Agência da ONU suspeita que instalação em Al-Hasakah era parte de plano atômico
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) suspeita que a Síria tenha construído no passado uma instalação para um programa clandestino de desenvolvimento de armas nucleares. A afirmação foi feita nesta terça-feira, 1, por um diplomata envolvido nas investigações da organização em entrevista para a agência de notícias Associated Press.
Imagem feita por satélite mostra complexo militar na cidade de Al-Hasakah, noroeste da Síria.
A divulgação da suspeita foi feita ao mesmo tempo que o regime sírio, por meio de sua imprensa estatal, diz ter chegado a um acordo com a Liga Árabe para encerrar a repressão aos opositores. A entidade formada pelos Estados árabes ainda não confirmou a informação.
Juntamente com a descrição do suposto plano nuclear da Síria, foi divulgada uma foto da instalação na cidade de Al-Hasakah. Atualmente, o local - que lembra uma instalação semelhante à construída por Muamar Kadafi, na Líbia, para seu programa nuclear - é usado para outras finalidades.
Correspondências
Também teriam sido encontradas correspondências trocadas entre o regime sírio e Abdul Qadeer Khan, pai da bomba atômica do Paquistão - acusado de vender tecnologia e segredos nucleares para países da região.
O governo sírio não comentou a suspeita e a AIEA também não confirmou nem negou a informação divulgada hoje. Em 2007, Israel bombardeou outra instalação na Síria. Na ocasião, israelenses e sírios evitaram falar do que se tratava.
A instalação suspeita relatada pela AP seria própria para o enriquecimento de urânio, enquanto o local destruído por Israel seria para plutônio. Dessa forma, estima-se que a Síria estivesse atuando por meio das duas vias alternativas em seu suposto programa nuclear.
Oficialmente, o regime de Assad, que enfrenta um levante de opositores em várias partes do país, nega que esteja desenvolvendo armas atômicas. Os sírios são signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).
Sanções
Caso seja comprovada a existência de um programa nuclear clandestino, Damasco correria o risco de sofrer sanções semelhantes às impostas ao Irã. Também não se descarta a possibilidade de aumentar a pressão para que o regime concorde com mais inspeções da AIEA. No Conselho de Segurança da ONU, diplomatas dizem que a divulgação da suspeita serviria apenas "para esquentar uma resolução contra a Síria", indicando que nada será feito sem uma confirmação oficial da agência.
Além das cinco potências que são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, França, Grã-Bretanha e China), Israel, Paquistão, Índia e Coreia do Norte têm armas nucleares. Os quatro últimos países, porém, diferentemente da Síria e do Irã, não integram o TNP.
O regime de Assad conseguiu evitar uma resolução contra seu regime no mês passado. O texto condenava a violenta repressão a opositores, que já deixou mais de 3 mil mortos, segundo a ONU. O suposto programa nuclear não era mencionado.
Minas
A Síria também foi acusada na terça de estar colocando minas na fronteira com o Líbano. Mesmo antes dos levantes, a fronteira era usada para o contrabando de armas. No entanto, o fluxo era do território sírio para o libanês. Agora, a rota foi invertida.
Em Beirute, a polícia libanesa acusou Damasco de invadir o Líbano e sequestrar quatro dissidentes. Entre eles, está Shibli al-Aisamy, de 89 anos, um dos fundadores do Partido Baath, de Assad. Os outros três são irmãos. Eles teriam sido levados para a Síria e estão desaparecidos. (OESP)
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