quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Petrobras assina convenio para avançar em eólica offshore

Protocolo de intenções marca a retomada da relação com a petroleira com o ISI-ER e prevê também o centro de pesquisas e a elaboração de um atlas com os potenciais eólico e solar do Amapá.

A Petrobras assinou um protocolo de intenções com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) e o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) visando o estudo e análises do potencial eólico offshore na Margem Equatorial Brasileira. A iniciativa, que congrega R$ 5 milhões em investimentos, contempla esforços da companhia em energia renováveis descarbonização e transição energética, estabelecendo ainda o compromisso da criação de um Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) de referência para pesquisa e desenvolvimento desses setores.

“É um dia histórico e esse convênio vem na intenção de voltar ao tempo e recuperar a relação da Petrobras e SENAI, com a ideia de criar um ecossistema com pessoas falando e tratando sobre eólica offshore por meio de ciência, medição, previsão de potencial para os investidores e a necessidade de definição de uma lei”, destacou o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, durante a cerimônia que marcou o acordo.

Segundo o executivo, uma equipe de offshore da petroleira fica sediada no Rio Grande do Norte a partir 19/06/23. Além dos novos estudos, também é previsto a perfuração de mais dois poços de petróleo no estado ainda nesse ano. O potencial brasileiro eólico é estimado em 700 GW em locações offshore com baixa profundidade, volume que corresponde a mais de 30 vezes a capacidade de geração instalada atualmente no mundo, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

“Hoje a lei só fala em titularidade do espaço marítimo, mas para usar esses bens será preciso uma lei federal, não dá pra fazer por decreto”, complementa Prates. No caso o projeto prevê a identificação das melhores áreas de potencial eólico para fomentar o desenvolvimento de projetos de usinas, auxiliando os fabricantes de equipamentos a dimensionarem aerogeradores, torres e fundações adequados ao perfil de vento do país.

Acordo marca retomada de parceria da Petrobras e do SENAI no Rio Grande do Norte.

Os trabalhos incluem medições de velocidade e direção dos ventos em pontos estratégicos e equipamentos instalados a uma altura superior a 200 metros, além do o mapeamento de áreas para projetos entre Oiapoque (AP) até Fernando de Noronha (PE), com a instalação de sete Lidars, dois Sodars, e sete estações meteorológicas específicas no Amapá, que contará também com a elaboração de um Atlas com os potenciais fotovoltaicos. As aquisições e comissionamento dos equipamentos e das estações que irão trabalhar com a área também já foram efetuadas.

“Não serão só modelagens mas também simulações”, complementa o diretor do ISI-ER, Rodrigo Diniz de Mello, citando um potencial líquido já mapeado de 51 GW para a fonte até 50 km da costa potiguar, e lembrando que a Europa já produz energia com turbinas distantes a até 120 km da costa.

Investimentos

Por sua vez, Jean Paul Prates ressaltou que esse volume em potencial deverá ser confirmado pelos estudos, e que utilizando como base de cálculo R$ 6 milhões por MW como estimativa, os investimentos começam em R$ 300 bilhões para até 700 bilhões, algo projetado ao longo de aproximadamente 30 anos. O RN lidera a geração de energia eólica em terra no país e é um dos que mais têm investimentos programados, inclusive no offshore, com os primeiros projetos à espera de licenciamento. A área total inserida no levantamento corresponde a 38,6% do litoral brasileiro e também inclui os estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Amapá.

A governadora do estado, Fátima Bezerra, destacou no evento que de 929 parques eólicos no país, 826 estão no Nordeste e 247 em solo potiguar, atingindo atuais 7,8 GW e com perspectivas promissoras de chegar a 13 GW nos próximos três anos, através de uma carteira de aportes privados na ordem de R$ 33 bilhões, dentro de R$ 120 bilhões contratados pelo Nordeste.

“Pedi prioridades ao governo Lula e entre elas a realização de leilões para essa energia e tenho expectativa de que nos próximos dias uma medida provisória apareça para permitir a expansão das linhas para escoamento dessa energia”, comentou Bezerra, lembrando que cinco multinacionais já possuem memorandos de entendimento para o projeto de estado verde do RN.

Empresas de óleo e gás conferem competitividade adicional pela sinergia de infraestrutura.

Questionado sobre o preço da energia, o diretor de Sustentabilidade e Transição Energética da Petrobras, Maurício Tolmasquim, lembra que no primeiro leilão de eólica, em 2019, a contratação aconteceu por US$ 85 o MWh e o último foi de US$ 30 o MWh, tendo já sido de US$ 17 antes da crise logística e de suprimentos, e que em 2009 lhe perguntavam a mesma questão, afirmando que a tendência é os preços diminuírem ao longo dos anos.

“Fazer estratégias e políticas para o país significa olhar além de hoje e daqui alguns anos a eólica offshore será produzida a um preço muito mais baixo do que é praticado hoje, mas é preciso ter visão e acreditar”, pontua.

O especialista também ponderou que apesar do potencial ainda onshore, cada vez mais os aerogeradores são maiores e a ponta da evolução tecnológica aponta para o mar, necessitando para isso conhecer e estudar os potenciais brasileiros, que possui uma expertise no ambiente marinho, com o setor óleo e gás tendo semelhanças e sinergias na infraestrutura para exploração.

Jean Paul Prates ainda salientou que esse novo negócio tem uma O&M mais simples do que as plataformas de petróleo, que possuem pessoas morando ou trânsito de fluidos e gases inflamáveis, sendo uma indústria limpa e bem mais leve em termos de segurança e automação. Já os projetos pilotos iniciados em outras épocas serão retomados, mas agora em outro patamar tecnológico.

“O que queremos fazer é uma prioridade para os agentes que já possuem blocos exploratórios de petróleo do mar. Fora essas áreas terá que ser feitos leilões ou autorizações diretas”, aponta, citando que a petroleira possui instalações de medição e plataformas dormentes no RN e Ceará, vendo uma vantagem competitiva em relação a esse mercado e também ao hidrogênio no futuro. (canalenergia)

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