Aposentado utilizou sucata para desenvolver gerador que pode alimentar rádio, TV, celular e bomba d'água.
Está nascendo, em Bauru (SP), a máquina que poderá levar às regiões distantes das redes de distribuição uma solução de baixo custo para a falta de eletricidade. Trata-se de um gerador construído com sucata e capaz de produzir até 80 ampères (o equivalente a 16 CV), movido por tração animal, como as antigas olarias e engenhos de açúcar e aguardente.
Seu inventor, o aposentado Sebastião Pereira da Silva, de 82 anos, conhecido na cidade como "professor Pardal", montou o aparelho utilizando o diferencial e a bateria de um caminhão, o alternador de um automóvel e um conjunto de engrenagens que ele próprio desenhou, para fazer a força animal chegar ao dínamo com 2.800 RPMs. Isso é suficiente para gerar a energia que alimenta rádio, TV, telefone celular, bomba d"água, casa de farinha, carrega baterias e ilumina até uma quadra inteira.
Escala comercial. O protótipo foi exibido para alguns possíveis interessados e a aceitação levou Silva a decidir pela produção das primeiras 25 unidades de série. "Estou retirando os exageros do projeto e dentro de um mês começarei a produzir os geradores em escala comercial, com peso reduzido, peças novas e garantia de bom funcionamento", diz o inventor, adiantando que cada unidade deverá custar aproximadamente R$ 8 mil. Já existem interessados até na África, mas seu objetivo é atender ao mercado brasileiro, especialmente o Nordeste e a região amazônica. Para isso, pretende enviar o projeto para a avaliação técnica e econômica do BNDES, na tentativa de incluí-lo entre os bens financiáveis por meio de suas linhas de crédito e fomento.
O engenho nasceu da necessidade do próprio inventor. Precisando fazer funcionar uma serra de metais, numa propriedade sem eletricidade, recorreu ao alternador de automóvel. Executado o serviço, ficou com o residual e concluiu o gerador, projetando-o para a tração animal. "Pensei, inicialmente, nos jegues do Nordeste, mas nada impede que a tração seja feita por cavalos, bois, cães de grande porte ou até por uma pequena motocicleta. O importante é girar as engrenagens e cada usuário o fará com a força que tiver disponível."
Mourões e dengue. Silva tem uma longa carreira de invenções. Nos anos 1990, concluiu pesquisas sobre a reciclagem e prensagem de plásticos e produziu mourões para cerca, cruzetas para postes de iluminação e dormentes ferroviários, todos de plástico reciclado e injetado e já patenteado. "Tudo isso é perene. Dura a vida toda e mais seis meses", diz, acrescentando que, produzidos em série, esses materiais têm preços compatíveis com o mercado e, como resultado ecológico, contribuem para retirar da natureza grande quantidade de peças plásticas que, sem reciclagem, constituem um grande problema ecológico.
Seu trabalho mais recente é uma arapuca para prender a larva do mosquito da dengue. Constituída por uma garrafa pet e um tubete daqueles utilizados para o plantio de mudas, a peça atrai os insetos, que põem os ovos no seu interior com água, e aprisiona os insetos ali nascidos, evitando a proliferação.
Engenhoca leva luz, TV e internet a regiões distantes
O principal propósito do gerador é levar a eletricidade àqueles que ainda não podem dela desfrutar. "Vamos tornar a vida mais fácil, com o auxílio de equipamentos elétricos e, além disso, proporcionaremos um ganho de qualidade muito grande para a população desses bolsões, facilitando-lhes o acesso à eletricidade", diz o inventor, que prevê a utilidade do seu invento para o abastecimento até dos carros elétricos do futuro.
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