Até 2020, eólica deve ter 12% de participação, com 20
Gigawatts (GW) instalados
Parque Eólico de
Cerro Chato
Com a paralisação de
projetos desse mercado na Europa devido à crise econômica, a energia gerada
pelos ventos deve conseguir 40 bilhões de investimentos em 2020, mais que
duplicando o número atual de parques.
Todos os ventos
sopram a favor. Torres de até 120 metros de altura, que recebem as melhores
correntes, muitos “parques” disponíveis e investimentos internos e externos
estão transformando a energia eólica na fonte energética que mais cresce no
país. Na matriz elétrica brasileira, a participação da energia gerada pelos
ventos deve passar dos atuais 1,5% para 5,4% em 2016, chegando a 12% em 2020,
com 20 Gigawatts (GW) instalados. Já são 104 parques em funcionamento, que
passarão a 125 até o final de 2012, chegando a 250 em 2016, a maioria no Nordeste
e no Sul.
“Até 2020 os investimentos somarão R$ 40
bilhões e os empregos no setor chegarão a 280 mil. Os desembolsos feitos pelo
setor no período de 2004 a 2011 somaram R$ 25 bilhões. Hoje, o Brasil é o único
país que investe em fonte eólica e recebe recursos de fora. A China e a Índia
também investem, mas não recebem investimentos externos. O fato de o Brasil ser
receptivo a investimentos do exterior traz uma competição muito grande entre os
fornecedores e faz com que os preços se tornem mais baixos”, afirma Elbia Melo,
presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
“A crise na Europa
paralisou os projetos naquele mercado”, acrescenta Mauricio Tolmasquim,
presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O executivo observa que “na
China só entram empresas que produzem equipamentos na própria China. Por conta
disso, as empresas estrangeiras focaram no Brasil”. Para se ter uma ideia da
força do mercado brasileiro, em 2008 o país possuía um único fabricante de
aerogeradores e hoje, segundo dados da Abeeólica, já são onze as empresas. De
2004, quando o Brasil iniciou o processo de investimentos na área de eólica,
para cá, o setor teve um salto em termos de tecnologia que não deixa nada a
dever à Europa e Estados Unidos.
“Naquela época foram
contratadas da fonte eólica, por parte do governo, cerca de 1.400 MW a um preço
elevado, da ordem de R$ 312,00 o MW hora, sendo que a hidrelétrica custava
cerca de R$ 60,00. Pagamos cinco vezes o preço de mercado para as fontes mais
competitivas, mas justamente com o objetivo de trazer conhecimento para que no
futuro pudéssemos ter os benefícios do investimento”, diz Elbia.
Já em 2011, com
tecnologias comparáveis às melhores do mundo, a energia eólica chegou a ser
contratada a R$ 100,00 o MW hora. “A energia eólica vive agora nova etapa de
competitividade no país, com previsão de chegar em 2020 com investimentos da
ordem de R$ 40 bilhões. Essa nova fase, iniciada em 2009, totaliza a
contratação de 6,7 (GW) de potência, ao preço de R$ 100 por Megawatt (MW)
hora”, afirma.
Ao contrário do
passado, hoje o Brasil produz a fonte eólica mais competitiva do mundo. “O
progresso tecnológico está ao alcance de todos. Tanto os Estados Unidos como a
Europa têm acesso à mesma tecnologia que o Brasil, entretanto o Brasil produz a
fonte eólica de forma mais competitiva pela qualidade de nossos ventos e pelo
momento econômico que estamos vivendo”, diz Elbia. Pelos seus cálculos,
atualmente, a tarifa de energia eólica lá fora, que é subsidiada, está entre R$
250,00 e R$ 300,00 o MW/hora. “Quase três vezes maior que o praticado no
Brasil”, diz.
Estudo feito pela EPE
aponta que a geração de energia elétrica por usinas eólicas deve aumentar sete
vezes no país até 2014, considerando os últimos cinco anos, passando para 7 GW.
Para ilustrar a capacidade do Brasil na produção desse tipo de energia, o
presidente da EPE lembra que além de limpa, a energia eólica é complementar à
hídrica, pois os ventos aumentam nos meses em que chove menos, de maio a
novembro. “A Dinamarca vende energia eólica para a Noruega à noite e compra
dela energia hídrica de dia. E o Brasil produz as duas coisas”, afirma.
Há pouco mais de uma
década, o potencial eólico brasileiro era de 143 GW, concentrados nas regiões
Nordeste e Sul do Brasil. “A evolução tecnológica permitiu que as torres dos
primeiros projetos, em 2001 e 2004, que tinham 50 metros de altura, atingissem
hoje de 100 a 120 metros. Uma torre mais alta tem capacidade maior de captação
do vento e torna a produção de uma massa muito maior”, explica Elbia. Por conta
da evolução, o potencial brasileiro de geração de eólica passou de 143 GW para
300 GW. “A fonte eólica tem um futuro promissor no Brasil”. (EcoDebate)
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