sábado, 8 de maio de 2021

País desperdiçará com geladeiras ineficientes R$ 100 bi até 2030

País pode desperdiçar R$ 100 bi até 2030 com geladeiras ineficientes.

Instituto Escolhas aponta defasagem em relação a padrões internacionais, mesmo com um incentivo fiscal para a indústria de R$ 500 mi por ano.
O selo de eficiência dos refrigeradores no Brasil foi revisado há cerca de 15 anos, e uma proposta de atualização do sistema de etiquetagem que foi apresentada em consulta pública pelo Inmetro deve manter a defasagem dos equipamentos fabricados no país em relação aos padrões internacionais. Estudo em finalização pelo Instituto Escolhas mostra que o consumidor brasileiro conseguiria economizar R$ 101 bilhões em energia elétrica até 2030, com um consumo evitado de 129,6 TWh, se os aparelhos vendidos no país seguissem os níveis de eficiência da United for Efficiency (U4E), iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep).

Esse montante de energia economizada corresponde à demanda de 71 milhões de domicílios por ano, e representa, em termos de emissões, 55,5 milhões de toneladas de CO2 equivalente que poderiam ser reduzidas. O mesmo que retirar de circulação 3,3 milhões de veículos por ano.

A proposta lançada pelo Inmetro em março prevê o lançamento do novo selo de classificação das geladeiras no Brasil apenas em 2026, vinte anos depois da última atualização, e em padrão inferior ao U4E. O custo de energia evitado entre 2027 e 2030 será de R$ 16,8 bilhões; o consumo evitado, de 21,5 TWh e a redução das emissões de CO2eq de 9,2 milhões de toneladas.

“A revisão da etiqueta é importante, mas não poderia ter demorado tanto e não precisa ser em 2026. A gente já poderia ter refrigeradores mais eficientes”, afirma a coordenadora de Projetos do Instituto Escolhas, Rafaela Silva. Ela lembra que os fabricantes no Brasil são basicamente multinacionais, que comercializam aparelhos mais eficientes em outros países e não precisariam de cinco anos para adaptação à norma brasileira.

A pressão da indústria explica, então, a opção por uma mudança mais conservadora. Todos os refrigeradores vendidos atualmente no país tem a etiqueta A, que indica o nível máximo de eficiência estabelecido pelo Inmetro.

Nessa classificação, o fabricante é beneficiado pela desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados, com a alíquota reduzida de 15% para 10%.  A perda anual de arrecadação para o governo é de R$ 500 milhões, e a contrapartida, que seria a aplicação dos 5% em investimentos na melhoria da eficiência dos aparelhos, não tem sido dada por essas companhias.

Rafaela Silva lembra que o Inmetro vem conduzindo conversas com alguns setores chave sobre a questão dos refrigeradores, entre eles o Ministério de Minas e Energia, fabricantes e outros interessados na implementação de critérios mais rígidos de eficiência. O padrão estabelecido pelo instituto seria um meio termo, até onde o órgão acredita que poderia chegar.

Para a pesquisadora, é importante repensar a proposta em relação ao potencial de economia para o consumidor, ao impacto na matriz elétrica e, principalmente, na questão do IPI. “A gente está falando de um eletrodoméstico que está presente em 98% dos domicílios brasileiros. Os refrigeradores representam 32% da conta de luz”, alerta a técnica do Escolhas. (canalenergia)

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