segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Agricultor familiar e a energia solar

Agricultor familiar faz cultivo protegido com energia solar
Com o filho, Clésio da Silva, o produtor Antônio Aroldo Muniz da Silva dá exemplo de como conviver com o semiárido nordestino
No pomar do agricultor familiar de Itatira estão plantadas, fora da estufa, verduras como tomate, pimentão, beterraba e cenoura.
Itatira
Um agricultor residente na zona rural deste Município, a 216 quilômetros de Fortaleza, localizado no semiárido Nordestino, está dando bom exemplo de como conviver com a falta de chuvas e preservar o meio ambiente. Antônio Aroldo Muniz da Silva, de 49 anos, conhecido no meio rural por "Chico Dôra", morador de Poço da Pedra, que fica a 30 quilômetros da sede do Município, ao lado da CE-366, não esconde a sua alegria de ser o único do Estado do Ceará a produzir alimentos orgânicos que estão sendo utilizados no cardápio da merenda escolar de Itatira.
Energia solar
Tudo começou depois que o Governo do Estado implantou uma estufa de 98 metros quadrados para o plantio de 867 pés de tomate e 40 pés de pimentão, para uma experiência. Segundo o agricultor familiar, o projeto faz parte do Fundo de Combate a Pobreza (Fecop) e funciona por meio de energia solar.
A instalação veio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA). De início, o projeto atenderia 25 famílias, mas ninguém acreditou no sucesso e tudo ficou nas mãos de seu Chico Dôra, como é conhecido na região, e de seu filho, Antônio Clésio Sousa da Silva, de 23 anos. Foram investidos R$ 26 mil. Além da estufa, existem na horta um tanque de 50 mil litros de água, um cacimbão no leito do Rio São Joaquim e a produção de energia solar por meio de nove placas instaladas ao lado da área de produção.
No pomar do agricultor familiar estão plantados fora da estufa tomate, pimentão, beterraba, cenoura, alface, cheiro verde, goiaba, jerimum, melancia, pimenta de cheiro, quiabo, macaxeira, batata doce, melão verde, pepino, entre outros cultivares.
Permanente
A água permanente, que corre por gravidade, ajuda na produtividade. A renda de produção familiar de Chico Dôra gira em torno de R$ 1.542,34. Além de vender para a Prefeitura, a produção também é comercializada entre as famílias que moram na área. "Minha intenção é ampliar o programa de convivência com a seca. Estou vivendo uma experiência muito boa na minha vida, com essa modalidade de trabalho produtivo sem agrotóxicos", disse o agricultor familiar.
A horta oferece uma série de vantagens. Os produtos são orgânicos, sem veneno e, ainda, ajudam a preservar o meio ambiente. Chico Dôra cria galinhas que se alimentam dos restos de verduras que passam pelo processo de qualidade.
O próximo passo, segundo ele, é a implantação de colmeias para a criação de abelhas Jandaíra, porque elas aproveitariam a flora do maracujá, da goiaba e de outros cultivos naturais para a produção do mel.
Orgânico
Para os técnicos da Ematerce de Itatira, o objetivo é favorecer o plantio orgânico, protegendo as plantas de pragas e doenças, além de incrementar a produção sem agrotóxicos. "Sempre incentivamos a agricultura familiar. Esse projeto do Governo do Estado, graças à força do nosso sertanejo, está dando certo. Está gerando emprego e renda para esse produtor que sempre acreditou na agricultura familiar", observa o prefeito da cidade Zé Dival.
Os resultados positivos que estão sendo alcançados na localidade de Poço da Pedra, com o projeto do cultivo protegido e solar, é uma iniciativa da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce), Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), em parceria com a Coordenadoria de Desenvolvimento da Agricultura Familiar do Instituto Agropolos.
Comunitária
Na visão do presidente do Instituto Agropolos do Ceará, Celso Crisóstomo, o projeto de cultivo protegido e energia solar funciona com uma mão-de-obra totalmente comunitária, que busca aproveitar a energia solar para plantação de hortaliças orgânicas. "Essa produção é vendida facilmente, porque hoje a nova realidade do campo já traz a consciência de que se faz necessário o consumo de produtos sem a presença de produtos que tragam prejuízos a saúde humana", ressalta Celso Crisóstomo.
Ele defende e assegura que o cultivo protegido é uma das alternativas de maior viabilidade técnica e econômica para aumentar a produtividade de hortaliças e reduzir a aplicação de defensivos agrícolas.
"Os resultados do cultivo protegido e energia solar em Poço da Pedra em Itatira, onde apenas um agricultor cuida de tudo, mostram que é possível a instalação dessa modalidade em outras áreas dos Sertões de Canindé. Tudo passa pela geração de renda, preservação do meio ambiente e o consumo de alimentos saborosos na mesa da população", destaca Celso. (semiarido)

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