Alemanha quer 1 milhão de carros elétricos
até 2020, mas enfrenta entraves
Resistência de
montadoras e consumidores, altos custos e falta de infraestrutura para recarga
de automóveis ameaçam meta alemã de popularizar automóveis elétricos, que
governo Angela Merkel garante que será cumprida.
Dos 43 milhões de
carros que circulam hoje na Alemanha, apenas 7 mil são elétricos. Mas o governo
garante que, até 2020, eles serão um milhão – um objetivo, segundo
especialistas, difícil de ser alcançado, mas que a chanceler federal Angela
Merkel reiterou em 27/05/13 ser possível.
Merkel participou
em Berlim, de uma conferência sobre o futuro dos automóveis
elétricos na Alemanha, que contou com a participação de alguns de seus
ministros e de parte da indústria automobilística. Nela, reafirmou que o país
“tem boas chances” de alcançar a meta, mas disse ser necessária uma “cooperação
abrangente” entre governo e montadoras.
Para os consumidores
convencionais na Alemanha, os carros elétricos ainda trazem muitas
desvantagens: a autonomia é limitada, existem apenas cerca de 2 mil estações de
recarga públicas no país, e nem todo mundo pode recarregar o veículo na garagem
de casa. Além disso, o preço é alto. Um carro elétrico custa aproximadamente
50% mais que um veículo com motor de combustão, como explica Stefan Bratzel,
diretor do instituto alemão Centro de Gestão Automotiva.
“Quase ninguém quer
pagar essa diferença de preço. Ela precisa acabar nos próximos anos”, afirma
Bratzel. “Hoje, carros elétricos na Alemanha são parte de frota de companhias
ou projetos de compartilhamento de carros, também chamado de carsharing. Apenas
uma pequena parte dos elétricos que rodam na Alemanha está nas mãos de
motoristas privados.”
Para o diretor da
Associação da Indústria Automotiva Alemã (VDA), Ulrich Eichhorn, o fato de os
carros serem menos vendidos hoje em dia tem a ver com a falta de uma oferta
ampla e mais convincente.
“Mas isso vai mudar
drasticamente nos próximos anos”, afirma. “Até o final de 2014, haverá uma
oferta de 16 fabricantes de veículos alemães, além de vários carros elétricos
de fabricação estrangeira.”
Japão lidera
Do ponto de vista
tecnológico, o Japão ainda sai na frente como principal fabricante, seguido
pela Coreia do Sul. Os dados são de um novo estudo realizado pela consultoria
Roland Berger e Sociedade de Pesquisa de Engenharia Automotiva. Consequentemente,
o desenvolvimento de tecnologia de baterias partirá quase que exclusivamente
desses dois países. A Alemanha assumiria apenas um pequeno papel, diz o estudo.
“Eu tenho uma opinião
similar”, diz Bratzel. “Japão e Coreia têm anos de experiência no setor de
baterias em função dos bens de consumo locais e das indústrias de eletrônicos.”
Até que as baterias
se tornem mais baratas e mais potentes, os carros elétricos continuarão tendo o
posto de segundo veículo para os consumidores, analisa Bratzel. Por outro lado,
a VDA tenta mostrar, com um novo estudo, que os carros elétricos são
economicamente viáveis não só para os serviços de entrega e frotas
corporativas, mas também para quem costuma percorrer longos trajetos com
frequência.
Mas a venda tímida de
carros elétricos, afirma Eichhorn, não significa que a tecnologia não tenha
futuro. “Se alguém se concentrasse na quantidade de celulares que existiam no
início dos anos de 1980, não conseguiria imaginar que, hoje em dia, qualquer um
teria um telefone móvel.”
700 milhões em
incentivo
A Alemanha vai
conceder cerca de 700 milhões de euros em incentivos fiscais para a promoção da
mobilidade elétrica até 2015. Os maiores investimentos estão concentrados nas
áreas de pesquisas e em projetos regionais. Além disso, está previsto
abatimento de imposto para carros elétricos.
Por causa do alto
índice de endividamento, afirma Bratzel, o conceito de incentivos fiscais de
compras se torna questionável. “O método não tem feito com que a mobilidade
elétrica aumente na maioria dos países”, opina.
A indústria
automobilística alemã também não vê grandes progressos no sistema de compras –
e o motivo, segundo especialistas, seria que fabricantes alemães oferecem menos
modelos elétricos do que países estrangeiros. “Empresas precisam convencer os
compradores de que o produto é atraente. Assim, ele seria vendido até mesmo sem
incentivo fiscal”, disse Eichhorn.
No ano passado, o
Japão levou cerca de 24 mil carros elétricos às ruas, enquanto a Alemanha ficou
na casa dos 7.000. O objetivo de ter um milhão de veículos elétricos nas
estradas alemãs dentro de sete anos enfrenta uma série de obstáculos – e a
própria associação automotiva VDA espera, num cenário otimista, a
comercialização de apenas 600 mil até lá. (EcoDebate)
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