domingo, 14 de novembro de 2010

Agricultura, Segurança e Soberania Alimentar

Agricultura Ecológica, Segurança e Soberania Alimentar

A agricultura evoluiu nos últimos 12 mil anos de acordo com as necessidades alimentares das comunidades, sociedades e povos. Portanto, ocorreu neste período uma evolução conjunta dos sistemas agrícolas e da cultura humana. A agricultura foi uma revolução técnica que estimulou a cooperação, solidariedade, troca de informações e intercâmbios intra e inter comunidades, possibilitando um acúmulo de conhecimentos aos agricultores sobre diversos aspectos dos ciclos naturais, uso da terra, seleção de sementes, correções dos solos, utilização de recursos hídricos e muitos outros saberes agronômicos e ecológicos que possibilitaram a passagem definitiva dos caçadores-coletores nômades para as sociedades de agricultores, que se localizaram principalmente nos vales e foz dos rios, originando provavelmente as primeiras aldeias e cidades fixas.
A agroecologia tem como objetivo a segurança e soberania alimentar das comunidades e famílias, resgatando a função original da agricultura de produzir alimentos saudáveis sem alterar negativamente os ciclos naturais e a biodiversidade. As práticas sociais e comunitárias promovem o abastecimento dos produtores e das comunidades locais e regionais com alimentos saudáveis, produzidos sem fertilizantes químicos e/ou nitrogenados, com uso racional da água e resultado da interação entre os trabalhadores e a natureza. A distribuição e comercialização direta aos consumidores (através de feiras, agroindústrias familiares, fornecimento para escolas, entidades assistenciais) fortalecem experiências de economia solidária, resgatando relações históricas entre comunidades rurais e espaços urbanos próximos.
A diversidade na produção é fundamental à afirmação da agricultura ecológica assim como a criação de espaços específicos de comercialização e a formação de redes, associações e cooperativas de produtores e consumidores, que podem ser unificadas. A agrobiodiversidade facilita a participação e integração familiar, sendo todos indispensáveis nos processos produtivos e de sobrevivência econômica dos grupos familiares. O resgate e preservação das sementes crioulas, a valorização de espécies nativas, a policultura, os sistemas agroflorestais e as hortas e quintais domésticos são fundamentais ao desenvolvimento e promoção de uma alternativa agrícola que garanta a sustentabilidade ambiental, social, cultural e econômica dos seres humanos, fortalecendo relações de solidariedade e autonomia entre os povos.
A agroecologia não é somente um modelo de produção sem agrotóxicos, adubos químicos ou organismos modificados geneticamente. É uma forma de se relacionar com a natureza e com os outros seres humanos, resgatando os produtores e consumidores como protagonistas e parceiros nas relações econômicas e reforçando uma ética de respeito à vida, justiça social e construção coletiva de uma sociedade ecológica e solidária, mediada pela consciência e a promoção de modos de vida sustentáveis. (EcoDebate)

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