País pode desperdiçar R$ 100
bi até 2030 com geladeiras ineficientes.
Esse montante de energia
economizada corresponde à demanda de 71 milhões de domicílios por ano, e
representa, em termos de emissões, 55,5 milhões de toneladas de CO2
equivalente que poderiam ser reduzidas. O mesmo que retirar de circulação 3,3
milhões de veículos por ano.
A proposta lançada pelo Inmetro em março prevê o lançamento do novo selo de classificação das geladeiras no Brasil apenas em 2026, vinte anos depois da última atualização, e em padrão inferior ao U4E. O custo de energia evitado entre 2027 e 2030 será de R$ 16,8 bilhões; o consumo evitado, de 21,5 TWh e a redução das emissões de CO2eq de 9,2 milhões de toneladas.
“A revisão da etiqueta é importante, mas não poderia ter demorado tanto e não precisa ser em 2026. A gente já poderia ter refrigeradores mais eficientes”, afirma a coordenadora de Projetos do Instituto Escolhas, Rafaela Silva. Ela lembra que os fabricantes no Brasil são basicamente multinacionais, que comercializam aparelhos mais eficientes em outros países e não precisariam de cinco anos para adaptação à norma brasileira.
A pressão da indústria
explica, então, a opção por uma mudança mais conservadora. Todos os refrigeradores
vendidos atualmente no país tem a etiqueta A, que indica o nível máximo de
eficiência estabelecido pelo Inmetro.
Nessa classificação, o
fabricante é beneficiado pela desoneração do Imposto sobre Produtos
Industrializados, com a alíquota reduzida de 15% para 10%. A perda anual de arrecadação para o governo é
de R$ 500 milhões, e a contrapartida, que seria a aplicação dos 5% em
investimentos na melhoria da eficiência dos aparelhos, não tem sido dada por
essas companhias.
Rafaela Silva lembra que o Inmetro vem conduzindo conversas com alguns setores chave sobre a questão dos refrigeradores, entre eles o Ministério de Minas e Energia, fabricantes e outros interessados na implementação de critérios mais rígidos de eficiência. O padrão estabelecido pelo instituto seria um meio termo, até onde o órgão acredita que poderia chegar.
Para a pesquisadora, é importante repensar a proposta em relação ao potencial de economia para o consumidor, ao impacto na matriz elétrica e, principalmente, na questão do IPI. “A gente está falando de um eletrodoméstico que está presente em 98% dos domicílios brasileiros. Os refrigeradores representam 32% da conta de luz”, alerta a técnica do Escolhas. (canalenergia)
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