O combustível já é largamente
utilizado em países europeus e nos Estados Unidos, e tem rendimento nos motores
melhor do que o biodiesel à base de éster que vem alimentando a mistura ao
diesel desde 2004 no Brasil.
O diesel verde, também
conhecido como Hydrotreated Vegetable Oil (HVO), ou ainda diesel parafínico
renovável foi patenteado numa primeira versão como H-Bio pela Petrobras em 2006.
De lá para cá, o produto evoluiu e segundo os testes feitos pela empresa
resultaram em "um produto final de alta qualidade e atendendo a todas as
especificações necessárias".
Foram processados 2 milhões
de litros de óleo de soja, que resultaram na produção de cerca de 40 milhões de
litros de óleo diesel com conteúdo renovável.
Os testes da Petrobrás serão
utilizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP) para ajudar a formular a regulamentação necessária para que o produto
entre em produção comercial. Os estudos da agência sobre o tema começaram no
ano passado.
Para o diretor do Centro
Brasileiro de Infraestrutura (Cbie) Adriano Pires, o desempenho do diesel verde
nos motores é superior ao do biodiesel e tem a vantagem de ser produzido dentro
da refinaria, no processo de produção de diesel, e pode obter um preço menor do
que o biodiesel - criticado por custar mais que o diesel -, e ainda reduzir
mais emissões de gases efeito estufa (GEE). A desvantagem é que o diesel verde
mantém como base um combustível fóssil, cada vez menos bem visto por
investidores no mundo todo.
"Pode ser um substituto
do biodiesel, ser uma melhor mistura. Brasil tem riqueza agrícola incrível. Se
o diesel verde for mais barato e menos poluente, não tem porque ir
contra", avalia Pires. "O biodiesel não melhora o rendimento do motor
e é mais caro que o diesel."
Biocombustível é misturado ao
diesel comercializado nos postos
Segundo a Petrobras, o
objetivo do novo produto é atender, em conjunto com o biodiesel já existente, a
parcela de biocombustível que deve ser misturada ao diesel comercializado nos
postos. Atualmente, o biodiesel é misturado ao diesel mineral em uma proporção
de, no mínimo, 12% pelas distribuidoras de combustível, e chegará a 15% até
2023. Recentemente, a estatal colocou à venda três usinas de biodiesel da PBio,
entre outros ativos da subsidiária.
Em Nota Técnica da Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), o setor de transporte é apontado como maior emissor
global de GEE, sendo o diesel verde, ou HVO, como uma das soluções que podem ajudar
a combater o aumento das emissões poluentes. O documento mostra que o HVO já é
o terceiro maior biocombustível em volume de produção no mundo e cresce mais do
que os biocombustíveis a base de éster (biodiesel).
"O biodiesel base
hidrocarbonetos parafínicos apresenta-se como importante alternativa para o
atendimento a critérios estabelecidos para a motorização atual e futura
prevista pelo Proconve para veículos pesados. Além disso, já está sendo
considerado no Renovabio", avalia a nota, citando os dois programas do
governo.
Assim como Pires, a EPE também destaca a boa performance do diesel renovável nos motores, melhorando inclusive ao desempenho, e diz que redução de emissões em relação ao diesel fóssil podem variar entre 50% e 90%. Em relação ao biodiesel a vantagem é de cerca de 15%, segundo a Petrobras. A logística também seria facilitada pelo aproveitamentos dos dutos já existentes, analisa a EPE, além do fato do diesel verde ser considerado quimicamente estável por já ser produzido misturado ao diesel.
Petrobras faz testes para produção de “diesel verde”.
A empresa de planejamento
indica que sejam feitos estudos sobre o potencial da demanda e mercados
concorrentes e observa, sobre as especificações que serão regulamentadas pela
ANP, que "exigências superiores quanto à especificação têm o potencial de
incrementar o preço do produto final", alerta. (biodieselbr)
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