O recém aprovado projeto
Willow autoriza a exploração de três locais para perfuração de petróleo no
Alasca, o que envolve uma área de 93 mil hectares e pode significar a
exploração de até 199 poços para a extração de 180 mil barris por dia, 2,5 mil
empregos diretos na sua construção e cerca de 300 mil contratos de longo prazo.
Contudo, nos seus 30 anos de
vida útil, estima-se a consequente geração de 278 milhões de toneladas de CO2e
(CO2 equivalente) em uma região de preservação nos Estados Unidos.
Esse número corresponde às emissões geradas por mais de 1.500 automóveis a
combustão e necessitaria de um plantio de cerca de 40 milhões de árvores para
sua compensação, numa área na ordem dos 100.000 hectares.
Os americanos alegam que o investimento no projeto na ordem de USD 8 bilhões impedirá a exploração de cerca de 60 milhões de hectares offshore, preservando o ecossistema marítimo, mas os ambientalistas e a comunidade em geral não concordam com a exposição de uma região tão frágil e intacta.
A verdade é que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia gerou uma insegurança global quanto à geração e distribuição de energia no mundo, proporcionando aos países a corrida pela busca por fontes alternativas, renováveis ou não, e pela consolidação da matriz energética, não dependendo apenas de um país parceiro ou fonte. Some-se a isso o fato de que a demanda por energia vem aumentando no mundo e o suprimento de energia renovável, embora cresça em ritmo considerável, ainda não é capaz de ter uma representatividade percentual expressiva que ameace a supremacia das fontes fósseis. Isso sem falar nos custos, que em geral ainda são maiores na geração por fontes retornáveis.
Nesse sentido, os
especialistas em energia dizem que a transição para uma economia verde com
fontes renováveis, deve levar ainda décadas para se concretizar na prática.
Também é de conhecimento que o Alasca já tem mais de 80 poços perfurados em sua
área territorial e que o projeto em objeto é da década de 1990, prospectado e
idealizado pela empresa ConocoPhillips, maior produtora de petróleo na região.
Analisando a materialidade do projeto Willow, fica a questão do risco socioambiental que essa operação carrega em si, ameaçando o ecossistema nativo do Ártico, que além da população local, conta com animais como a morsa. Além disso, há a preocupação com a emissão de CO2 ocasionada pelo combustível extraído, que vem na contramão do Acordo de Paris de 2015, do qual os Estados Unidos voltaram a ser signatários em 2021, que tem por principal objetivo manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2º C no século.
A dicotomia geração de energia / “saúde” do planeta parece que ainda terá muitos capítulos. A inovação e a tecnologia ajudarão na consolidação dos modelos renováveis e na consequente suplantação das fontes emissoras de CO2. Contudo, resta saber se ainda haverá tempo suficiente para a reversão do cenário de degradação socioambiental quando a agenda verde florescer definitivamente. (ecodebate)
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