Cidade de Xangai na China: entre 2000 e 2008, o País duplicou sua demanda de energia
À medida que milhões de pessoas entram no mercado de consumo todo ano, sobretudo na Ásia, a demanda global de energia não para de crescer. A crise nuclear no Japão e a revolta no Oriente Médio levantam a dúvida - haverá energia para todos?
Demanda Global
O futuro da energia
A cidade que esbanja luz na foto ao lado não está nos Estados Unidos, na Alemanha ou em outro país rico do mundo. É Xangai, a "cabeça do dragão", a locomotiva da China, nação que entre 2000 e 2008 viu seu consumo de energia se multiplicar por 2. O salto foi provocado por novas fábricas, obras de infraestrutura, consumidores ávidos por eletrodomésticos e carros. Será justamente na Ásia, e pelos mesmos motivos, que a demanda por energia irá crescer - e crescer de forma voraz - nas próximas décadas. A China, desde 2009 o maior consumidor de energia do mundo, deverá continuar sua escalada no ritmo dos últimos anos. Espera-se que outros países sigam o mesmo caminho. Até 2030, segundo estimativas da Agência Internacional de Energia, a fatia da Ásia no consumo de energia global será maior do que a da América do Norte e a da Europa juntas. Para o conjunto da humanidade, trata-se de uma conquista a comemorar.
Somente na Índia, são 400 milhões de pessoas às escuras, número equivalente a duas vezes a população brasileira. Mas, para iluminar o continente asiático -e, em menor escala, o latino-americano e o africano -, o mundo terá de aumentar a produção de energia em 30% até 2030. Trata-se de um desafio que já estava colocado, mas que assumiu proporções dramáticas desde o início do ano. Primeiro, as revoltas no Oriente Médio jogaram o preço do petróleo nas alturas. Depois, a crise nuclear no Japão fez renascer antigos pavores. O desafio energético, hoje mais do que nunca, preocupa não apenas os países emergentes, ansiosos para seguir avançando, mas os ricos também, que terão de dividir os recursos energéticos de que dispomos hoje.
Somente na Índia, são 400 milhões de pessoas às escuras, número equivalente a duas vezes a população brasileira. Mas, para iluminar o continente asiático -e, em menor escala, o latino-americano e o africano -, o mundo terá de aumentar a produção de energia em 30% até 2030. Trata-se de um desafio que já estava colocado, mas que assumiu proporções dramáticas desde o início do ano. Primeiro, as revoltas no Oriente Médio jogaram o preço do petróleo nas alturas. Depois, a crise nuclear no Japão fez renascer antigos pavores. O desafio energético, hoje mais do que nunca, preocupa não apenas os países emergentes, ansiosos para seguir avançando, mas os ricos também, que terão de dividir os recursos energéticos de que dispomos hoje.
De onde virá a energia que vai iluminar nossas cidades e movimentar nossas fábricas? Ninguém tem respostas acabadas, mas alguns consensos começam a surgir. "Se não existisse o petróleo, teríamos de inventá-lo." A frase de Robert Bryce, autor de Power Hungry - the Myths of "Green Energy" and the Real Fuels of the Future ("Fome de energia - os mitos da energia verde e os reais combustíveis do futuro", numa tradução livre), vale também para o carvão e o gás natural. Nos anos 70, essas três fontes dominavam a matriz do planeta. Hoje, ainda reinam - respondem por 81% da oferta. Daqui a 20 anos, a participação deve cair, mas elas ainda terão uma fatia de 75%. "O petróleo é essencial para o transporte, e o carvão é o responsável por 40% da geração de energia elétrica do mundo", diz Lynn Orr, diretor do Instituto Precourt de Energia da Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Por isso, a ideia de que podemos viver sem petróleo é simplesmente errada.
Mudanças Lentas
Essa dependência explica a esperança que o mundo passou a depositar na energia nuclear na última década. Em 1973, ela representava apenas 1% da matriz. Hoje, responde por 5,8%. O colapso na usina japonesa de Fukushima, porém, trouxe à tona os fantasmas do acidente de Chernobyl, na Ucrânia. Os especialistas não acreditam que o episódio - ainda sem desfecho - fará com que a energia resultante da fissão dos átomos seja esquecida. "O que vai haver é uma desaceleração", afirma William Hogan, professor de política energética global da Universidade Harvard e editor do recém-publicado The Natural Resources Trap (numa tradução livre, "A armadilha dos recursos naturais"). "Cerca de 80% da eletricidade da França vem das usinas nucleares", diz o físico José Goldemberg, um dos maiores especialistas em energia do Brasil. (abril)
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