COP21 – Brasil ignora
compromissos com Clima e promove fontes fósseis na Amazônia, alerta o
Greenpeace
Greenpeace
realiza protesto no encontro das águas dos rios Negro e Solimões contra avanço
da exploração de petróleo e gás na maior floresta tropical do mundo.
Protesto
na Amazônia – Deixe as fontes fósseis no chão.
Na
contramão da história e contra a tendência global de desincentivo às fontes fósseis,
o governo federal promove no dia 7 de outubro mais um leilão de energia voltado
para petróleo e gás. Em sua 13ª rodada, o certame vai oferecer 266 blocos para
exploração, sendo que desse total, 182 estão localizados em terra – alguns em
plena Floresta Amazônica.
O
leilão é um duplo desastre e precisa ser cancelado: além de um claro incentivo
a fontes sujas e poluentes de energia, os blocos exploratórios em terra estão
localizados sobre dez grandes bacias hidrográficas, entre elas as do Amazonas,
Parnaíba, Recôncavo e Potiguar. Na bacia amazônica, sete áreas ofertadas no
leilão impactarão 19 Terras Indígenas (TIs) e 15 Unidades de Conservação (UCs).
Veja nas imagens abaixo.
Mapa mostra as 19 Terras Indígenas (TIs) que serão impactadas pelo leilão.
Mapa mostra as 19 Terras Indígenas (TIs) que serão impactadas pelo leilão.
O
caso mais grave é no bloco ao sul da bacia, que se sobrepõe a quatro
territórios indígenas: Trincheira/Bacajá, São Pedro, Padre e Miguel/Josefa. No
total, mais de 1,3 mil indígenas poderão ser afetados.
“As
TIs e UCs são as modalidades de Áreas Protegidas que mais impedem o
desmatamento da floresta. Os territórios indígenas, inclusive, apresentam os
índices mais baixos de desmatamento do País. Colocar uma dessas áreas em risco
é jogar com o futuro da Amazônia”, defende Thiago Almeida, da campanha de Clima
e Energia do Greenpeace Brasil. “Mais grave ainda é ameaçar o futuro da
floresta e do planeta apostando em uma fonte de energia do século passado”.
Mapa mostra as 15 Unidades de Conservação (UCs) que serão impactadas pelo leilão.
Mapa mostra as 15 Unidades de Conservação (UCs) que serão impactadas pelo leilão.
Como
se não bastasse, o gás de xisto também poderá ser explorado em todos os blocos
da rodada – nesse caso a preocupação recai principalmente nas bacias do
Parnaíba e Recôncavo. Muito polêmico após gerar diversos protestos nos Estados
Unidos, o gás de folhelho, popularmente conhecido como xisto, é extraído a
partir do fraturamento hidráulico, o fracking – técnica que causa
altos impactos ambientais como a contaminação do solo, dos lençóis freáticos e,
portanto, ameaça a água de consumo humano e usada na produção de alimentos.
Para
lançar um alerta sobre esse duplo desastre, promover o fim do uso de fontes
fósseis e pedir o cancelamento da 13ª Rodada do leilão, o Greenpeace coloca uma
enorme balsa com a mensagem “Deixe as fontes fósseis no chão” no
mundialmente famoso encontro das águas dos rios Negro e Solimões, cartão postal
da cidade de Manaus.
O
encontro dos rios Negro e Solimões forma o Rio Amazonas, maior curso de água
doce do mundo. É nesse cenário de beleza e riqueza natural onde o governo quer
explorar petróleo e gás.
O
mundo contra as fontes fósseis
Em
seu Plano Decenal de Energia (PDE 2015-2024), o Brasil prevê que mais de 70% de
todos os investimentos no setor serão em fontes fósseis. “Com um grande
movimento internacional pelo fim do uso de energias sujas, que são altamente
poluentes e contribui para as mudanças climáticas, o governo federal dá um
passo para trás ao incentivar essas fontes”, afirma Thiago Almeida.
Colocar
a Amazônia em risco para a produção de petróleo e gás contradiz qualquer
compromisso nacional pela redução de emissões de gases de efeito estufa. As
fontes fósseis devem ficar no chão para que o limite de aumento de temperatura
global se mantenha em no máximo 2ºC. “O mundo precisa urgente mudar os
investimentos voltados para energias sujas e começar a injetar esse dinheiro
nas fontes renováveis, como a solar, eólica e de biomassa”, afirma Thiago Almeida.
A transição para um mundo 100% renovável até 2050 precisa começar agora.
(ecodebate)
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