quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Protestos contra o futuro radioativo do Brasil

Países como Alemanha e Suíça estão saindo do uso da Energia Nuclear: simplesmente porque é perigoso demais e ninguém sabe onde deixar o lixo atômico no final. Itália e Áustria já desistiram há muitos anos atrás da opção nuclear.
A realidade do século 21 depois de Chernobyl e Fukushima é essa: a maioria dos países do mundo nunca quisera ou não querem mais usinas nucleares. Até a grande empresa alemã Siemens acabou com o seu setor de energia nuclear.
Mas, ao contrário desta onda de países “desenvolvidos”, países como o Brasil e a Índia estão investindo bilhões de dólares neste setor radioativo e de riscos não contáveis.
A nova Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, continua o programa nuclear civil e militar do Governo Lula da Silva. A Dilma não apenas confirmou a construção do primeiro submarino nuclear da América Latina, como também iniciou a construção de Angra 3, no Estado do Rio de Janeiro e deu sinal verde a outras usinas nucleares no Nordeste, especialmente no Sertão de Pernambuco, às margens do Rio São Francisco.
Em Recife, um documento oficial do escritório regional da Eletronuclear, estatal responsável pela implantação e operação de usinas nucleares no governo federal, aponta às margens do Lago de Itaparica, perto da pequena cidade de Itacuruba, no Sertão do São Francisco, distante 481 km do Recife, como a primeira opção para a instalação de uma usina nuclear no Nordeste. “Em Pernambuco, o local escolhido é Itacuruba. É o local mais adequado ao projeto. Outros Estados também têm interesse e o governo Dilma pode fazer duas centrais”, afirma uma fonte do governo do Estado, sob reserva.
Mas nem todo mundo no Brasil está satisfeito com a decisão Pro-Nuclear do Governo Dilma. Começaram prostestos, especialmente contra os planos de novas usinas nucleares. Do dia 28 a 31 de outubro, a Caravana Antinuclear estará percorrendo os municípios pernambucanos de Belém do São Francisco, Floresta, Itacuruba e Jatobá. O objetivo é levar para estas cidades sertanejas informações sobre os impactos que ocorrerão com a instalação de uma usina nuclear em Itacuruba.
A caravana anti-nuclear é liderada pelo MESPE – Movimento Ecossocialista de Pernambuco, com apoio da Fundação Heinrich Boell, Caritas, Greenpeace, Articulação Anti Nuclear Brasileira e CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviço.
“A Caravana terá atividades integradas como exposições, debates, feira de ciências, apresentação de teatro, cantadores e poetas populares, para ajudar a população a compreender os riscos de uma usina nuclear na região, assim como as possibilidades de gerar energia elétrica a partir do sol, dos ventos, de outras fontes renováveis de energia que não destroem a natureza e nem causam danos às pessoas”, informa o coordenador da Caravana, Físico e Professor da Universidade Federal de Pernambuco Heitor Scalambrini Costa. “A Caravana Anti-nuclear espera alertar as populações para os riscos da instalação dessa usina. O governo decidiu e planeja instalar a usina nuclear, mas não faz um diálogo com o povo da região para que ele fique ciente dos riscos, principalmente à saúde e ao meio ambiente. A Caravana vem para cumprir esse papel, para isso organizações locais ajudam a mobilizar o maior número de pessoas.”
Faz parte da Caravana Antinuclear a minha exposição fotográfica “Mãos de Césio” sobre as vítimas do acidente com o Césio 137 em Goiânia. As vítimas do césio ainda lutam por indenizações. A exposição é um projeto do Arquivo Amerelo e do Uranium Film Festival e foi feita com fotos da AVCésio, DocJB e Memória Roberto Pires, com apoio da Fundação Heinrich Boell. Também é importante saber que este grave acidente nuclear pode acontecer a qualquer momento e em qualquer lugar do Brasil e do mundo, onde tiver falta de controle adequado dos aparelhos radioativos usados em hospitais e dos aparelhos usados para a radiação dos alimentos. A exposição já foi exibida no Rio de Janeiro e Salvador. Espero que a exposição “Mãos de Césio” chegue à Goiânia, à Brasília e a outras regiões e países, como por exemplo, Galícia e Portugal.
Veja a lista de alguns países sem Usina Nuclear
Arábia Saudita, Áustria, Austrália, Bahamas, Barbados, Bolívia, Cazaquistão, Chile, Cingapura, Colômbia, Costa Rica, Croácia, Cuba, Dinamarca, Escócia, El Salvador, Estônia, Filipinas, Grécia, Guatemala, Honduras, Irlanda, Islândia, Israel, Itália,, Letónia, Líbano, Luxemburgo, Madagáscar, Malásia, Marrocos, Namíbia, Nova Zelândia, Nicarágua, Nigéria, Noruega, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Quênia, República Dominicana e Uruguai. (EcoDebate)

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