…), e um crescimento de setores econômicos orientado para o bem comum e para a preservação do ambiente (energia solar e eólica, serviços de saúde e educação, transportes coletivos…). No entanto, todos os defensores do decrescimento, nas suas diversas variantes, asseguram que a sua opção não comportará um aumento do desemprego, caso a jornada de trabalho for reduzida e o trabalho existente for distribuído. De qualquer forma, vale a pena conhecer mais as ideias e propostas dos autores que de maneira mais lúcida defenderam o decrescimento, destacando entre eles André Gorz e Serge Latouche.

André Gorz apontou que a ideia do decrescimento “indica a direção que precisamos seguir e nos convida a imaginar como viver melhor consumindo e trabalhando menos e de outra forma”. Na sua opinião, “podemos viver melhor trabalhando e consumindo menos, mas com a condição de produzir coisas mais duráveis”. Em uma de suas principais obras, Capitalismo, socialismo, ecologismo, ele tratou mais amplamente de sua concepção de decrescimento: “O significado da racionalidade ecológica pode ser resumido no slogan menos, mas melhor. Seu objetivo é uma sociedade em que as pessoas vivam melhor trabalhando e consumindo menos. A modernização ecológica exige que os investimentos não favoreçam mais o crescimento da economia, mas justamente o seu decrescimento, ou seja, a redução do escopo regido pela racionalidade econômica no sentido moderno. Não pode haver modernização ecológica se não houver restrição da dinâmica da acumulação capitalista, nem sem redução do consumo mediante a autolimitação”.

Serge Latouche especificou que “o decrescimento só pode ser considerado em uma sociedade de decrescimento, ou seja, no quadro de um sistema baseado em outra lógica” e “seu objetivo é uma sociedade em que as pessoas vivam melhor, trabalhem e consumam menos”. Ele reconheceu que “o projeto de decrescimento é […] uma utopia, isto é, um gerador de esperanças e sonhos”, mas que, “longe de se refugiar no irreal, procura explorar as possibilidades objetivas de colocá-lo em prática”. De fato, Latouche esboçou “os contornos do que poderia ser uma sociedade de não crescimento”, formulando “oito objetivos interdependentes capazes de ativar um círculo virtuoso de decrescimento sereno, amigável e sustentável: reavaliar, reconceituar, reestruturar, redistribuir, relocalizar, reduzir, reutilizar e reciclar”. Na sua opinião, essas “oito mudanças interdependentes que se reforçam mutuamente” “são capazes de desencadear um processo de decrescimento sereno, convivial e sustentável”, o que significaria uma transformação revolucionária para uma “sociedade autônoma de decrescimento”.

Aqueles que defendem o decrescimento tendem a enfatizar a necessidade de uma mudança nos valores e nos comportamentos, reduzindo drasticamente o enorme consumo de recursos naturais e produtos não essenciais e levando um estilo de vida sóbrio, frugal e austero. Latouche acredita que a saída do crescimento pode ser “uma sociedade sem crescimento, com menos bens materiais, mas mais relações”.

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Consumo crítico, responsável e justo

É óbvio que as necessidades básicas das pessoas devem ser atendidas (alimentação, vestuário, calçado, habitação, abastecimento de água e eletricidade, transporte público, saúde, educação…), mas também é evidente a necessidade de uma mudança em determinados estilos de vida, descartando os consumistas. Por outro lado, conviria generalizar socialmente uma ética do consumo ou um consumo com valores éticos, o que deveria supor um consumo crítico, responsável e justo, praticado de maneira individual e coletiva.

Seria de bom grado generalizar socialmente uma ética do consumo ou um consumo com valores éticos, o que deveria supor um consumo crítico, responsável e justo, praticado de maneira individual e coletiva – Enric Prat Carvajal.

Do ponto de vista do consumo crítico, deve-se questionar o porquê de se querer adquirir determinados produtos, para tentar saber se são necessários ou se a sua aquisição se deve à publicidade, ao desejo de ostentar publicamente um padrão econômico elevado, à inclinação para imitar outras pessoas ou a um consumismo doentio. Os consumidores críticos devem se informar sobre o conteúdo e a qualidade dos produtos, para tentar evitar comprar aqueles com obsolescência programada e poder optar por aqueles que são duráveis e de qualidade. Também deveriam exigir os direitos dos consumidores, atuais e futuros, e exigir que os vendedores se comportem de maneira honesta e responsável. A partir do consumo crítico, deve-se incentivar as associações de consumidores a exigir “qualidade nos produtos, preços justificados, bom serviço, transparência e comunicação adequadas, incluindo o respeito pelo ambiente”.

O consumo responsável deve dispor de informação verídica sobre os produtos que se pretende consumir, para saber o seu impacto nos trabalhadores que os produziram, no ambiente e na saúde de quem os consome. Também deveria descobrir como foi produzido, especialmente com quais energias e materiais e sob quais condições de trabalho. A finalidade é poder rejeitar de maneira responsável a compra de produtos que tenham sido produzidos com trabalho análogo à escravidão ou de extrema precariedade laboral e em ambientes perigosos e tóxicos, bem como aqueles que agridem o meio ambiente ou a saúde dos consumidores. O consumo responsável deveria implicar em consumir de forma a não impactar negativamente o meio ambiente ou contribuir para a violação dos direitos de outros animais. Em suma, um consumo justo deve significar, como apontou Adela Cortina, “consumir de tal maneira que sua norma possa ser universalizável sem colocar em risco a manutenção da natureza”. Portanto, o consumo justo deve renunciar a modelos de consumo que não possam ser generalizados para toda a humanidade.

Para que esta ética do consumo se estenda socialmente, faz-se necessária uma revolução nos valores e nos comportamentos das pessoas, que permita erradicar os hábitos e estilos de vida consumistas, que vise reduzir drasticamente o consumo de energia, materiais e produtos, que reutilize, recicle e repare materiais, enfim, que promova uma vida frugal, sóbria e austera, na convicção de que se pode viver bem consumindo menos. Uma revolução de valores e comportamentos que dê menos importância ao ter (dinheiro e bens materiais) e mais importância ao ser (praticar a generosidade, cultivar relações de amizade e familiares, levar ritmos de vida e trabalho não estressantes, consumir com responsabilidade, optar pela mobilidade sustentável, dedicar mais tempo ao lazer e à cultura, contribuir para o bem comum, cuidar de pessoas com dependências…).

Trata-se de configurar um conceito diferente de qualidade de vida, não associado ao consumo, mas a outros fatores como amar e ser amado, desfrutar de um ambiente saudável… – Enric Prat Carvajal

Trata-se de configurar um conceito diferente de qualidade de vida, não associado ao consumo, mas a outros fatores como amar e ser amado, desfrutar de um ambiente saudável, realizar um trabalho satisfatório, ter tempo livre suficiente, passear, praticar esportes, ouvir música, ler livros, estudar, realizar atividades artísticas e culturais, manter boas relações com familiares e amigos.

Trabalhar muitas horas, com estresse e insatisfação, consumir compulsivamente nos momentos de lazer e dormir poucas horas, mal e à base de remédios leva a um “apocalipse” pessoal e coletivo. Para desenvolver um estilo de vida equilibrado e satisfatório, é necessário ter um trabalho adaptado às habilidades e aos gostos pessoais, reduzir o tempo de trabalho, consumir de forma crítica, responsável e justa, realizar atividades de lazer satisfatórias e dormir horas suficientes, bem e sem precisar recorrer ao uso de medicamentos. (ecodebate)

Petrobras assina convenio para avançar em eólica offshore

Protocolo de intenções marca a retomada da relação com a petroleira com o ISI-ER e prevê também o centro de pesquisas e a elaboração de um atlas com os potenciais eólico e solar do Amapá.

A Petrobras assinou um protocolo de intenções com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) e o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) visando o estudo e análises do potencial eólico offshore na Margem Equatorial Brasileira. A iniciativa, que congrega R$ 5 milhões em investimentos, contempla esforços da companhia em energia renováveis descarbonização e transição energética, estabelecendo ainda o compromisso da criação de um Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) de referência para pesquisa e desenvolvimento desses setores.

“É um dia histórico e esse convênio vem na intenção de voltar ao tempo e recuperar a relação da Petrobras e SENAI, com a ideia de criar um ecossistema com pessoas falando e tratando sobre eólica offshore por meio de ciência, medição, previsão de potencial para os investidores e a necessidade de definição de uma lei”, destacou o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, durante a cerimônia que marcou o acordo.

Segundo o executivo, uma equipe de offshore da petroleira fica sediada no Rio Grande do Norte a partir 19/06/23. Além dos novos estudos, também é previsto a perfuração de mais dois poços de petróleo no estado ainda nesse ano. O potencial brasileiro eólico é estimado em 700 GW em locações offshore com baixa profundidade, volume que corresponde a mais de 30 vezes a capacidade de geração instalada atualmente no mundo, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

“Hoje a lei só fala em titularidade do espaço marítimo, mas para usar esses bens será preciso uma lei federal, não dá pra fazer por decreto”, complementa Prates. No caso o projeto prevê a identificação das melhores áreas de potencial eólico para fomentar o desenvolvimento de projetos de usinas, auxiliando os fabricantes de equipamentos a dimensionarem aerogeradores, torres e fundações adequados ao perfil de vento do país.

Acordo marca retomada de parceria da Petrobras e do SENAI no Rio Grande do Norte.

Os trabalhos incluem medições de velocidade e direção dos ventos em pontos estratégicos e equipamentos instalados a uma altura superior a 200 metros, além do o mapeamento de áreas para projetos entre Oiapoque (AP) até Fernando de Noronha (PE), com a instalação de sete Lidars, dois Sodars, e sete estações meteorológicas específicas no Amapá, que contará também com a elaboração de um Atlas com os potenciais fotovoltaicos. As aquisições e comissionamento dos equipamentos e das estações que irão trabalhar com a área também já foram efetuadas.

“Não serão só modelagens mas também simulações”, complementa o diretor do ISI-ER, Rodrigo Diniz de Mello, citando um potencial líquido já mapeado de 51 GW para a fonte até 50 km da costa potiguar, e lembrando que a Europa já produz energia com turbinas distantes a até 120 km da costa.

Investimentos

Por sua vez, Jean Paul Prates ressaltou que esse volume em potencial deverá ser confirmado pelos estudos, e que utilizando como base de cálculo R$ 6 milhões por MW como estimativa, os investimentos começam em R$ 300 bilhões para até 700 bilhões, algo projetado ao longo de aproximadamente 30 anos. O RN lidera a geração de energia eólica em terra no país e é um dos que mais têm investimentos programados, inclusive no offshore, com os primeiros projetos à espera de licenciamento. A área total inserida no levantamento corresponde a 38,6% do litoral brasileiro e também inclui os estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Amapá.

A governadora do estado, Fátima Bezerra, destacou no evento que de 929 parques eólicos no país, 826 estão no Nordeste e 247 em solo potiguar, atingindo atuais 7,8 GW e com perspectivas promissoras de chegar a 13 GW nos próximos três anos, através de uma carteira de aportes privados na ordem de R$ 33 bilhões, dentro de R$ 120 bilhões contratados pelo Nordeste.

“Pedi prioridades ao governo Lula e entre elas a realização de leilões para essa energia e tenho expectativa de que nos próximos dias uma medida provisória apareça para permitir a expansão das linhas para escoamento dessa energia”, comentou Bezerra, lembrando que cinco multinacionais já possuem memorandos de entendimento para o projeto de estado verde do RN.

Empresas de óleo e gás conferem competitividade adicional pela sinergia de infraestrutura.

Questionado sobre o preço da energia, o diretor de Sustentabilidade e Transição Energética da Petrobras, Maurício Tolmasquim, lembra que no primeiro leilão de eólica, em 2019, a contratação aconteceu por US$ 85 o MWh e o último foi de US$ 30 o MWh, tendo já sido de US$ 17 antes da crise logística e de suprimentos, e que em 2009 lhe perguntavam a mesma questão, afirmando que a tendência é os preços diminuírem ao longo dos anos.

“Fazer estratégias e políticas para o país significa olhar além de hoje e daqui alguns anos a eólica offshore será produzida a um preço muito mais baixo do que é praticado hoje, mas é preciso ter visão e acreditar”, pontua.

O especialista também ponderou que apesar do potencial ainda onshore, cada vez mais os aerogeradores são maiores e a ponta da evolução tecnológica aponta para o mar, necessitando para isso conhecer e estudar os potenciais brasileiros, que possui uma expertise no ambiente marinho, com o setor óleo e gás tendo semelhanças e sinergias na infraestrutura para exploração.

Jean Paul Prates ainda salientou que esse novo negócio tem uma O&M mais simples do que as plataformas de petróleo, que possuem pessoas morando ou trânsito de fluidos e gases inflamáveis, sendo uma indústria limpa e bem mais leve em termos de segurança e automação. Já os projetos pilotos iniciados em outras épocas serão retomados, mas agora em outro patamar tecnológico.

“O que queremos fazer é uma prioridade para os agentes que já possuem blocos exploratórios de petróleo do mar. Fora essas áreas terá que ser feitos leilões ou autorizações diretas”, aponta, citando que a petroleira possui instalações de medição e plataformas dormentes no RN e Ceará, vendo uma vantagem competitiva em relação a esse mercado e também ao hidrogênio no futuro. (canalenergia)