Modelo elétrico tem comandos divertidos e é
extremamente confortável. No entanto, se viável no Brasil, carro não custará
menos de R$ 80 mil.
Trazer um carro elétrico para o
Brasil de forma viável, para a Nissan, significa
comercializar o Leaf (folha, em inglês) por preços entre R$ 80 mil e R$ 110
mil. Por esse motivo, o presidente da companhia no Brasil, Christian Meunier,
desconsidera as vendas do modelo tão cedo por aqui. Apesar da falta de
competitividade no preço, o modelo virou arma de marketing da companhia japonesa,
que promove diversas ações com o elétrico para fortalecer a imagem da marca no
mercado brasileiro. Entre elas, está a disponibilidade de qualquer consumidor
dirigir a novidade.
A Nissan trouxe uma frota de dez
unidades do Leaf – e também do compacto March - para ser mostrada ao público no
chamado Nissan Inova Show (evento que promete levar a “experiência da marca”
para mais de 100 mil pessoas, em 30 cidades brasileiras), mas também para
provar ao governo brasileiro a viabilidade da tecnologia. Juntando esses dois
“públicos”, o objetivo da montadora é um só: fazer com que a opinião pública
ajude a convencer o governo de proporcionar incentivos para a comercialização
de veículos elétricos no país.
Nissan Leaf ajuda a reforçar a imagem da marca no Brasil
“Os consumidores vão ver o carro e convidamos
o governo para conhecê-lo também. Queremos que os impostos sejam reduzidos,
para que o preço do carro seja viável”, reforça Meunier. Além da alíquota de
importação sobre o valor final de qualquer modelo importado fora do Mercosul, o
preço dos carros que chegam ao Brasil inclui a cobrança de IPI e ICMS.
“O carro elétrico não é concorrente
do flex, o governo brasileiro precisa entender isso. Uma solução para ter o
incentivo, seria limitar o volume de carros elétricos que entrariam no país”,
propõe.
Com a inviabilidade de vender o
Nissan Leaf no país, a empresa pretende, pelo menos, fechar acordo para frotas
locais. O prefeito Gilberto Kassab disse que gostaria de ver carros elétricos
integrados à frota da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) até o fim do seu
mandato, em 2012. Assim, negocia com a Nissan a compra de unidades do Leaf.
De acordo com o presidente da
Nissan no Brasil, a Secretaria Municipal dos Transportes finaliza uma licitação
que prevê a aquisição de carros elétricos. A montadora japonesa também
participa desse processo.
“Em 2020, cerca de 10% da frota
global será de veículos elétricos”, prevê o executivo.
No circuito fechado do evento da
montadora, em São Paulo, o G1 pôde avaliar o desempenho do Leaf. Os carros
elétricos despertam curiosidade e parecem de brinquedo, por não emitir nenhum
barulho, por isso o passeio dá a sensação de se tratar de uma atração de um
parque de diversões.
Antes de qualquer observação mais
técnica, o carro é bem divertido. A começar pela ignição. Basta apertar o botão
de “start” para um som simpático avisar que o carro está ligado e o painel
acender. Os instrumentos de navegação informam, à direita do painel, a
autonomia das baterias e, à esquerda, a temperatura. Acima, fica uma escala que
mostra se a condução do motorista está econômica ou não.
Nissan Leaf é confortável e tem bom
acabamento
No painel aparece também um balanço
de como foi a condução, que utiliza uma sequência de árvores. Se o condutor
conseguir completar, cabo e folhas desta série, ele “ganha o jogo”. Uma espécie
de “score” para o carro interagir com o condutor ou mesmo para gerar a
competição de “quem dirige de forma mais econômica”.
Mitsubishi i-Miev (acima) e Chevrolet Volt são os principais concorrentes do Leaf
No lugar da manopla do câmbio está
uma alavanca que mais parece um joystick de videogame. As trocas de marchas são
feitas em curtos e leves movimentos. Basta jogar o câmbio para esquerda e
abaixo para o modo “dirigir” (D) ser acionado.
Se o motorista optar por uma
direção mais econômica, é só repetir tal movimento duas vezes. No chamado modo
ECO, o carro calcula melhor o uso energético das baterias.
Para o modo neutro (N), basta
segurar à esquerda a alavanca. No caso da marcha à ré, é preciso jogar a
manopla para a esquerda e movimentá-la para cima. Automaticamente, a câmera
instalada na parte traseira do carro é acionada e a imagem aparece em uma tela
localizada no console central do Leaf. Para desengatar, basta apertar o botão
“P” localizado no centro da manopla. O freio de mão também é acionado por meio
de um botão.
Motor
A potência e a força do motor
elétrico não puderam ser testadas suficientemente porque o percurso não
permitia ultrapassar os 20 km/h. Mas já deu para sentir que o carro é bem
confortável para dirigir e tem boa visibilidade, assim como permite fazer manobras
sem sufoco.
De acordo com a Nissan, a bateria
de íon-lítio com 48 módulos compactos que equipa o carro tem capacidade para
rodar até 160 quilômetros. Ela gera 107 cavalos de potência e 28,5 kgfm de
torque. A velocidade máxima é de 150 km/h.
Nissan Leaf foi apresentado ao público brasileiro no Salão de São Paulo
O carro pode ser recarregado em
tomadas comuns de 110 V e 220 V ou em postos de carga rápida de 440 V. A
energia liberada nas frenagens também é revertida para a bateria, é o chamado
sistema kers.
Carro não é de luxo, mas o
acabamento é impecável.
Apesar da novidade ser um veículo
elétrico, o Leaf não é considerado uma opção de luxo. No entanto, como ele tem
que convencer exigentes consumidores americanos e japoneses - o Leaf concorre
com o Chevrolet Volt e o Mitsubishi i-Miev -, o acabamento é impecável. Todo
revestido em couro claro, o modelo tem linhas internas harmoniosas, que são
reforçadas pelas luzes dos comandos que tendem para o azul.
Os bancos são confortáveis e há
espaço suficiente para motorista e passageiros se acomodarem bem no habitáculo.
Embora o modelo tenha muitas
qualidades, ele foi concebido para ser restritamente urbano, a começar pela
autonomia. Mesmo assim, para quem já tem um ou dois carros com motor a
combustão, investir em um modelo elétrico como o Leaf não seria dinheiro jogado
fora. (g1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário