O suinocultor José Carlos Colombari, de São Miguel do Iguaçu, comprova como o investimento em energia renovável impulsiona os negócios no campo. Ele está praticamente dobrando sua produção, graças ao saneamento ambiental e à economia de energia proporcionada pelo aproveitamento do biogás para o abastecimento de eletricidade em sua granja.
Colombari é um dos pioneiros do autoabastecimento energético no país e sua propriedade – a Granja Colombari – faz parte da Plataforma Itaipu de Energias Renováveis. Ele gera sua própria energia desde 2006 e, desde janeiro de 2009, está ligado à rede pública (Copel).
Agora, Colombari está aumentando seu plantel, que no início era de 3 mil cabeças de suínos, para 5 mil unidades, o que lhe permitirá aumentar a renda como produtor rural e como produtor de energia. Para dar conta desse incremento, ele já aposentou o antigo gerador, de 50 KVA, e adquiriu um novo, de 100 KVA. Também foi construído um novo biodigestor, para comportar o acréscimo na produção de dejetos. Essa infraestrutura (gerador + biodigestor) foi contemplada com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), num financiamento de R$ 150 mil.
“Tenho oito anos para pagar, mas com o retorno esperado para esse investimento seria possível liquidar tudo neste ano mesmo”, comemora o produtor. “Como a gente consegue fazer o tratamento ambiental dos dejetos, é possível aumentar a quantidade de animais e a produção de carne, além de ter mais biogás para a geração de energia e também para a geração de créditos de carbono”, resume.
Hoje, Colombari tem um plantel de 4.200 suínos. Chegará a 5 mil nos próximos 90 dias, com o término da construção do último barracão. A partir de então, o novo gerador (considerando uma média de funcionamento de 16 horas por dia e de 25 dias por mês) deverá produzir de 32 mil a 35 mil kilowatt-hora/mês. Como o consumo da propriedade é de 7 mil a 7,5 mil kilowatt-hora, a granja venderá cerca de 25 mil kW-h mensais.
A venda de energia vai proporcionar uma renda mensal de aproximadamente R$ 3.500,00. Mas esse não é o único benefício proporcionado pelo sistema adotado por Colombari. Além de se autoabastecer de energia e da renda com o comércio do excedente, ele economiza outros R$ 1 mil por mês com a produção de biofertilizante (subproduto do processo de geração do biogás).
O biofertilizante é aplicado sobre as pastagens, que crescem duas vezes mais rápido. Enquanto em um sistema normal de rotação de pastagem o boi retorna para o mesmo local após 35 dias, com a fertirrigação, isso ocorre a cada 18 dias. O sistema ainda incrementa a produtividade: enquanto a pecuária de corte registra uma média de 1 ou 2 animais/hectare (nacional) ou de 4 a 5 animais/hectare (regional), a Granja Colombari maneja 10 animais/hectare. No total, são 300 bois/ano na propriedade.
Biogás – Colombari faz parte de uma nova economia rural, que vem demonstrando o quanto a energia gerada através do biogás é estratégica para o Brasil. Ele se beneficiou do novo cenário proporcionado pelas normativas 390 e 395 de 2009 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que autorizam a Geração Distribuída a partir do biogás no Brasil. Com a resolução, qualquer distribuidora de energia elétrica de todo o país pode comprar eletricidade produzida por biodigestores.
Isso ocorreu a partir de quatro anos de estudos realizados no Oeste do Paraná, pela Itaipu e demais parceiros da Plataforma Itaipu de Energias Renováveis com a implantação de unidades de demonstração de diversos portes, todas usando biogás de efluentes e resíduos orgânicos de suínos, bovinos de leite, frigorífico de aves, e uma estação de tratamento de esgotos urbanos. E foi na Granja Colombari que o programa mostrou sua viabilidade técnica, econômica e ambiental.
A Itaipu vem fomentando o desenvolvimento dessa cadeia em diversas frentes, tais como o estímulo à utilização de tecnologias desenvolvidas na região (como no caso do empreendedor Pedro Kohler, que criou um biodigestor que será empregado no Condomínio de Agroenergia da Agricultura Familiar, em Marechal Cândido Rondon); através de estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental de projetos de Geração Distribuída na região Oeste do Paraná; e através do incentivo à capacitação, como o primeiro curso de Engenharia das Energias Renováveis, abrigado na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e cujas aulas já começaram. (ambienteenergia)
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