segunda-feira, 29 de junho de 2020

Consumo Sustentável numa Perspectiva Econômica e de Marketing

A visão de consumo como sendo um produto dos processos de tomada de decisão individual tem dominado os estudos econômicos e estudos de marketing. Assim sendo, os enfoques teóricos para reduzir o consumo e seus impactos tem se limitado a motivar a mudança de comportamento individual, de um lado, e desenhar tecnologias mais eficientes e sistemas de produção mais limpos, do outro. Nesta perspectiva os indivíduos são os responsáveis pela adoção de tecnologias mais eficientes como se elas fossem a solução milagrosa adequada e estivessem prontamente disponíveis. Em resumo, são as pessoas que agem tanto como barreiras e catalizadores da mudança.
Como veremos a seguir, esta literatura está distante de ser consistente, quando se busca teorias alternativas de como o consumo se encaixa nas práticas diárias das pessoas, através de uma perspectiva que parece ser crítica para caracterizar as políticas e atividades do consumo sustentável nos dias de hoje.
Apesar de dois grandes eventos (Rio-92 e Joannesburgo), a publicação de estratégias ambientais corporativas ou sustentabilidade tornaram-se lugar comum e a chegada de muitos produtos inovativos verdes, dados econômicos e ambientais demonstram que boa parte das tendências continua movendo-se fora da sustentabilidade (PEATTIE; PEATTIE, 2008). Não podemos esquecer que o consumo é geralmente determinado pelos regimes sociotécnicos (SEYFANG, 2009), e que o objetivo principal das empresas é o lucro.
Grandes corporações que operam em nível global têm muita influência e o foco delas é determinado por interesses de negócios (LEVKOE, 2006). Consequentemente, as escolhas que os cidadãos podem fazer em lojas e supermercados são muito limitadas, no senso ambientalmente sustentável, levando a dificultar mudanças efetivas na sociedade, mesmo que todos os indivíduos desejassem agir sobre princípios sustentáveis (SEYFANG, 2009). Isto significa que os indivíduos têm escolhas limitadas e suas decisões são, acima de tudo, determinadas pelo sistema da indústria e corporações cuja prioridade é a de aumentar lucros. Isto leva ao fato de que padrões de consumo de acordo com os interesses dos negócios frequentemente têm prioridade sobre a livre escolha individual.
Neste caso, os consumidores são capturados em armadilhas dentro de padrões de consumo e práticas de estilo de vida pelas estruturas sociais do mercado, negócios, padrões de trabalho, planejamento urbano e desenvolvimento (SEYFANG, 2009). Escolhas podem ser feitas dentro do que é oferecido pelo mercado, mas nunca vão além disto. São também limitadas pelas instituições sociais, normas dos consumidores e infraestruturas (SEYFANG, 2009).
Baseado na suposição de que a atual situação ambiental exige a contribuição dos cidadãos, uma parte significativa das políticas ambientais contemporâneas é direcionada para promover mudanças comportamentais dos indivíduos.
Na prática, a noção de ação ambiental do indivíduo predominantemente toma a forma de consumo sustentável (CS), ou seja, os indivíduos fazendo um pouco de sua parte em relação às questões ambientais, dentro do esquema do comportamento do mercado (SEYFANG, 2005). Contudo, a efetividade do consumo sustentável (CS) como ferramenta para se alcançar a sustentabilidade tem sido criticada. A política do CS se mantém firmemente dentro da cultura contemporânea das economias industrializadas, pouco preocupadas com a redução de consumo e mudanças das estruturas sociais.
Neste caso, o CS como política estratégica indica claramente o não desejo ou inabilidade dos governos ocidentais desafiarem as conexões estruturais entre a democracia liberal e a economia de mercado orientada para o crescimento. Ao invés de promoverem uma mudança fundamental nos estilos de vida dos indivíduos e das estruturas sociais, os governos defendem um progresso simultâneo sobre a sustentabilidade ecológica e o crescimento econômico como sendo ambos desejáveis e viáveis.
Diante das falhas do chamado consumo sustentável sugestões têm sido feitas para a responsabilidade ambiental individual de uma forma mais ampla, visando alcançar os estilos de vida e mudanças de comportamentos por considerações morais e não por incentivos externos e financeiros.
O modelo de economia circular visa utilizar racionalmente os recursos e se opõe ao processo produtivo linear baseando-se na inteligência da natureza, onde os resíduos são insumos para gerar novos produtos. O conceito também é conhecido como “cradle to cradle” (do berço ao berço): não há resíduos e tudo é continuamente aproveitado para uma nova etapa. 
A economia circular é benéfica para a sociedade, meio ambiente e também para as empresas. De acordo com um relatório da Fashion for Good e da Accenture Strategy, os modelos econômicos circulares podem elevar as margens de lucro das marcas. (ecodebate)

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