Essas são algumas das
conclusões do estudo “Biofuels in Emerging Markets: Potential for sustainable
production and consumption”, produzido pelo Programa FAPESP de Pesquisa em
Bioenergia (Bioen) como parte das suas atividades em cooperação com a força-tarefa
de descarbonização do transporte da Agência Internacional de Energia (IEA).
Os dados foram apresentados durante seminário on-line promovido pelo programa IEA Bioenergy e pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), ocorrido nos dias 22 e 23 de maio.
“Avaliamos as opções para o aumento da produção de biocombustíveis em mercados emergentes da América Latina e identificamos que a conversão de pequenas áreas de pastagens, entre 0,1% e 10%, poderia ser suficiente para dobrar a produção de biocombustíveis. Esse aumento na produção é bem-vindo, uma vez que a demanda também é alta”, afirmou a professora Glaucia Mendes Souza, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP). Ela também é membro da coordenação do Bioen.
Além disso, se os créditos
equivalentes a 1 tonelada de emissões de dióxido de carbono evitadas fossem
vendidos a US$ 10, por exemplo, produtores de biocombustíveis da América Latina
poderiam adicionar US$ 600 milhões por ano aos seus lucros, valor baseado na
produção desses países de 2019. “Isso poderia estimular inovação e novos usos
para a biomassa”, contou a pesquisadora.
O estudo mostra ainda que políticas públicas voltadas a uma economia de baixo carbono deveriam ser consideradas para estimular a produção de biocombustíveis e recompensar o esforço atual alcançado por essa fonte energética, que está reduzindo 63,8 milhões de toneladas de carbono equivalente por ano nos quatro países do estudo. Tanto o etanol quanto o biodiesel, aponta o trabalho, são economicamente viáveis, mesmo que altamente sensíveis aos preços das matérias-primas.
Recomendações
O documento ressalta que uma
produtividade maior tem alto impacto nas emissões e pode aliviar a demanda por
terra. Por isso, pesquisas voltadas à intensificação da produção e à redução
das emissões devem ser estimuladas, recomendam os autores. A diversificação do
portfólio e novos modelos de negócio no setor sucroenergético e de outros
biocombustíveis (biogás, captura e uso de carbono, bioprodutos) podem ainda
estimular inovação e robustez econômica, aponta o documento.
Os autores lembram que as plantas de produção de etanol poderiam estar exportando 25,9 terawatts de eletricidade à rede, mas investimentos para aumentar a eficiência energética devem ser considerados. Essas unidades, que realizam a chamada cogeração, poderiam aumentar o uso da palha da cana e de variedades desenvolvidas para a geração de energia, a fim de elevar a eficiência, os lucros e reduzir as emissões.
Por fim, o estudo sugere que o hidrogênio verde produzido a partir do etanol pode ser uma alternativa interessante à eletrificação dos veículos, usando a estrutura de reabastecimento já existente. (biodieselbr)
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