A Ford está lançando no mercado um novo composto de
borracha apropriado para a produção das tubulações responsáveis por conduzir
diesel e biodiesel. O novo material custa metade do similar importado e foi
criado no centro de desenvolvimento da Ford em seu complexo industrial de
Camaçari (BA). Patentes já estão registradas nos Estados Unidos e foram abertos
processos de registro no Brasil, China e Europa.
Desde 2008, a legislação brasileira determina que
carros e caminhões a diesel sejam homologados para receber o biodiesel.
Inicialmente, a adição foi na proporção de 5%, a mistura aumentou para 11%
agora em setembro e há a previsão para chegar a 15% – o chamado B15 – em 2023.
Além de ser uma fonte de energia renovável, o
biodiesel possui alto ponto de fulgor, o que torna o manuseio e o armazenamento
mais seguros, assim como excelente lubricidade. Para permitir seu uso, foi
necessário alterar o material das mangueiras e vedações que ligam o bocal de
abastecimento ao tanque de combustível. Tais peças passaram a ser fabricadas
com borracha nitrílica hidrogenada (HNBR), importada, que oferece resistência
química superior, mas a um alto custo.
“As peças que sofrem contato com o biodiesel não
podem ter acúmulo de carga eletrostática, devido à baixa condutividade desse
combustível, o que pode gerar eventuais faíscas em períodos de menor umidade e
comprometer a segurança veicular. As peças de borracha HNBR importadas possuem
a propriedade de dissipar as cargas elétricas, mas são cinco vezes mais caras
que as convencionais”, explica Cristiano Hubert, especialista em polímeros e
elastômeros do time de engenharia de materiais da Ford.
Em 2017, essa área da empresa começou a pesquisar
materiais alternativos e desenvolveu o novo composto de borracha, o PVC/NBR
condutivo, que atende às características desejadas com menor custo. Uma das
fórmulas patenteadas emprega como componente o grafeno. Outra, aplica a sílica
obtida a partir da cinza de casca de arroz, material sustentável que atua como
reforço mecânico e tem a capacidade de reduzir o inchamento em contato com o
biodiesel.
As primeiras peças feitas com o PVC/NBR condutivo
devem estrear no mercado em 2020, na picape Ranger, e também poderão ser
licenciadas para outras marcas, inclusive fabricantes de caminhões. A produção
em escala desse material, que consegue suportar concentrações de até 30% de
biodiesel, é favorecida também pela abundância de matéria-prima, já que o
Brasil é o maior produtor de arroz fora da Ásia. (biodieselbr)
Nenhum comentário:
Postar um comentário