quarta-feira, 10 de julho de 2024

Futuro da eólica offshore flutuante sob risco

Futuro da eólica offshore flutuante sob risco, aponta Westwood.
As projeções do GWEC indicam que uma capacidade nova significativa de energia eólica offshore de 380 GW deve ser construída até 2032. A região da Ásia-Pacífico deve contribuir com quase metade dessa capacidade, seguida pela Europa (41%), América do Norte (9%) e América Latina (1%).

Estudo da consultoria inglesa mostra que projetos não decolam por falta de padronização da tecnologia, capacidade de fabricação e de infraestrutura portuária.

A tecnologia de geração de energia eólica offshore flutuante, até então considerada uma das mais promissoras da transição energética, passou a não ter mais seu futuro avaliado de forma muito otimista.

Mesmo que no conceito tenha vantagens, sendo a principal a possibilidade de ser implantada em águas profundas, onde também há ventos mais abundantes, vários projetos, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, tiveram o cronograma atrasado e outra boa parte deles foram cancelados.

Além de o segmento sofrer os mesmos problemas que o resto da fonte eólica, sobretudo o custo inflacionário e as deficiências da cadeia de suprimentos, há outros mais específicos à solução, que foram identificados em nova pesquisa da consultoria inglesa Westwood.

Divulgado em 29/05/24, o estudo se baseia em entrevistas com 184 partes interessadas (investidores, desenvolvedores e cadeia de suprimento) nesse segmento de mercado.

Para começar, 55% dos entrevistados citaram como maiores entraves para os projetos eólicos offshore flutuantes a falta de padronização da tecnologia (55%), de capacidade de fabricação dos sistemas (51%) e a insuficiente infraestrutura portuária (50%). Também mereceram citações, embora em percentuais mais baixos, a falta de apoio de governos e de políticas estratégicas, acesso a financiamento, entre outros motivos apontados com menor frequência pelos consultados.

De forma praticamente unânime, os entrevistados também consideraram que a solução para destravar os investimentos passa por medidas protecionistas. Segundo a Westwood, a necessidade detectada é a de que os governos precisam fornecer políticas específicas e apoio regulatório para o desenvolvimento da tecnologia. Além disso, os consultados pedem redução de custos e investimento em infraestrutura portuária.

Em previsão construída com base nas entrevistas, a modalidade de geração eólica offshore flutuante, ao ritmo e expectativas setoriais atuais, deve chegar em 2030 a apenas 3 GW de potência instalada, sendo de 500 MW a 2 GW na Europa. Em 2040, o mundo só conseguiria chegar a no máximo 10 GW, considerados volumes irrisórios em comparação à demanda da transição energética.

Para se ter uma ideia de como a previsão, se confirmada, seria decepcionante, apenas nos Estados Unidos a meta do governo Biden, divulgada em 2022, era de chegar a uma capacidade eólica offshore flutuante de 15 GW em 2035.

No Reino Unido, a meta seria de até 5 GW já em 2030. Também a Equinor, segundo o estudo, tinha planos de colocar em operação 1 GW ainda em 2027.

Não à toa, apenas nos Estados Unidos, onde havia vários projetos no nordeste do Atlântico, empresas como a dinamarquesa Orsted, Shell, Equinor e BP desistiram de parques eólicos offshore, boa parte deles com a tecnologia flutuante. (brasilenergia)

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