Estudo da consultoria inglesa mostra que projetos não decolam por falta de padronização da tecnologia, capacidade de fabricação e de infraestrutura portuária.
A tecnologia de geração de energia eólica offshore flutuante, até então considerada uma das mais promissoras da transição energética, passou a não ter mais seu futuro avaliado de forma muito otimista.
Mesmo que no conceito tenha
vantagens, sendo a principal a possibilidade de ser implantada em águas
profundas, onde também há ventos mais abundantes, vários projetos,
principalmente nos Estados Unidos e na Europa, tiveram o cronograma atrasado e
outra boa parte deles foram cancelados.
Além de o segmento sofrer os
mesmos problemas que o resto da fonte eólica, sobretudo o custo inflacionário e
as deficiências da cadeia de suprimentos, há outros mais específicos à solução,
que foram identificados em nova pesquisa da consultoria inglesa Westwood.
Divulgado em 29/05/24, o estudo se baseia em entrevistas com 184 partes interessadas (investidores, desenvolvedores e cadeia de suprimento) nesse segmento de mercado.
Para começar, 55% dos entrevistados citaram como maiores entraves para os projetos eólicos offshore flutuantes a falta de padronização da tecnologia (55%), de capacidade de fabricação dos sistemas (51%) e a insuficiente infraestrutura portuária (50%). Também mereceram citações, embora em percentuais mais baixos, a falta de apoio de governos e de políticas estratégicas, acesso a financiamento, entre outros motivos apontados com menor frequência pelos consultados.
De forma praticamente
unânime, os entrevistados também consideraram que a solução para destravar os
investimentos passa por medidas protecionistas. Segundo a Westwood, a
necessidade detectada é a de que os governos precisam fornecer políticas
específicas e apoio regulatório para o desenvolvimento da tecnologia. Além
disso, os consultados pedem redução de custos e investimento em infraestrutura
portuária.
Em previsão construída com
base nas entrevistas, a modalidade de geração eólica offshore flutuante, ao
ritmo e expectativas setoriais atuais, deve chegar em 2030 a apenas 3 GW de
potência instalada, sendo de 500 MW a 2 GW na Europa. Em 2040, o mundo só
conseguiria chegar a no máximo 10 GW, considerados volumes irrisórios em
comparação à demanda da transição energética.
Para se ter uma ideia de como
a previsão, se confirmada, seria decepcionante, apenas nos Estados Unidos a
meta do governo Biden, divulgada em 2022, era de chegar a uma capacidade eólica
offshore flutuante de 15 GW em 2035.
No Reino Unido, a meta seria de até 5 GW já em 2030. Também a Equinor, segundo o estudo, tinha planos de colocar em operação 1 GW ainda em 2027.
Não à toa, apenas nos Estados Unidos, onde havia vários projetos no nordeste do Atlântico, empresas como a dinamarquesa Orsted, Shell, Equinor e BP desistiram de parques eólicos offshore, boa parte deles com a tecnologia flutuante. (brasilenergia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário