Reserva Legado das Águas
abriga 13% de toda fauna ameaçada de extinção na Mata Atlântica.
Balanço de espécies
catalogadas na área reforça a importância da Reserva para conservação de
espécies que só podem ser encontradas nesse bioma.
Um levantamento realizado
pelo Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, mostrou
que em seus oito anos de existência, as pesquisas científicas e monitoramento
de fauna e flora já registraram 1.765 espécies na área, localizada no Vale do
Ribeira paulista. Deste total, 809 são espécies animais e, neste mesmo grupo,
50 estão ameaçadas de extinção. Os números também chamam a atenção para a
diversidade de aves, são 296 espécies catalogadas no local, o que representa
40% de toda a avifauna do Estado de São Paulo. Já na flora, a lista conta com
956 espécies, sendo 9 ameaçadas.
Muriqui-do-sul.
Quando comparado com dados do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e do Instituto
Brasileiro de Florestas (IBF), que mostram que a Mata Atlântica abriga 383 dos
633 animais ameaçados de extinção no Brasil, o Legado das Águas é refúgio para
13,05% do total de espécies animais ameaçadas no bioma. A área da Reserva,
localizada entre os municípios de Juquiá, Miracatu e Tapiraí, é correspondente
ao tamanho da cidade de Curitiba.
Das 809 espécies animais registradas, 296 são de
aves, 322 são de borboletas, 70 de mamíferos, 67 de anfíbios e répteis e 54 de
peixes. Já do total de 956 de espécies da flora, sendo 233 de orquídeas.
Onça Parda
Para David Canassa, diretor da Reservas Votorantim,
os números do balanço impressionam. “Ter 13,05% das espécies animais ameaçadas
de extinção na Mata Atlântica em nossa área nos anima, e reforça a importância
e o compromisso do Legado das Águas em manter a área conservada. Temos certeza
que o número de espécies nas florestas do Legado pode ser bem maior. O
monitoramento da fauna em florestas densas e fechadas como da Mata Atlântica é
mais difícil, mas o balanço nos mostrou que a catalogação de novas espécies é
crescente, o que pode indicar que nos próximos anos, incluindo 2020, podemos
ter mais boas surpresas”, diz Canassa.
Além do levantamento feito por meio das pesquisas
científicas, o Legado das Águas mantém o monitoramento constante da fauna e
flora utilizando dois métodos, um deles é com o registro fotográfico e de vídeo
feitos pelos monitores ambientais, guias turísticos e técnicos de campo. O
outro é por armadilhas fotográficas instaladas na mata, que disparam
automaticamente quando os animais passam pelo sensor. Os equipamentos não
oferecem risco algum para os animais.
Descobertas
As pesquisas no Legado das Águas já resultaram em
descobertas relevantes para a ciência, consequentemente para a conservação da
Mata Atlântica. Entre as principais, estão: com a descoberta de duas antas
albinas, possivelmente as únicas do mundo, em parceria do Instituto Manacá; a
redescoberta de uma espécie de orquídea considerada extinta na natureza no
Estado de São Paulo, com parceira do biólogo Luciano Zandoná; a descoberta de
uma borboleta que não era registrada há mais de 50 anos no Estado, em parceria
com a bióloga Dra. Laura Braga; o reconhecimento pela União Internacional Para
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) como Área Prioritária
Global para conservação do macaco muriqui-do-sul, em parceria com o Instituto
Pró-Muriqui, e o reconhecimento como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da
Mata Atlântica pelo sistema ONU/UNESCO. Além disso, na biotecnologia, em
parceria com o pesquisador Mauro Rebelo, atualmente o Legado das Águas detém o
maior banco genético de flora da Mata Atlântica do mundo, que pode ainda
resultar na descoberta de ativos de interesse para as indústrias de cosméticos,
perfumaria e farmacêutica.
Araçari banana
Os resultados das pesquisas realizadas no Legado das
Águas têm como principal objetivo gerar conhecimento para subsidiar ações de
conservação da Mata Atlântica, assim como possibilitar o respaldo para o
desenvolvimento de negócios. “No Legado das Águas, buscamos sempre transformar
esses dados em oportunidades”. Exemplo disso são as possibilidades de ecoturismo
incluindo o avistamento da fauna. Já com a flora, a produção de espécies de
plantas nativas para projetos paisagísticos.
Jaguatirica
É urgente que a conservação seja vista pelo viés das
oportunidades de geração de renda com nossos biomas. E as pesquisas
relacionadas ao momento pós-pandemia, mostra a importância das florestas e a
reconexão que será buscada pelas pessoas, finaliza Canassa. (ecodebate)
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