Proposta
de mudança regulatória traz desequilíbrio ao consumidor de energia solar da
geração distribuída, alerta ABSOLAR.
Segundo
a entidade, energia solar gerada pelos brasileiros pode sofrer desvalorização
de mais de 60% com nova regra apresentada pela Aneel, sob pena de inviabilizar
a geração distribuída no País.
A
proposta de ajuste regulatório para a geração distribuída, apresentada em
15/10/19 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), pode causar um
enorme retrocesso ao País e inviabilizar a modalidade que permitiu aos
brasileiros gerar e consumir a própria eletricidade em residências, comércios,
indústrias e propriedades rurais.
Segundo
análise da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), com
base em documentos publicados pela agência reguladora sobre a Resolução Normativa
nº 482/2012, que traz como proposta a chamada “Alternativa 5”, tanto para
geração distribuída remota quanto para a local, a proposta traz um grande
desequilíbrio para o consumidor e para as empresas do setor, e favorece os
monopólios da distribuição de energia.
A
mudança drástica proposta pela Aneel pode reduzir em mais de 60% a economia do
cidadão que investe na geração de sua própria energia elétrica limpa e
renovável. “A proposta apresentada ontem pela Aneel surpreendeu o setor e está
visivelmente desbalanceada e desfavorável para a geração distribuída no Brasil.
A agência desconsiderou diversos benefícios da geração distribuída solar
fotovoltaica aos consumidores e à sociedade brasileira, no setor elétrico, na
economia e ao meio ambiente, dentre eles a postergação de investimentos em
transmissão e distribuição de eletricidade, o alívio nas redes pelo efeito
vizinhança, a geração de empregos, a diversificação da matriz elétrica e a
redução de emissões de gases de efeito estufa e poluentes, entre diversos
outros”, explica o CEO da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia.
Outro
ponto de alerta é a proposta de reduzir o prazo de vigência das regras, de 25
anos para 10 anos, para quem já investiu na geração distribuída. Pela nova
proposta da Aneel, consumidores com geração distribuída em operação teriam as
condições mantidas apenas até 2030. Para a ABSOLAR, a proposta decepciona e vai
na contramão do espírito de segurança jurídica e regulatória do setor. “A
ABSOLAR defende que a agência honre o compromisso assumido em inúmeras ocasiões
por seus dirigentes, de manter as atuais regras por pelo menos 25 anos para os
consumidores que acreditaram na geração distribuída e investiram pela
regulamentação vigente”, comenta a vice-presidente de geração distribuída da
ABSOLAR, Bárbara Rubim. “Quaisquer mudanças devem ser previstas em cronograma
claro e não podem prejudicar investimentos já realizados sob as regras atuais,
honrando a previsibilidade jurídica e regulatória que é pilar estrutural do
setor elétrico brasileiro”, recomenda Rubim.
Atualmente,
geração distribuída solar fotovoltaica é ínfima e está muito abaixo das
potencialidades do Brasil. Dos mais de 84,2 milhões de consumidores cativos
brasileiros, menos de 146 mil (0,18%) possuem a tecnologia. “Por isso, defendemos
que a transição do modelo seja gradual e ao longo de um período planejado, com
a mudança começando a partir de um gatilho de atendimento da demanda de energia
elétrica de pelo menos 5%, conforme boas práticas internacionais”, acrescenta
Bárbara.
Já
o presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, indaga:
a quem interessa essa mudança regulatória? “Certamente não ao consumidor
brasileiro, que terá sua liberdade atrasada ou até mesmo impedida com esta
proposta”, conclui Koloszuk. (ecodebate)
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