Trata-se do segundo projeto
do gênero na América do Sul – o primeiro foi anunciado pelo ECB Group, dono da
BSBios, no Paraguai. Diferentemente do biodiesel, o HVO não precisa de
adaptação dos motores ou ser misturado ao diesel fóssil, já que suas moléculas
são idênticas.
A unidade da BBF, que será
erguida na Zona Franca de Manaus, terá capacidade para produzir inicialmente
500 milhões de litros de diesel verde por ano, o que representa 2% da demanda
atual da Vibra para vendas em todo o país. A expectativa é que a fábrica entre
em operação em 2025.
Hoje, o diesel verde não é
vendido nos postos nem comercializado em grande escala para indústrias, mas há
um interesse crescente pelo produto por parte de companhias que estão buscando
“descarbonizar” suas cadeias, diz Marcelo Bragança, diretor executivo de
Operações, Logística e Sourcing da Vibra Energia.
“A Vibra tem sido procurada
por clientes, como indústrias de mineração e do agronegócio, que precisam de
diesel para movimentar sua cadeia de produção e que, em sua grande maioria, têm
uma agenda de descarbonização, algumas com compromissos ‘net zero’ até 2030 ou
2050”, observa.
O executivo lembra que há perspectiva de regulação do uso do HVO no Brasil. Também existe um projeto de lei que propõe a criação de um mandato para a mistura de 2% do renovável no diesel fóssil a partir de 2027, como forma de estimular seu uso, já que o HVO tem um custo em geral mais elevado.
Cenário favorável
Mas Bragança afirma que,
independentemente dessa regulação, o cenário é favorável para a demanda pelo
produto no país. Segundo ele, a própria Vibra já importou diesel verde para
realizar testes no Brasil, e alguns de seus clientes também o fizeram.
De acordo com o CEO da BBF,
Milton Steagall, seu HVO de palma deverá ter um custo “bastante competitivo”
com relação ao próprio diesel fóssil. Ele diz que essa competitividade será
apoiada pelo fato de a empresa já ter uma rede de originação de óleo na região
amazônica e de ter incentivo tributário na zona franca.
A fábrica da BBF receberá o
óleo de palma produzido nas unidades que a companhia tem na região Norte e
também de dez novas áreas que a empresa está prospectando na Amazônia. Nas
áreas e extrusoras próprias, a BBF já conseguiria abastecer 70% da necessidade
da nova fábrica de HVO.
Steagall diz que todas as
novas áreas prospectadas estão dentro do zoneamento do óleo de palma, que só
permite o plantio de palmeiras em áreas desmatadas até 2007.
A BBF conta com quase 70 mil hectares plantados em Roraima e no Pará, mas já há áreas mapeadas para o cultivo em Rondônia, na região de Humaitá, no Amazonas, e na Ilha do Marajó, onde o cultivo já tem inclusive um financiador internacional garantido, conforme Steagall. O plantio deverá ser feito em módulos de 5 mil hectares cada, que deverão abastecer uma extrusora local de óleo, que depois fornecerá o produto para a nova fábrica na Zona Franca de Manaus.
Segundo o CEO da BBF, a estratégia é cultivar a palma em áreas remotas e escoar o óleo com apoio da Vibra, que tem experiência no escoamento por vias fluviais, o que também deve favorecer a redução de custos. (biodieselbr)
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