Esse caminho passa por
alternativas que vão da repotenciação, modernização e ampliação das usinas
existentes, construção de usinas reversíveis aproveitando ao máximo
reservatórios atuais para atuarem em circuito fechado com reservatórios
superiores construídos em locais criteriosamente escolhidos, até a construção
de usinas de pequenas que das (até 10 metros) com tecnologias de última
geração.
Todas essas e outras
possibilidades estão discutidas detalhadamente no editorial de 16 páginas da
edição de maio do boletim Energy Report, da consultoria PSR. “Cabe a todos nós,
agentes privados e governamentais, especialistas e consumidores assegurar que
este patrimônio seja usado da maneira que o país precisa, e merece”, conclui o
texto após fazer um verdadeiro inventário das perspectivas.
“No Brasil, a geração
hidrelétrica praticamente coincide com o desenvolvimento dos sistemas elétricos
por Thomas Edison, George Westinghouse e Nikola Tesla”, começa o editorial,
afirmando que a primeira usina hídrica do país foi inaugurada pelo imperador D.
Pedro II e que a UHE Fontes, em Piraí (RJ), de 24 MW foi “a Itaipu no início do
século XX”.
A PSR divide a história do
sistema hidrelétrico brasileiro em duas fases: Hidrelétricas 1.0, com a
construção de todo um sistema, incluindo a diversificação de bacias a partir
dos anos 1960. E Hidrelétricas 2.0, a partir do ano 2000, quando elas servem de
suporte para
a disseminação das novas
renováveis, atuando como espécies de “armazéns energéticos”.
Na sequência, a consultoria
propõe a fase das Hidrelétricas 3.0, no seu entender, uma janela de
oportunidades. Ela derivaria de fatores como as mudanças climáticas, os usos
múltiplos dos reservatórios, a necessidade de flexibilidade e armazenamento
para a gestão dos grandes montantes de renováveis intermitentes entrando no
sistema, a inviabilidade econômica e ambiental da construção de novos grandes
reservatórios e a sinergia entre as hídricas e solares para a construção de
usinas solares flutuantes.
A partir dessas premissas, a
PSR discute as possibilidades das hídricas em sete seções, começando pelo “Nexo
água, energia e clima”, passando pelas reversíveis (baterias de água),
flutuantes, modernização/repotenciação, ampliações, associadas aos leilões de
capacidade, até terminarem em um artigo sobre “Cheias, Mudanças Climáticas e
Segurança de Barragens”, escrito pelo especialista Jerson Kelman (colunista da
Brasil Energia), ex-diretor-geral da Aneel e ex-presidente da ANA.
O editorial está referenciado
em novas tecnologias desenvolvidas neste século, inclusive pela própria PSR,
para otimizar o aproveitamento hídrico e em experiências internacionais, como o
documento “Diálogo Incomum entre Hidrelétrica, Restauração de Rios e Segurança
Pública”, de 2018 (EUA), que, ao mesmo tempo, reconhece a importância das
hídricas para a descarbonização do sistema elétrico do país e sugere
alternativas para preservação dos ecossistemas aquáticos.
Na parte de reversíveis, o
texto cita o programa chinês de construção de 89 GW desse tipo de usina, quase
90% da atual capacidade hidrelétrica brasileira, como “recursos flexíveis à
disposição do planejamento do sistema de transmissão”.
O capítulo de modernização, repotenciação e ampliação é referenciado na famosa nota técnica “Repotenciação e Modernização de Usinas Hidrelétricas – Ganhos de eficiência, energia e capacidade instalada”, publicado pela EPE em 2019.
PCH Saltinho, no Rio Grande do Sul: obras iniciadas em setembro de 2023, prevista para inaugurar em 2025.
Com investimento de R$ 200
milhões, usina de 27,27 MW, no Rio Grande do Sul, teve suas obras iniciadas em
setembro de 2023.
A diretoria da Aneel aprovou
a declaração de utilidade pública (DUP) da área de 81,51 hectares necessária à
instalação da PCH Saltinho, de 27,27 MW, no rio Ituim, entre os municípios
gaúchos de Ipê e Muitos Capões. A construção da usina foi iniciada em setembro
de 2023 e sua operação comercial está prevista para começar em julho de 2025.
De acordo com o engenheiro
Luis Fernando Achá Mercado, responsável pela obra, a construção da usina, com
investimento de aproximadamente R$ 200 milhões, encontra-se em fase de
escavação dos três túneis, com pouco mais de 3 km somados, que farão parte das
instalações. Essa parte da obra está a cargo da empresa Pedra Branca
Escavações.
Os equipamentos, turbinas e
geradores que irão compor as três unidades geradoras da usina serão fornecidos
pela Weg, as obras civis estão a cargo da Fraga – Construções e Engenharia,
especialista em obras hidrelétricas no segmento de PCH, e a terraplanagem está
sendo executada pela gaúcha LJ Terraplanagem.
A PCH Saltinho vendeu 13 MW
med no leilão de energia nova A-4 de 2022, estando comprometida a entregar o
produto no mercado regulado a partir de janeiro de 2026. Como a usina deve
entrar em operação quase seis meses antes, a ideia é vender a produção no
mercado livre no intervalo anterior à obrigação já contrata da, antecipando
receita.
Mercado disse que a empresa
pretende iniciar as negociações dessa energia no segundo semestre deste ano.
Atualmente, segundo o engenheiro, está em andamento a licitação para a escolha
da empresa que construirá a linha de transmissão de 6 km necessária à conexão
da usina ao SIN.
Mercado é engenheiro da Estelar Engenheiros Associados, empresa especializada em projetos de geração renovável, idealizadora da usina. Viabilizado o projeto, a Estelar monta uma SPE, no caso a Saltinho Energia S.A., e negocia participações acionárias no empreendimento.
Renovável, limpa, nacional e com dezenas de outros usos para a água.
De acordo com o executivo, a
Estelar vem desenvolvendo vários outros projetos de PCHs para início de obras a
partir do próximo ano. Um deles é o da PCH Lebon Régis, de 6 MW, no município
catarinense do mesmo nome. Segundo Mercado, o projeto já possui licença
ambiental prévia (LP) e vendeu energia no leilão A-5 de 2022. (brasilenergia)