Os
primeiros leilões de hidrogênio verde vão mesmo avançar em 2021. O Governo já
definiu a data para revelar o modelo e as regras para este novo mecanismo
concursal para gases renováveis, o leilão terá moldes diferentes dos atuais
leilões de energia solar que se realizaram entre 2019 e 2020.
João
Galamba revelou tudo “Vamos fazer uma apresentação das linhas gerais do
primeiro leilão de hidrogênio verde na primeira semana de abril”, sendo depois
aberta a fase de sessões públicas com todos os interessados.
Segundo
o governante, a grande diferença nestes novos leilões é que ele não será
direcionado para os produtores de hidrogênio, mas sim para potenciais e futuros
consumidores de hidrogênio verde. Passamos a explicar… não será só para as
indústrias de consumo intensivo de gás nas suas operações, mas também para
qualquer empresa que dependa de energias fósseis e poluentes (como diesel),
especialmente no setor da indústria e transportes.
“Já lançamos uma call de 40 milhões de apoio à produção de gases renováveis, mas queremos pôr em marcha um mecanismo de leilões para apoiar também o consumo. Desta forma fechamos o ciclo. Apoiamos a produção, o investimento (CAPEX), mas também os custos operacionais (OPEX). Ou seja, não só apoiamos os produtores como os consumidores. Fazemos isto porque os produtores precisam dos utilizadores de hidrogênio e vice-versa”, explicou.
Empresas manifestaram interesse no leilão de hidrogênio
Houve
já algumas empresas de certos setores industriais que já manifestaram interesse
em substituir o hidrogênio cinzento ou gás natural, que usam atualmente na sua
operação, por uma alternativa menos poluente,
sendo essa alternativa o hidrogênio verde. Foi o caso das seguintes empresa:
Bondalti, Solvay, Cimpor, Renova, entre outras.
Também
no setor dos transportes há interessados neste leilão de hidrogênio, como a CP
e a Caetanos Bus, com o intuito de poderem reformular as suas frotas de
comboios e autocarros, movidos a hidrogênio.
As
comercializadoras de energia como a EDP, Galp e demais existentes no mercado,
terão acesso a um mecanismo especial neste leilão, promovido pelo Governo, para
que possam participar e assim vender hidrogênio verde aos seus clientes
empresariais e industriais de gás.
Galamba explicou que “este leilão não será para produtores, a não ser que a própria empresa também produza hidrogênio para autoconsumo. O alvo dos leilões são os utilizadores de hidrogênio. Todas as empresas serão elegíveis para ir a leilão, incluindo as comercializadoras de energia. Nos leilões vamos procurar as empresas que usam gás e querem passar a usar hidrogênio. E vamos ser neutros no que diz respeito à distribuição, seja o consumo feito a partir da rede ou diretamente no local, seja via autoconsumo ou através de outra forma de transporte até ao destino”.
Quantidade de hidrogênio a leilão
O
Secretário de Estado adiantou que a leilão irá certa quantidade de hidrogênio,
mas ainda não está definida qual será essa mesma quantidade, nem a unidade pode
ser em kgs ou em MWh.
Para
este primeiro leilão de hidrogênio de 2021, segundo a Estratégia Nacional, a
quantidade de hidrogênio a concurso será de meia quilotonelada, o que
corresponde a cerca de 0,1% da rede de gás natural!
Os
licitadores a essa quantidade de hidrogênio serão empresas e indústrias
nacionais consumidoras de hidrogênio, e não os produtores, como acontece nos
leilões de energia solar. Também ainda não foi revelado o valor que provem do
Fundo Ambiental para apoiar este mecanismo de apoio ao consumo de hidrogênio e
não à produção!
Preços
previstos no leilão de hidrognio verde
Preços praticados para este leilão Galamba explicou o seu mecanismo, indicando que “o mecanismo do leilão vai pagar a diferença entre um determinado preço atingido em licitação e o preço de carbono existente no mercado. Ou seja, se o valor licitado for 70 e o preço do carbono estiver a 40, o leilão paga 30, mas se o preço de carbono subir para 60, já só paga 10. Se subir para 70, paga zero”.
“O preço do carbono no mercado ainda é demasiado baixo para viabilizar o consumo de hidrogénio em larga escala, por isso são os leilões que pagam a diferença entre o preço existente no mercado e o preço que tornaria viável aquele consumo”. Isso para evitar que sejam os portugueses a pagar o sobre custo com a produção de hidrogênio, como aconteceu no passado com a energia eólica.
Com
este leilão será possível selecionar os consumidores de hidrogênio que precisam
de menos apoios. É assim uma “forma eficiente de, partindo de um mecanismo de
leilão, apoiar os consumidores empresariais de hidrogênio nos setores da
energia, indústria e transportes que precisem de um apoio menor [ou seja, que
ofereçam um valor mais aproximado do preço do carbono de mercado]. Um produtor
de hidrogênio sabendo que há este apoio do lado da procura, pode articular-se
com uma ou mais empresas. A existência deste apoio viabiliza acordos entre
produtores e grandes utilizadores de hidrogênio”.
Após dar a conhecer o investimento e revelar as regras do jogo, serão feitas sessões públicas com os potenciais utilizadores de hidrogênio interessados em ir a leilão e assim dar “tempo suficiente para o lado da procura e da oferta se coordenem” e avancem com uma estratégia definida.
O Governo também está a preparar as questões mais técnicas da parte da regulação para estações de abastecimento, injeção na rede de gás natural e está igualmente a trabalhar em cooperação com a APA nas questões do licenciamento industrial, pois as regulamentações em vigor dizem apenas respeito aos gases fósseis. O Secretário de Estado garante estarem a tentar trabalhar o mais rápido que conseguem. (portal-energia)
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