A liberação de carros a diesel voltou à pauta da
Câmara dos Deputados em Brasília esta semana, com a instalação de uma comissão
especial para analisar a proposta, baseada em dois projetos de lei – PL
1.013/2011 e PL 2.733/2011 –, que foram juntados em um só processo. No ano
passado, a proposição foi rejeitada em duas comissões, de Meio Ambiente e do
Desenvolvimento Econômico, sob a alegação de que o aumento de consumo de diesel
poderia causar danos ambientais e à saúde da população. O projeto foi arquivado
no fim de janeiro deste ano, mas menos de um mês depois, atendendo a um
requerimento do deputado Weverton Rocha (PDT-MA), autor do PL 2.733/2011, foi
desarquivado.
Antes de ser aprovado ou rejeitado pelos deputados,
o projeto de lei teria de passar novamente pela análise em cinco comissões
(Viação e Transportes, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Minas e
Energia, e Constituição e Justiça). Para apressar esse trâmite, conforme
previsto pelo regimento interno da Casa, em agosto passado foi determinado por
ato da Presidência das Câmara a formação de uma comissão especial, com
integrantes indicados pelas lideranças dos partidos, que irá emitir um parecer
único com todos os interesses envolvidos. Só no último dia 16 de setembro os
membros tomaram posse e foi instalada oficialmente a comissão, que será
presidida pelo deputado Expedito Netto, do Solidariedade de Rondônia – mesmo
partido do deputado Aureo Lídio Moreira, do Rio de Janeiro, que é autor do PL
1.013/2011.
“O projeto foi rejeitado [no ano passado] sem
embasamento técnico. O País agora vive um outro momento e os deputados podem
analisar melhor a proposta”, argumenta Vicente Pimenta, gerente de relações
governamentais da Delphi no Brasil e membro do conselho da Aprove Diesel,
associação formada por empresas do setor automotivo criada em 2013 com o
objetivo de demonstrar as vantagens da liberação do uso de diesel por veículos
leves no Brasil. A opção é vetada desde 1976 e a regulamentação mais recente, a
Portaria 23 do Departamento Nacional de Combustíveis (DNC), de 1994, permite a
utilização de diesel somente por veículos com capacidade de carga superior a
uma tonelada ou com tração 4x4 e reduzida.
Argumentos
Pimenta diz que desta vez a Aprove Diesel será ouvida pelos deputados. Uma reunião com membros da comissão especial já agendada para o fim deste mês em Brasília, quando deverão ser apresentados os argumentos favoráveis à liberação, entre eles a já ampla distribuição de diesel limpo no País, com baixo teor de enxofre, a ser usado em carros com sistemas que mitigam muito a emissão de poluentes, ao mesmo tempo em que consomem menos combustível e, por consequência, emitem menos gases de efeito estufa (CO2) na atmosfera. Outro fator a favor seria o incentivo ao aumento do uso de biodiesel, já misturado ao diesel fóssil consumido no Brasil.
Pimenta diz que desta vez a Aprove Diesel será ouvida pelos deputados. Uma reunião com membros da comissão especial já agendada para o fim deste mês em Brasília, quando deverão ser apresentados os argumentos favoráveis à liberação, entre eles a já ampla distribuição de diesel limpo no País, com baixo teor de enxofre, a ser usado em carros com sistemas que mitigam muito a emissão de poluentes, ao mesmo tempo em que consomem menos combustível e, por consequência, emitem menos gases de efeito estufa (CO2) na atmosfera. Outro fator a favor seria o incentivo ao aumento do uso de biodiesel, já misturado ao diesel fóssil consumido no Brasil.
Também não se justifica temor de grande impacto
inicial no consumo do combustível, pois os carros diesel são bem mais caros do
que os a gasolina ou etanol. Portanto, o custo só compensaria para pessoas que
usam o veículo intensamente, principalmente para trabalho, como taxistas e uma
série de outros profissionais liberais. A Aprove Diesel calcula que não mais do
que 5% o volume de carros diesel na frota de veículos leves no País após os
primeiros anos de liberação.
Segundo Pimenta, que esteve presente na Câmara no
dia da instalação da comissão especial, os deputados que formam o colegiado se
mostraram favoráveis ao fim da proibição do uso de diesel para veículos leves.
“O deputado Expedito Netto (presidente da comissão) disse que quer fazer o
projeto andar rápido, para resolver logo a situação. Ele entende que, uma vez
eliminadas as preocupações com impactos ambientais, a proposta sinaliza para
uma abertura tecnológica que pode inclusive incentivar a geração de empregos na
produção de biodiesel e na formação de uma rede de serviços de manutenção para
carros diesel que ainda não existe aqui”, comentou o executivo.
Tramitação
Após a abertura da comissão especial foi estabelecido prazo de cinco seções do colegiado para receber propostas de emendas ao projeto de lei, cujo texto não contempla a liberação total do diesel para qualquer veículo leve, mas apenas para utilitários e táxis. “Vamos apresentar nossas propostas para mudar isso e incluir qualquer veículo leve, pois para utilitários a legislação já prevê a liberação de diesel, e se liberar também só para táxis vai causar muitos problemas na hora de revender esses carros. É necessário fazer ajustes até para evitar que o projeto seja extinto em si mesmo. Por isso vamos conversar com os membros da comissão para propor essas correções”, afirma Pimenta.
Tramitação
Após a abertura da comissão especial foi estabelecido prazo de cinco seções do colegiado para receber propostas de emendas ao projeto de lei, cujo texto não contempla a liberação total do diesel para qualquer veículo leve, mas apenas para utilitários e táxis. “Vamos apresentar nossas propostas para mudar isso e incluir qualquer veículo leve, pois para utilitários a legislação já prevê a liberação de diesel, e se liberar também só para táxis vai causar muitos problemas na hora de revender esses carros. É necessário fazer ajustes até para evitar que o projeto seja extinto em si mesmo. Por isso vamos conversar com os membros da comissão para propor essas correções”, afirma Pimenta.
Em 2011, dois deputados apresentaram proposições
diferentes. O PL 1.013/2011, do deputado Aureo Moreira, prevê a liberação para
“veículos utilitários de tamanho médio uso misto (passageiros e até uma
tonelada de capacidade de carga)”. Com isso, apenas seria transformada em lei a
portaria que já prevê exatamente a mesma coisa.
Ainda no mesmo ano, o deputado Weverton Rocha
apresentou o PL 2.733/2011, que prevê a liberação do uso de diesel somente pata
táxis. Como tratava de tema parecido, em dezembro de 2011 o projeto foi juntado
ao PL 1.013/2011. A proposta ficou parada na Câmara durante 2013 inteiro e só
foi retomada em março de 2014, quando entrou na pauta da Comissão de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS). O relator, deputado Giovani
Cherini (PDT/RS), votou pela aprovação, mas na apreciação da comissão, em
outubro de 2014, venceu o parecer do deputado Sarney Filho (PV/MA), que
rejeitou o projeto de lei.
O mesmo aconteceu meses depois, em dezembro, na
Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC), onde o
relator deputado Mendonça Filho (DEM/PE) replicou o parecer da CMADS e rejeitou
mais uma vez o projeto, que então seguiu para ser arquivado e, logo depois,
desarquivado. (biodieselbr)
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