domingo, 4 de outubro de 2015

Gerar energia em correntes marinhas é alternativa

Geração de energia em correntes marinhas é nova alternativa
Dar continuidade às discussões sobre a criação de um projeto de P&D conjunto para geração de energia elétrica no Brasil a partir de correntes marinhas. Esse foi o objetivo do encontro que reuniu, no dia 26 de agosto, no Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Eletrobras Cepel), o presidente da Eletrobras, José da Costa; Renato Sacramento, diretor de Geração interino da Eletrobras; Bruno Barretto, chefe de gabinete da presidência da Eletrobras; os diretores do Centro, Albert Melo e Roberto Caldas; o presidente da Cemig, Mauro Lemos; e o coordenador de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Eletrobras Chesf, Jocilio de Oliveira.
No arranjo que está sendo examinado, o projeto de P&D terá como proponentes Eletrobras Chesf e Cemig, e sua execução técnica ficará a cargo da Aquantis, responsável pelo desenvolvimento tecnológico e representada na reunião por James Dehlsen e Charles Vinick (Aquantis Inc.) e Ailton Ricaldoni (Aquantis do Brasil). O Eletrobras Cepel será coexecutor da iniciativa.
“O aproveitamento das correntes marinhas se mostra muito interessante porque se trata, ao mesmo tempo, de uma energia renovável e de base. No entanto, ainda estamos numa fase preliminar, de pesquisa. Temos que verificar diversos parâmetros para sua implementação no Brasil, como as características desta corrente, e como podemos adaptar o projeto para o país”, disse o presidente da Eletrobras, José da Costa.
A reunião serviu como ponto de partida para a consolidação do escopo do projeto. Na ocasião, a Aquantis apresentou dados sobre o funcionamento do sistema e possíveis adequações às condições brasileiras. Já o Eletrobras Cepel elencou as áreas de pesquisa necessárias para o desenvolvimento do projeto, compreendendo monitoramento e medições detalhadas da corrente marinha; levantamento do potencial de geração; otimização da tecnologia para o recurso no Brasil; estudos ambientais; e avaliação econômica. A meta é que o projeto de P&D seja submetido à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ainda em 2015.
De acordo com o diretor-geral do Eletrobras Cepel, Albert Melo, trata-se de uma tecnologia promissora, devido, em especial, à sua não intermitência, mas é preciso adaptá-la às condições locais, estudar os impactos associados para obter as licenças ambientais necessárias, avaliar sua conexão à rede elétrica brasileira e saber qual será o seu custo final, dentre outros fatores.
Melo ressaltou que a participação de fontes renováveis na matriz elétrica brasileira está entre 80 e 90% e que o país continua investindo intensivamente na expansão de outras fontes do tipo, como a eólica e solar. “Inclusive um compromisso firmado recentemente entre o Brasil e os Estados Unidos é atingir 20% de participação de fontes renováveis, além da hidráulica, em suas matrizes elétricas até 2030”, acrescentou.
Segundo os trabalhos de prospecção, baseados em dados de satélites, da Aquantis no Brasil, a costa do Nordeste apresenta grande potencial para exploração de correntes marinhas, devido à velocidade, à alta densidade energética e ao fluxo constante. “Mesmo excluindo zonas de pesca, portos, estuários, trata-se de um extenso litoral, sendo possível gerar uma grande quantidade de energia, sem impactar outras atividades marítimas”. Os representantes da empresa também destacaram que o aproveitamento energético das correntes marinhas, além de constituir mais uma oportunidade para a substituição das fontes emissoras de gases de efeito estufa, pode contribuir para a criação de empregos especializados no país.
Também participaram da reunião: pela Eletrobras Chesf, Alberto Cavalcanti, engenheiro da Divisão de Engenharia Civil de Geração, e Adão Muniz, engenheiro da Superintendência de Projetos e Construção da Geração; pela Aquantis, Roberto Gottfried; e pelo Eletrobras Cepel, os pesquisadores Leonardo Vieira e Ary Vaz, chefe do Departamento de Tecnologias Especiais, responsáveis pelo desenvolvimento das atividades relacionadas ao projeto no Centro.
Após a reunião, os participantes foram recepcionados pelos pesquisadores José Eduardo Alves e Ricardo Ross, chefe do Departamento de Tecnologias de Distribuição, nas instalações do Laboratório de Medição Fasorial Síncrona do Eletrobras Cepel. Inaugurado este ano e possuindo alguns equipamentos únicos na América Latina, o laboratório está capacitado a oferecer uma infraestrutura de referência, para suporte a ensaios, a certificações e a pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
Neste último caso, em conjunto com outras áreas do Eletrobras Cepel, como a de Automação de Sistemas e a de Redes Elétricas, propiciará novos desenvolvimentos do Centro, que deverão trazer significativo impacto positivo na segurança e operação das empresas Eletrobras, do Sistema Interligado Nacional (SIN), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e das demais empresas concessionárias, e apoio tecnológico a fabricantes de equipamentos e sistemas no Brasil. (ambienteenergia)

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