segunda-feira, 20 de maio de 2013

Termelétrica na matriz traz segurança ao sistema

Presença de termelétrica na matriz traz segurança ao sistema, diz agentes
Despacho de térmicas a óleo e inclusão de usinas a carvão em leilão A-5 mostram a importância da fonte para o sistema.
Em evidência no setor desde que o risco hidrológico trouxe um debate sobre a sua necessidade e importância para a matriz brasileira, a fonte termelétrica se vê próxima de uma performance melhor nos certames dos próximos anos. O governo incluiu térmicas a carvão no próximo leilão A-5, que será realizado em agosto desse ano. Essas térmicas estavam de fora devido a emissão de CO2. Mas o setor quer que a participação da fonte não seja apenas pontual e que ela continue a ser competitiva e comercializar projetos. O papel da fonte térmica na matriz energética brasileira será um dos temas discutidos durante o 10º Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (ENASE), copromovido pelo Grupo CanalEnergia e 16 associações representativas do setor, que acontece nos próximos dias 21 e 22 de maio, no Rio de Janeiro.
De acordo com Fernando Luiz Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral, o governo assimilou que as plantas térmicas são a segurança do sistema e que o panorama de hidrelétricas sem reservatórios converge para o uso da fonte. "O governo entendeu claramente a importância das térmicas, o que firma a energia do sistema são as térmicas", explica.
Marco Antônio Veloso, presidente da Associação Brasileira de Geração Flexível, classificou como de bom senso a decisão do governo de permitir térmicas a carvão no certame, juntamente com as movidas a gás e biomassa no leilão A-5. Ele também viu com boa a vontade da Empresa de Pesquisa Energética de inserir térmicas no próximo Plano Decenal de Energia. Para ele, o momento atual é adequado para que termelétricas sejam instaladas, proporcionando mais segurança ao sistema.
A decisão tomada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico no início do mês em desligar quatro usinas térmicas a óleo já era de certa forma esperada por Marco Antônio Veloso, da Abragef. As usinas estavam ligadas desde outubro do ano passado, um período incomum. Ele ressalta que essas térmicas desempenharam com perfeição o seu papel dentro do modelo brasileiro, que é o de suprir o fornecimento na incerteza da energia hídrica. "Elas se saíram muito bem. A planta flexível é vocacionada para cobrir as incertezas naturais esperadas das outras fontes", observa.
E incertezas como as baixas nos reservatórios trazem a necessidade da geração flexível no país. Para Veloso, um país com um parque gerador como o do Brasil deve ter na flexibilidade um trunfo para que o abastecimento não dependa de fatores externos.
A maior expectativa está depositada nas usinas térmicas a carvão mineral, que ao contrário de térmicas a gás, que enfrentam problemas com o fornecimento do insumo e das de biomassa, que são sazonais, são despacháveis e prontas para fornecer energia ao sistema. Para Zancan, a fonte volta melhor, com novos padrões tecnológicos e com índices de custos e eficiência aprimorados. "Essa é a diferença, ela vem melhor", promete.
Zancan vê ainda problemas com financiamento de projetos como entraves que devem ser solucionados até o leilão. Ele quer que a fonte se apresente de maneira que não enfrente contratempos na execução dos projetos, já que apesar do leilão ser do tipo A-5, o tempo real para execução será de pouco mais de quatro anos. Ele elogia a mudança feita no PPA das térmicas a carvão, que para o leilão A-5 será de 25 anos, maior que o prazo adotado anteriormente, de 15 anos.
A resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica que incentiva a modernização das usinas em prol da sua eficiência para reduzir o desembolso com a conta de Desenvolvimento Energético também está na pauta de discussões de Zancan. Ele acredita que seja possível gerar mais energia com menos emissões, mas a conversa com o governo será inevitável para que o projeto deslanche, já que isso implicaria em alterações nas garantias físicas. " Não sei se vai dar tempo de incorporar a modernização, mas talvez no ano que vem. Precisamos ter essas discussões", comenta.
Com essa perspectiva positiva, Zancan enumera outros desafios que a fonte tem. Mesmo com uma carteira de 2.700 MW em projetos e com 1.700 MW com licença, aptos a participar de leilões, ele lembra que é preciso aumentar o número de projetos para os próximos leilões, para suportar o incremento da oferta no país. "Vamos ter que correr atrás do tempo perdido para desenvolver mais projetos a carvão", dispara, lembrando que o tempo que a fonte ficou de fora dos certames também foi prejudicial, pela falta de sinal econômico aos investidores para o desenvolvimento de projetos. (EcoDebate)

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