terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Brasil deve despontar como mercado global de hidrogênio verde

BNEF: Brasil deve despontar como mercado global de hidrogênio verde.
Em 2030, custo nivelado no país deverá orbitar entre US$ 0,84 a US$ 1,31/ Kg.

O Brasil deve despontar nos próximos anos como grande mercado de hidrogênio verde. Em painel realizado em 12/11/21, durante o Brazil Windpower, o analista da Bloomberg New Energy Finance, James Ellis, revelou que o país deverá ter o menor custo nivelado (LCOH) de hidrogênio verde em 2030 entre todos os mercados analisados, com o índice variando entre US$ 0,84 a US$ 1,31/ Kg. Segundo ele, em 2050 o LCOH deve continuar competitivo, com um LCOH entre US$ 0,55 e US$ 0,57/ Kg.

BNEF sinaliza que o custo do H2 verde em 2050 será bem menor que o do hidrogênio convencional. Segundo Ellis, o armazenamento do insumo em grandes quantidades é um dos desafios mais importantes que o setor deverá enfrentar. O recipiente para transporte deve ser pelo menos 3,8 vezes maior que um de gás natural, o que encarece o armazenamento. O transporte também pede atenção, porque em alguns casos pode ser mais caro que a produção. Para que o energético tenha o mesmo nível de universalização do gás natural, ainda seria preciso um plano de melhorias na infraestrutura, já que o energético é incompatível com tubos e sistema existentes.

Levando em consideração os custos de produção, transporte e armazenamento de hidrogênio verde, a estimativa da BNEF é que a indústria em escala poderia usá-lo por um custo de diferença de US$2/ Kg em 2030 e US$ 1/Kg. Os custos ficariam menores para os países com mais recursos renováveis, com Brasil, Estados Unidos e Austrália. Para o analista, será importante para o Brasil estimular a demanda doméstica, sabendo onde o H2 pode ser fundamental. Ellis acredita que os caminhões pesados podem ser um nicho para o uso do hidrogênio. O transporte de cargas pesadas por longas distâncias e o uso em navios se mostra adequados, por precisarem de combustível leve e que ocupem pouco espaço.

Somente este ano, 16 países definiram estratégias para o insumo e outros 27 se preparam para isso. Para o Brasil, a promessa é que ainda este ano seja divulgado algum tipo de regramento. Para Agnes da Costa, Chefe da assessoria especial em Assuntos Regulatórios do MME, a tarefa do ministério tem sido avaliar como o H2 verde pode trazer valor para a economia brasileira. O MME tem acompanhado de perto os anúncios de hubs de hidrogênio. Ao contrário das eólicas offshore, a indicação é que não será criado um marco legal para o hidrogênio.

A negativa vem da premissa que ainda não foi detectada a necessidade de criação de algum tipo de regra. “Não existe essa lacuna que impeça a produção”, avisa. Outra negativa é sobre a chance de algum programa de incentivo ou subsídio específico para a fonte. Segundo ela, o país luta pela responsabilidade fiscal e o MME vem buscando nos últimos anos retirar subsídio e incentivos para que se veja o real custo de cada fonte ao sistema. “Espaço fiscal para incentivos a priori não há”, avisa.

Um spin off do laboratório de hidrogênio da Unicamp, a Hytron atua desde 2003 e no ano passado foi adquirida pelo grupo alemão Neuman & Esser, líder global no fornecimento de compressores e soluções para armazenamento e uso do energético. Daniel Lopes, diretor Comercial da empresa, também pede o olhar para o Brasil como mercado doméstico, mas também como fornecedor de tecnologia. “Gostaria de lembrar que boa parte dessa cadeia industrial já é muito robusta no Brasil”, salienta. Ele conta que o hidrogênio já é usado nas refinarias da Petrobras, com a diferença que para o H2 verde é a geração não fóssil. Para Lopes, o melhor transporte do insumo é como produto acabado. A Hytron tem um projeto com a Repsol Sinopec na área.

Com um memorando de entendimento assinado com o governo do Ceará e o Porto do Pecem, Luis Viga, Head of Green Hydrogen Projects Brazil da Fortescue, já vê pelos menos dez frentes de trabalho possíveis. Para ele, os trabalhos estão bem avançando a demanda inicial será de fora e o hidrogênio verde fará parte maior da transição energética da história. O diretor também elogiou o trabalho realizado pelo MME em prol do hidrogênio. “Temos conversado muito como se desenvolver”, relata, acreditando que também haverá um impacto tecnológico com o hidrogênio verde e no desenvolvimento de produtos como o aço e o cimento verdes que irão se beneficiar do movimento. (canalenergia)

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