Presença de termelétrica na matriz traz segurança ao
sistema, diz agentes
Despacho de térmicas a óleo e inclusão de usinas a carvão em
leilão A-5 mostram a importância da fonte para o sistema.
Em evidência no setor
desde que o risco hidrológico trouxe um debate sobre a sua necessidade e
importância para a matriz brasileira, a fonte termelétrica se vê próxima de uma
performance melhor nos certames dos próximos anos. O governo incluiu térmicas a
carvão no próximo leilão A-5, que será realizado em agosto desse ano. Essas
térmicas estavam de fora devido a emissão de CO2. Mas o setor quer que a
participação da fonte não seja apenas pontual e que ela continue a ser
competitiva e comercializar projetos. O papel da fonte térmica na matriz
energética brasileira será um dos temas discutidos durante o 10º Encontro
Nacional de Agentes do Setor Elétrico (ENASE), copromovido pelo Grupo
CanalEnergia e 16 associações representativas do setor, que acontece nos
próximos dias 21 e 22 de maio, no Rio de Janeiro.
De acordo com
Fernando Luiz Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral, o
governo assimilou que as plantas térmicas são a segurança do sistema e que o
panorama de hidrelétricas sem reservatórios converge para o uso da fonte.
"O governo entendeu claramente a importância das térmicas, o que firma a
energia do sistema são as térmicas", explica.
Marco Antônio Veloso,
presidente da Associação Brasileira de Geração Flexível, classificou como de
bom senso a decisão do governo de permitir térmicas a carvão no certame,
juntamente com as movidas a gás e biomassa no leilão A-5. Ele também viu com
boa a vontade da Empresa de Pesquisa Energética de inserir térmicas no próximo
Plano Decenal de Energia. Para ele, o momento atual é adequado para que
termelétricas sejam instaladas, proporcionando mais segurança ao sistema.
A decisão tomada pelo
Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico no início do mês em desligar quatro
usinas térmicas a óleo já era de certa forma esperada por Marco Antônio Veloso,
da Abragef. As usinas estavam ligadas desde outubro do ano passado, um período
incomum. Ele ressalta que essas térmicas desempenharam com perfeição o seu
papel dentro do modelo brasileiro, que é o de suprir o fornecimento na
incerteza da energia hídrica. "Elas se saíram muito bem. A planta flexível
é vocacionada para cobrir as incertezas naturais esperadas das outras
fontes", observa.
E incertezas como as
baixas nos reservatórios trazem a necessidade da geração flexível no país. Para
Veloso, um país com um parque gerador como o do Brasil deve ter na flexibilidade
um trunfo para que o abastecimento não dependa de fatores externos.
A maior expectativa
está depositada nas usinas térmicas a carvão mineral, que ao contrário de
térmicas a gás, que enfrentam problemas com o fornecimento do insumo e das de
biomassa, que são sazonais, são despacháveis e prontas para fornecer energia ao
sistema. Para Zancan, a fonte volta melhor, com novos padrões tecnológicos e
com índices de custos e eficiência aprimorados. "Essa é a diferença, ela
vem melhor", promete.
Zancan vê ainda problemas
com financiamento de projetos como entraves que devem ser solucionados até o
leilão. Ele quer que a fonte se apresente de maneira que não enfrente
contratempos na execução dos projetos, já que apesar do leilão ser do tipo A-5,
o tempo real para execução será de pouco mais de quatro anos. Ele elogia a
mudança feita no PPA das térmicas a carvão, que para o leilão A-5 será de 25
anos, maior que o prazo adotado anteriormente, de 15 anos.
A resolução da
Agência Nacional de Energia Elétrica que incentiva a modernização das usinas em
prol da sua eficiência para reduzir o desembolso com a conta de Desenvolvimento
Energético também está na pauta de discussões de Zancan. Ele acredita que seja
possível gerar mais energia com menos emissões, mas a conversa com o governo
será inevitável para que o projeto deslanche, já que isso implicaria em
alterações nas garantias físicas. " Não sei se vai dar tempo de incorporar
a modernização, mas talvez no ano que vem. Precisamos ter essas
discussões", comenta.
Com essa perspectiva
positiva, Zancan enumera outros desafios que a fonte tem. Mesmo com uma
carteira de 2.700 MW em projetos e com 1.700 MW com licença, aptos a participar
de leilões, ele lembra que é preciso aumentar o número de projetos para os
próximos leilões, para suportar o incremento da oferta no país. "Vamos ter
que correr atrás do tempo perdido para desenvolver mais projetos a
carvão", dispara, lembrando que o tempo que a fonte ficou de fora dos
certames também foi prejudicial, pela falta de sinal econômico aos investidores
para o desenvolvimento de projetos. (EcoDebate)
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