Segundo pesquisa da PwC, a pandemia da COVID-19 foi
responsável por aumentar o desenvolvimento das fontes renováveis nos modelos de
negócios das empresas de energia, o que pode levar o setor atingir a meta de
emissão zero de carbono até 2050.
Além disso, relatório do Instituto de Economia
Energética e Análise Financeira (IEEFA, pela sigla em inglês), aponta que,
mesmo com a crise, os custos da produção de energia renovável continuarão sendo
reduzidos. No Brasil, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
(Absolar) avalia que a pandemia diminuiu um pouco o ritmo de crescimento, mas a
aceleração ainda é exponencial.
Para o engenheiro químico Carlos Arentz, professor de planejamento energético e recursos renováveis da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), "fazer uma correlação entre o aumento do uso de energias renováveis devido a efeitos da COVID-19 é um pouco controverso considerando a opinião de outras consultorias".
Em sua análise, o setor continua crescendo apesar da crise gerada pela pandemia, e não em razão dela.
"O uso de energia renovável é uma tendência que
veio para ficar, devido fundamentalmente à questão da redução das mudanças
climáticas, da emissão de gases de efeito estufa e ao barateamento dessas
formas de geração de energia, tanto solar como eólica, o que têm tornado essa
energia renovável competitiva frente às formas de energia tradicionais",
disse o especialista.
Brasil é 'pródigo' em energia renovável
Segundo ele, em alguns lugares do mundo o setor
renovável pode até possuir "vantagens em termos econômicos", fator
que tem "favorecido a sua utilização" globalmente.
Para o professor, o Brasil é um país
"pródigo" em utilizar fontes renováveis em sua matriz energética, o
que deve continuar no futuro. Ele ressalta que as energias solar e eólica estão
ganhando espaço no setor de energia renovável, no qual as hidrelétricas sempre
contribuíram fortemente.
"O Brasil já é há muito tempo pródigo no uso de
energias renováveis, mesmo antes de haver essa ênfase na questão. O Brasil tem
um grande parque de geração de energia elétrica usando água. Nos últimos anos,
tem havido um grande incentivo, devido à disponibilidade de energia solar e
eólica no país, ao aumento do uso de energia renovável", afirmou Arentz.
O especialista cita plano decenal de expansão de
energia, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão de planejamento do
setor no Brasil, apontando que "a geração de energia solar e eólica
crescerá muito nos próximos anos".
Segurança de fornecimento
Sobre o desenvolvimento de novos modelos de negócios pelas empresas de energia, direcionando suas atenções às energias renováveis, ele diz que a tendência já vinha "sendo estabelecida", mas admite que ela "talvez" esteja sendo "acelerada ou incentivada pelo momento que a gente está vivendo".
"O cliente está se preocupando com a garantia do suprimento, uma vez que está havendo a quarentena. Isso está gerando um modelo de negócios no qual o empreendedor não vai se preocupar em gerar energia hidráulica e solar mais barata, vai se preocupar em gerar um pacote de energia que dê segurança para o cliente no longo prazo e, ao mesmo tempo, ofereça uma energia que seja sustentável em dimensões como redução de emissões de gases de efeito estufa e até redução de impactos ambientais", disse o engenheiro químico Carlos Arentz. (sputniknews)
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