A Petrobras assinou um
protocolo de intenções com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte
(FIERN) e o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) visando
o estudo e análises do potencial eólico offshore na Margem Equatorial Brasileira.
A iniciativa, que congrega R$ 5 milhões em investimentos, contempla esforços da
companhia em energia renováveis descarbonização e transição energética,
estabelecendo ainda o compromisso da criação de um Instituição de Ciência e
Tecnologia (ICT) de referência para pesquisa e desenvolvimento desses setores.
“É um dia histórico e esse
convênio vem na intenção de voltar ao tempo e recuperar a relação da Petrobras
e SENAI, com a ideia de criar um ecossistema com pessoas falando e tratando
sobre eólica offshore por meio de ciência, medição, previsão de potencial para
os investidores e a necessidade de definição de uma lei”, destacou o presidente
da petroleira, Jean Paul Prates, durante a cerimônia que marcou o acordo.
Segundo o executivo, uma
equipe de offshore da petroleira fica sediada no Rio Grande do Norte a partir 19/06/23. Além dos novos estudos, também é previsto a
perfuração de mais dois poços de petróleo no estado ainda nesse ano. O
potencial brasileiro eólico é estimado em 700 GW em locações offshore com baixa
profundidade, volume que corresponde a mais de 30 vezes a capacidade de geração
instalada atualmente no mundo, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética
(EPE).
“Hoje a lei só fala em titularidade do espaço marítimo, mas para usar esses bens será preciso uma lei federal, não dá pra fazer por decreto”, complementa Prates. No caso o projeto prevê a identificação das melhores áreas de potencial eólico para fomentar o desenvolvimento de projetos de usinas, auxiliando os fabricantes de equipamentos a dimensionarem aerogeradores, torres e fundações adequados ao perfil de vento do país.
Acordo marca retomada de parceria da Petrobras e do SENAI no Rio Grande do Norte.
Os trabalhos incluem medições
de velocidade e direção dos ventos em pontos estratégicos e equipamentos
instalados a uma altura superior a 200 metros, além do o mapeamento de áreas
para projetos entre Oiapoque (AP) até Fernando de Noronha (PE), com a
instalação de sete Lidars, dois Sodars, e sete estações meteorológicas
específicas no Amapá, que contará também com a elaboração de um Atlas com os
potenciais fotovoltaicos. As aquisições e comissionamento dos equipamentos e
das estações que irão trabalhar com a área também já foram efetuadas.
“Não serão só modelagens mas também simulações”, complementa o diretor do ISI-ER, Rodrigo Diniz de Mello, citando um potencial líquido já mapeado de 51 GW para a fonte até 50 km da costa potiguar, e lembrando que a Europa já produz energia com turbinas distantes a até 120 km da costa.
Investimentos
Por sua vez, Jean Paul Prates
ressaltou que esse volume em potencial deverá ser confirmado pelos estudos, e
que utilizando como base de cálculo R$ 6 milhões por MW como estimativa, os
investimentos começam em R$ 300 bilhões para até 700 bilhões, algo projetado ao
longo de aproximadamente 30 anos. O RN lidera a geração de energia eólica em
terra no país e é um dos que mais têm investimentos programados, inclusive no
offshore, com os primeiros projetos à espera de licenciamento. A área total
inserida no levantamento corresponde a 38,6% do litoral brasileiro e também
inclui os estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Amapá.
A governadora do estado,
Fátima Bezerra, destacou no evento que de 929 parques eólicos no país, 826
estão no Nordeste e 247 em solo potiguar, atingindo atuais 7,8 GW e com
perspectivas promissoras de chegar a 13 GW nos próximos três anos, através de
uma carteira de aportes privados na ordem de R$ 33 bilhões, dentro de R$ 120
bilhões contratados pelo Nordeste.
“Pedi prioridades ao governo Lula e entre elas a realização de leilões para essa energia e tenho expectativa de que nos próximos dias uma medida provisória apareça para permitir a expansão das linhas para escoamento dessa energia”, comentou Bezerra, lembrando que cinco multinacionais já possuem memorandos de entendimento para o projeto de estado verde do RN.
Empresas de óleo e gás conferem competitividade adicional pela sinergia de infraestrutura.
Questionado sobre o preço da energia,
o diretor de Sustentabilidade e Transição Energética da Petrobras, Maurício
Tolmasquim, lembra que no primeiro leilão de eólica, em 2019, a contratação
aconteceu por US$ 85 o MWh e o último foi de US$ 30 o MWh, tendo já sido de US$
17 antes da crise logística e de suprimentos, e que em 2009 lhe perguntavam a
mesma questão, afirmando que a tendência é os preços diminuírem ao longo dos
anos.
“Fazer estratégias e
políticas para o país significa olhar além de hoje e daqui alguns anos a eólica
offshore será produzida a um preço muito mais baixo do que é praticado hoje,
mas é preciso ter visão e acreditar”, pontua.
O especialista também
ponderou que apesar do potencial ainda onshore, cada vez mais os aerogeradores
são maiores e a ponta da evolução tecnológica aponta para o mar, necessitando
para isso conhecer e estudar os potenciais brasileiros, que possui uma
expertise no ambiente marinho, com o setor óleo e gás tendo semelhanças e
sinergias na infraestrutura para exploração.
Jean Paul Prates ainda salientou que esse novo negócio tem uma O&M mais simples do que as plataformas de petróleo, que possuem pessoas morando ou trânsito de fluidos e gases inflamáveis, sendo uma indústria limpa e bem mais leve em termos de segurança e automação. Já os projetos pilotos iniciados em outras épocas serão retomados, mas agora em outro patamar tecnológico.
“O que queremos fazer é uma prioridade para os agentes que já possuem blocos exploratórios de petróleo do mar. Fora essas áreas terá que ser feitos leilões ou autorizações diretas”, aponta, citando que a petroleira possui instalações de medição e plataformas dormentes no RN e Ceará, vendo uma vantagem competitiva em relação a esse mercado e também ao hidrogênio no futuro. (canalenergia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário