O
sombreamento parcial é considerado um dos principais obstáculos na geração
energética de sistemas fotovoltaicos instalados em áreas urbanas. Árvores,
postes, fios, edificações vizinhas e até elementos da própria arquitetura, como
caixas d’água, telhados e chaminés, podem projetar sombras que comprometem a
eficiência dos sistemas.
Com
o avanço da tecnologia solar, diversas estratégias têm sido desenvolvidas para
otimizar a performance em condições de irradiação não homogêneas. Entre as
opções de inversores, destacam-se os modelos com múltiplos MPPTs, os inversores
com otimizadores e os microinversores. Uma recente inovação nesta área é o MPPT
Global, disponível em alguns inversores tipo string, como os das linhas Sungrow
RS e RS-L, CX-P2 e CX-P2-LV, RT e RT-P2. Essa solução permite que o inversor
string otimize a produção de energia, funcionando de forma semelhante a um
sistema com microinversores.
Qual
a diferença entre MPPT e MPPT Global?
A diferença principal é que, em situações de sombreamento, os algoritmos tradicionais de MPPT (Maximum Power Point Tracker), podem confundir máximos locais com o ponto de máximo global da curva P-V, comprometendo a eficiência. O MPPT Global, por sua vez, utiliza um algoritmo que realiza uma varredura periódica completa no sistema, identificando o ponto máximo global da curva P-V, reduzindo as perdas causadas pelo sombreamento.
Entenda de vez o que são MPPT e MLPE em inversores ou microinversores para a energia solar.
Qual
a diferença entre MPPT Global e Microinversores?
Em
termos de geração de energia, ambas as tecnologias buscam extrair o máximo
rendimento do sistema. No entanto, as principais diferenças entre elas incluem:
-
Configuração física do sistema: microinversores são instalados diretamente
atrás dos módulos, enquanto o inversor string é alocado em um local separado.
-
Informação de geração módulo a módulo: com microinversores, os dados de geração
são mais detalhados e específicos para cada módulo.
-
Tensão de operação: os microinversores operam com uma tensão menor, pois os
módulos são conectados diretamente a eles, de forma individualizada.
-
Custo: sistemas com inversores string são mais acessíveis do que sistemas com
microinversores.
MPPT
Global na prática
Em
parceria com o engenheiro Ariel Martins, da Sungrow, realizamos uma avaliação
detalhada de dois estudos de caso, comparando o desempenho dos sistemas antes e
após a ativação do MPPT Global.
Estudo de Caso 1
Antes
e depois da ativação do MPPT Global
O sistema operou com desempenho prejudicado desde o comissionamento até 24/04/2024, quando o MPPT Global foi ativado. Após essa ativação, o perfil de geração diário mudou, como mostra o gráfico a seguir.
Comportamento do sistema no dia 24/04/2024 (à esquerda) e no dia 25/04/2024 (à direita).
Em 24/04/2024, às 10h da manhã, o sistema produzia 0,363 kW. Com a ativação do MPPT Global, a produção no mesmo horário subiu para 2,153 kW, um aumento de 493%, resultando em uma curva de geração bem mais uniforme ao longo do dia.
Comportamento do sistema às 10h do dia 24/04/2024 (acima) e às 10h do dia 25/04/2024 (abaixo).
Quanto à energia final produzida, houve um ganho de 24,3% ao comparar os dois dias de análise. Em 24/04/2024, foram gerados 21,4 kWh, enquanto em 25/04/2024, a produção aumentou para 26,6 kWh. Para confirmar se a irradiação disponível nos dois dias foi semelhante, os dados foram comparados. Às 10h da manhã, a irradiação solar de 24/04 foi 2% superior à de 25/04, o que indica que o ganho proporcionado pelo MPPT Global foi ainda maior.
Disponibilidade de irradiação solar nos dias 24/04/2024 e 25/04/2024.
Estudo
de Caso 2
O segundo caso refere-se a um sistema fotovoltaico instalado na cidade de Ribeirão Preto, SP, implementado em duas etapas. Na primeira fase, o cliente instalou um sistema de 9,69 kWp, composto por 17 módulos de 570 W conectados a um inversor SG8.0RS-L em uma das coberturas. Posteriormente, o sistema foi ampliado com a instalação de mais 10 módulos fotovoltaicos de 570 W, utilizando um inversor SG5.0RS-L. Este segundo sistema apresenta sombreamento tanto no início da manhã quanto no final da tarde, motivo pelo qual foi adotado um inversor com 2 MPPTs.
Estudo de caso 2: Sistema parcialmente sombreado em Ribeirão Preto/SP.
Antes
e depois da ativação do MPPT Global
Uma semana antes da ativação do MPPT Global, era evidente o impacto do sombreamento tanto na geração de energia pela manhã quanto no período da tarde.
Potência CC do inversor (laranja) e irradiação solar disponível (azul) antes da ativação do MPPT Global.
No dia 14/09/2024, o MPPT Global foi ativado e os perfis de geração e irradiação tornaram-se muito mais coincidentes. O aumento de geração energética foi visível, com a geração ocorrendo sempre que havia irradiação solar disponível.
Potência CC do inversor (laranja) e irradiação solar disponível (azul) após a ativação do MPPT Global.
Em seguida, foram selecionados dois dias com perfis de irradiação solar semelhantes para comparar o desempenho do sistema: um dia antes e outro após a ativação do MPPT Global.
A geração total no dia 12/09/2024 foi de 21,08 kWh, enquanto no dia 17/09/2024, a geração total alcançou 27,30 kWh. Com a ativação da função MPPT Global, houve um aumento de 30% na produtividade diária. Ao analisarmos a potência instantânea a cada 15 minutos, os ganhos tornam-se ainda mais evidentes. Houve um aumento na geração tanto no período da manhã quanto à tarde. Às 9h30, após a ativação do MPPT Global, a produção atingiu um valor 477% superior.
O gráfico a seguir ilustra esses ganhos ao comparar os dias 12/09/2024 e 17/09/2024.
Quais os passos para ativar o MPPT Global no aplicativo?
1.
Acesse o aplicativo Sungrow iSolarCloud.
2.
Localize a planta na qual deseja ativar a função.
3.
Selecioe o dispositivo (inversor).
4.
Vá em “Configurações”.
5.
Acesse as “Configurações Avançadas”.
6.
Selecione “Controle de potência”.
7.
Clique em “Varredura de MPPT Global” e ative a função na caixa de seleção.
8.
Em “Varredura periódica”, ative novamente na caixa de seleção.
9.
Um novo campo aparecerá, chamado “Periodicidade de digitalização”. Neste campo
defina o período em que se deseja realizar a varredura (em minutos). Em média,
10 minutos é um tempo razoável para essa verificação.
10.
Por fim, aplique as configurações.
11.
Pronto! O seu sistema está ativado e a otimização do seu sistema começa
imediatamente.
MPPT
Global e os Sistemas BIPV
O MPPT Global se alinha perfeitamente com os sistemas BIPV (Building-Integrated Photovoltaics), que integram a geração de energia solar diretamente na arquitetura de edificações. Assim como os sistemas BIPV, que visam otimizar o uso do espaço urbano sem comprometer a estética, o MPPT Global oferece uma solução inovadora e prática para maximizar a eficiência energética em ambientes onde o sombreamento é um desafio. A capacidade do MPPT Global de identificar e rastrear o ponto de máximo global da curva de potência permite que os sistemas BIPV, que muitas vezes estão sujeitos a variações na irradiação devido à configuração do edifício, operem de forma mais eficiente. Essa sinergia não apenas potencializa a geração de energia, mas também promove uma integração harmoniosa entre a arquitetura e a tecnologia solar, tornando os projetos BIPV ainda mais atraentes e funcionais. Com a combinação de eficiência e estética, tanto o MPPT Global quanto os sistemas BIPV contribuem para um futuro mais sustentável, onde a energia solar se torna uma parte essencial do design arquitetônico contemporâneo.
Topo de prédio na metrópole com painéis solares.
O
número de painéis solares a uma distância mais curta entre uma casa é o fator
mais importante para determinar a probabilidade de seus vizinhos aderirem ao
benefício e terem um painel solar também. Ou seja: painéis solares são
contagiosos! (pv-magazine-brasil)
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