Novo Honda Accord híbrido tem
três motores e chega ao Brasil em junho/2021.
Demorou, mas a Honda dá o
primeiro passo para eletrificação de sua gama de modelos com a confirmação do
Accord Touring e:HEV para o Brasil. Ele será o primeiro de três híbridos que a
marca japonesa pretende lançar até 2023 – e que estão prometidos há pelo menos
dois anos.
Trata-se da versão híbrida do sedã, que usa um sistema bem engenhoso – e complexo – com três motores e potência máxima de 184 cv para substituir em definitivo o antigo (embora moderno) conjunto com motor 2.0 turbo de 256 cv e câmbio automático de 10 marchas. Uma leve atualização visual marca a estreia da nova mecânica.
Sedã recebeu pequenas alterações visuais.
O Honda Accord híbrido chega
apenas em junho e o preço não foi divulgado. Mas vale lembrar que o último
preço de tabela do 2.0 turbo é de R$ 257.900. Até junho já teremos levado o
carro para nossa pista de testes, o que não foi possível agora dado o
agravamento da pandemia da covid-19.
Por enquanto, nos resta explicar em detalhes funcionamento do sistema e:HEV, que é completamente diferente de todos os híbridos que já são vendidos no Brasil. Principalmente por seu motor mais potente ser justamente um elétrico.
Um ovo de colombo mecânico.
A lógica do sistema e:HEV é
permitir que cada um dos motores atue da forma mais eficiente. Não à toa, quem
traciona o carro a maior parte do tempo é um motor elétrico de 184 cv e 32,1
kgfm de torque.
O outro motor elétrico atua apenas como gerador de energia e está diretamente conectado ao motor a gasolina, que o faz trabalhar gerando eletricidade quando o motor de tração exige mais energia.
Os componentes-chave do sistema híbrido.
Isso porque, por mais que a tração
seja elétrica, a bateria é tão pequena quanto a de um híbrido convencional como
o Toyota Prius: tem apenas 1,3 kw/h, o suficiente para algo entre 1 ou 2 km de
autonomia. O lado bom é que as baterias não aumentam tanto o peso nem roubam
espaço dos passageiros.
O motor a combustão está longe de ser o mais potente. Trata-se de um 2.0 a gasolina de ciclo Atkinson e naturalmente aspirado que entrega até 145 cv (a 6.200 rpm) e 17,8 kgfm (a 3.500 giros). Mesmo assim, é ele quem faz o Accord alcançar sua velocidade máxima.
Motor 2.0 Atkinson gera 145 cv.
Isso porque, em velocidades
de cruzeiro mais altas (acima dos 110 km/h) o motor 2.0 passa a atuar sozinho
sem qualquer impulso extra dos motores elétricos. E faz isso sem ter qualquer
mudança de marcha: há uma conexão direta, por meio de uma embreagem acionada
automaticamente, que o conecta diretamente ao diferencial em relação bem longa
de 0,80:1, equivalente, por exemplo, a uma quinta marcha dos Volkswagen com
câmbio manual.
A intenção é usar o motor a gasolina apenas em seu regime mais eficiente, sem depender de um gerenciamento mais complexo que combine seu impulso com o impulso do motor elétrico em qualquer velocidade, como acontece em outros híbridos.
Gráfico mostra como os modos de atuação dos motores mudam de acordo com as condições.
Se precisar de mais força, o
motor elétrico mais potente pode ajudar. Contudo, esse é um regime de alta
rotação, que gasta muito mais energia e, por isso, usar o motor a gasolina em
velocidades mais altas é tão importante.
A Honda, porém, não divulga a
potência combinada do conjunto nessas condições aqui no Brasil “por questão de
padrões”, mas nos Estados Unidos declaram 215 cv.
No fim, o que parecia ser tão
complexo na verdade é até simples, como a história do ovo de colombo.
Com ou sem câmbio?
Os dois motores elétricos, bem como a embreagem de acoplamento do motor 2.0, ficam dentro do chamado e-CVT. Seria algo como o câmbio do Accord, por mais que ele nunca troque de marcha e apenas alterne entre os motores.
Mas essa combinação é especialmente importante nas desacelerações. Mesmo nas condições em que o motor a gasolina trabalha sozinho, os motores elétricos (ambos estão instalados no mesmo eixo) entrarão em ação ao aliviar o pé do acelerador para gerar resistência – que nada mais é do que a atuação do sistema de regeneração de energia.
Há três modos de atuação da regeneração, Normal, Eco e Sport, variando a intensidade dessa espécie de freio motor e também a aceleração. Na falta de marchas para trocar (e eram 10 no Accord, lembre-se), há borboletas atrás do volante só para ajustar a intensidade da regeneração de energia.
A ideia é otimizar a regeneração ao máximo para evitar o uso dos freios. De toda forma, o sistema de freios tem servofreio elétrico, como em carros elétricos.
Com toda essa parafernália eletrônica comandada pela unidade de controle de energia (PCU), o Accord híbrido consegue uma eficiência térmica acima dos 40%, 4% melhor que a do motor 2.0 turbo aposentado. A eficiência energética melhora de 2,15 para 1,20 MJ/km.
De acordo com os números de
consumo do Inmetro, o Accord E:HEV faz 17,6 km/l na cidade e 17,1 km/l na
estrada.
Em nosso último teste de
pista, o Accord turbo conseguiu média urbana de 9,7 km/l e rodoviária de 14,9
km/l.
Como reconhecer o Accord híbrido nas ruas?
Pelo preço, será figura rara como o Accord turbo também era. Mas a versão híbrida chega com uma leve reestilização que contempla novo para-choque e nova grade, com desenho mais horizontal e que abriga os novos faróis de neblina em LED, além de novas rodas de 17 polegadas (uma medida modesta para o carro que é) com acabamento escurecido.
Atrás, há novo acabamento na base do para-choque e o logo e:HEV. O fundo azul nos logotipos da Honda também identifica a versão híbrida.
Por dentro, agora tem central multimídia com Apple CarPlay e Android Auto sem fio e ainda carregador por indução no console central mais potente, com 15 Watts. Atrás, agora tem duas portas USB. O quadro de instrumentos tem novas funções para exibir a operação do sistema híbrido.
Na segurança, agora o Accord ativa o freio em manobras de baixa velocidade, caso detecte a possibilidade de colisão, e o assistente de permanência em faixa está mais preciso.
O sedã segue dotado de piloto
automático adaptativo, alerta de colisão, frenagem de emergência e oito
airbags. (quatrorodas.abril)
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