Moody’s: eólica e solar vão
suprir demanda de energia na AL nas próximas décadas.
Agência mapeia cenários da
transição energética nos principais mercados do continente. Matriz brasileira
tem alto índice de renovabilidade.
A geração de energia eólica e
solar vão suprir boa parte da demanda por eletricidade nos países
latino-americanos ao longo das próximas décadas, em lugar de combustíveis
fósseis como o carvão e o óleo, que ainda têm participação relevante em alguns
dos mercados do continente. A avaliação é da agência de risco Moody’s Investors
Service, que divulgou em 15/10/19 um relatório traçando os cenários de
crescimento de oferta de energia para a América Latina, tendo como pano de
fundo o contexto da transição energética para uma economia de baixo carbono,
aliada a uma maior presença das fontes renováveis.
De
acordo com o estudo, já são dezenove os países latino-americanos com metas de
inserção de fontes energia renováveis estabelecidas, incluindo níveis de
abrangências e cronogramas variados. Os relatórios destacam os exemplos do
Chile e do Brasil, que aumentaram fortemente as participações de eólica e solar
em suas matrizes. Ao mesmo tempo em que viu a presença da fonte solar passar de
1% em 2007 para 7% em 2018, o Chile avançou ainda mais, este ano, ao chegar a
um acordo com as empresas geradoras de energia para eliminar toda a geração de
eletricidade baseada no carvão mineral até o ano de 2040.
O relatório destaca também o
impacto positivo que a queda de preços tem para o crescimento das renováveis
nos países da região. No Brasil, observa a agência, a competição por meio de
leilões públicos de energia mantém a trajetória de queda dos preços de diversas
fontes, especialmente no caso da eólica, cujo preço médio no leilão de
comercialização de 2017 ficou cerca de 40% mais baixo que o do leilão de 2015.
“Os custos de desenvolvimento de renováveis continuam caindo rapidamente
conforme a tecnologia avança e a concorrência entre fornecedores aumenta”, avalia
Bernardo Costa, vice-presidente da Moody’s.
Entre os principais mercados
da América Latina, o Brasil apresenta as condições mais favoráveis em termos de
presença de fontes de energia limpa na matriz. A produção de energia renovável
no país alcança uma fatia de 82% do total, contra 60% no Peru, 17% no México,
15% no Chile e apenas 2% na Argentina. Em função da forte participação das
renováveis, o país já chegou a 86% da meta de energia limpa, contra 60% da meta
cumprida por parte do Peru e 35% pelo México. Chile e Argentina possuem apenas
20% das suas respectivas metas de inserção de energias limpas nas matrizes
alcançadas, diz o relatório.
A
Moody’s afirma que as empresas com maior presença em geração fóssil terão de
investir mais pesadamente em fontes renováveis para permanecerem competitivas.
“A geração baseada em carvão perderá relevância e se tornará antieconômica em
alguns mercados, enquanto as geradoras deste tipo de energia terão menos opções
de financiamento que as de energia renovável, na medida em que a percepção
sobre mudanças climáticas muda e que a demanda por investimentos sustentáveis
aumenta”, afirma a agência.
A transição dos mercados de
energia rumo às renováveis terá implicações variadas, de ordem comercial e geopolítica.
(canalenergia)
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