Energia solar e eólica,
juntas, ultrapassam hidrelétricas em capacidade instalada no mundo.
Segundo relatório da IRENA,
energia solar segue como a fonte renovável que mais cresce no mundo, com uma
expansão da capacidade instalada de 20%, um incremento de 98 GW.
Pela primeira vez na
história, as fontes solar e eólica, combinadas, ultrapassaram as hidrelétricas
em capacidade instalada global em 2019, conforme aponta relatório divulgado
pela IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável, na sigla em inglês).
O mundo alcançou 2.537 GW de
capacidade instalada acumulada em fontes renováveis no ano passado. Com 1.190
GW, a fonte hídrica ainda representa sozinha a maior fatia (47%), mas a
expansão das fontes eólica (25%) e solar fotovoltaica (23%) já soma 1.209 GW,
com capacidades de 623 GW e 586 GW, respectivamente. As outras fontes
renováveis que aparecem no relatório são a biomassa (124 GW), geotérmica (14
GW) e maremotriz (500 MW).
Somando todas as fontes, a
capacidade instalada das fontes renováveis de energia expandiu 7,4% em 2019. A
energia solar segue como a fonte renovável que mais cresce no mundo, com uma
expansão da capacidade instalada de 20%, um incremento de 98 GW. Junto com a
eólica, que cresceu 10%, responde por 90% dos incrementos à rede em 2019,
apontou o relatório. Já a expansão da capacidade das hidrelétricas foi de
apenas 1%, com um incremento de 12 GW.
O
Brasil alcançou capacidade instalada de 4,4 GW em energia fotovoltaica e 15,4
GW em eólica em 2019 e segue a tendência global de perda de protagonismo das
hidrelétricas, que deve se acentuar ao longo da próxima década. “Esta década
será marcada por um encolhimento da geração hidrelétrica e um maior crescimento
da solar e eólica, seguido das térmicas a gás natural, como evidencia o próprio
Plano Decenal de Expansão de Energia”, afirma João Carlos Mello, presidente da
consultoria Thymos Energia.
O documento, lançado em
fevereiro pelo Ministério de Minas e Energia (MME) aponta para um cenário em
2029 onde as hidrelétricas, que hoje respondem por 59% da capacidade, passarão
a responder por 42% da matriz elétrica. A solar fotovoltaica saltará dos atuais
2% para 8%, enquanto a eólica avança de 9% para 16%. As usinas térmicas a gás
natural, que hoje garantem 7%, da energia, dobram sua participação.
A complexidade do
licenciamento e construção de grandes usinas, somada às incertezas no regime de
chuvas são alguns dos fatores que justificam a retração na geração
hidrelétrica. De outro lado, o avanço das tecnologias para geração solar e
eólica contribui para baratear os custos de produção. “O preço da energia ficou
bastante atraente. Se no primeiro leilão de energia fotovoltaica o MWh tinha
preço final de R$ 400, no último leilão ficou abaixo de R$ 150”, diz Mello.
Outro fator que favorece a ampliação das fontes solar e eólica é a
característica de ambas serem escaláveis e descentralizadas.
Os dados da IRENA sinalizam
uma mudança de patamar importante, na avaliação de Rodrigo Sauaia, presidente
da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). “Isso seria
impensável há alguns anos e virou uma realidade a partir dos dados consolidados
do ano passado”, diz Sauaia. A expectativa é de que, mantido o atual ritmo de
expansão da energia solar fotovoltaica, a fonte ultrapasse a eólica em
capacidade instalada global já em 2021, afirma.
Os
países asiáticos (China, Japão, Índia, Coreia do Sul e Vietnã) seguem dominando
a geração fotovoltaica no mundo, com um incremento de 56 GW, segundo o
relatório da IRENA. Outros avanços importantes ocorreram nos Estados Unidos,
Austrália, Espanha, Ucrânia e Alemanha. Apesar da tendência de expansão, tanto
a eólica quanto a fotovoltaica são fontes intermitentes e ainda têm à frente o
desafio do armazenamento.
“O custo de estocar a energia
gerada em sistemas híbridos com grandes baterias é elevado, então viabilizar o
armazenamento será crucial no cenário de transição energética” diz Maurício
Salla, executivo da divisão de negócios e energia da Crowe, multinacional de
auditoria e consultoria. (portalsolar)
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