A visão de consumo como sendo
um produto dos processos de tomada de decisão individual tem dominado os
estudos econômicos e estudos de marketing. Assim sendo, os enfoques teóricos
para reduzir o consumo e seus impactos tem se limitado a motivar a mudança de
comportamento individual, de um lado, e desenhar tecnologias mais eficientes e
sistemas de produção mais limpos, do outro. Nesta perspectiva os indivíduos são
os responsáveis pela adoção de tecnologias mais eficientes como se elas fossem
a solução milagrosa adequada e estivessem prontamente disponíveis. Em resumo,
são as pessoas que agem tanto como barreiras e catalizadores da mudança.
Como veremos a seguir, esta
literatura está distante de ser consistente, quando se busca teorias
alternativas de como o consumo se encaixa nas práticas diárias das pessoas,
através de uma perspectiva que parece ser crítica para caracterizar as
políticas e atividades do consumo sustentável nos dias de hoje.
Apesar de dois grandes
eventos (Rio-92 e Joannesburgo), a publicação de estratégias ambientais
corporativas ou sustentabilidade tornaram-se lugar comum e a chegada de muitos
produtos inovativos verdes, dados econômicos e ambientais demonstram que boa
parte das tendências continua movendo-se fora da sustentabilidade (PEATTIE;
PEATTIE, 2008). Não podemos esquecer que o consumo é geralmente determinado
pelos regimes sociotécnicos (SEYFANG, 2009), e que o objetivo principal das
empresas é o lucro.
Grandes corporações que
operam em nível global têm muita influência e o foco delas é determinado por
interesses de negócios (LEVKOE, 2006). Consequentemente, as escolhas que os
cidadãos podem fazer em lojas e supermercados são muito limitadas, no senso
ambientalmente sustentável, levando a dificultar mudanças efetivas na
sociedade, mesmo que todos os indivíduos desejassem agir sobre princípios
sustentáveis (SEYFANG, 2009). Isto significa que os indivíduos têm escolhas
limitadas e suas decisões são, acima de tudo, determinadas pelo sistema da
indústria e corporações cuja prioridade é a de aumentar lucros. Isto leva ao
fato de que padrões de consumo de acordo com os interesses dos negócios
frequentemente têm prioridade sobre a livre escolha individual.
Neste caso, os consumidores
são capturados em armadilhas dentro de padrões de consumo e práticas de estilo
de vida pelas estruturas sociais do mercado, negócios, padrões de trabalho,
planejamento urbano e desenvolvimento (SEYFANG, 2009). Escolhas podem ser
feitas dentro do que é oferecido pelo mercado, mas nunca vão além disto. São
também limitadas pelas instituições sociais, normas dos consumidores e
infraestruturas (SEYFANG, 2009).
Baseado na suposição de que a
atual situação ambiental exige a contribuição dos cidadãos, uma parte
significativa das políticas ambientais contemporâneas é direcionada para
promover mudanças comportamentais dos indivíduos.
Na prática, a noção de ação
ambiental do indivíduo predominantemente toma a forma de consumo sustentável
(CS), ou seja, os indivíduos fazendo um pouco de sua parte em relação às
questões ambientais, dentro do esquema do comportamento do mercado (SEYFANG,
2005). Contudo, a efetividade do consumo sustentável (CS) como ferramenta para
se alcançar a sustentabilidade tem sido criticada. A política do CS se mantém
firmemente dentro da cultura contemporânea das economias industrializadas,
pouco preocupadas com a redução de consumo e mudanças das estruturas sociais.
Neste caso, o CS como
política estratégica indica claramente o não desejo ou inabilidade dos governos
ocidentais desafiarem as conexões estruturais entre a democracia liberal e a
economia de mercado orientada para o crescimento. Ao invés de promoverem uma
mudança fundamental nos estilos de vida dos indivíduos e das estruturas
sociais, os governos defendem um progresso simultâneo sobre a sustentabilidade
ecológica e o crescimento econômico como sendo ambos desejáveis e viáveis.
Diante das falhas do chamado consumo sustentável
sugestões têm sido feitas para a responsabilidade ambiental individual de uma
forma mais ampla, visando alcançar os estilos de vida e mudanças de
comportamentos por considerações morais e não por incentivos externos e
financeiros.
O modelo de economia circular
visa utilizar racionalmente os recursos e se opõe ao processo produtivo linear
baseando-se na inteligência da natureza, onde os resíduos são insumos para
gerar novos produtos. O conceito também é conhecido como “cradle to cradle” (do
berço ao berço): não há resíduos e tudo é continuamente aproveitado para uma
nova etapa.
A economia circular é
benéfica para a sociedade, meio ambiente e também para as empresas. De acordo
com um relatório da Fashion for Good e da Accenture Strategy, os modelos
econômicos circulares podem elevar as margens de lucro das marcas. (ecodebate)
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