Consumidor doméstico amplia mercado de energia eólica no
País
O crescimento do
mercado de energia eólica no país e a nova resolução da Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), que permite a microgeração por consumidores
domésticos, estão movimentando os negócios de pequenos e médios fornecedores do
setor. No Ceará, um dos Estados com grande potencial de força gerada pelos
ventos, empresas como Mercurius, Satrix e Transfortech expandem a atuação para
outros Estados, investem na produção de equipamentos mais potentes e na
ampliação da cartela de serviços. A Satrix, com 30 funcionários, faturou R$ 2
milhões em 2011 e planeja chegar a R$ 8 milhões até o final do ano.
Com sede em
Fortaleza, a Mercurius Engenharia se especializou na construção de parques
eólicos. Faz obras civis, acessos e vias dentro das usinas. Em 2011, faturou R$
80 milhões e a previsão é faturar R$ 100 milhões em 2012. “Vamos ter um
incremento de projetos nas carteiras de energia eólica e de incorporações”, diz
o diretor Dante Bonorandi, que já entregou 18 obras em todo o país.
Para captar mais
clientes no mercado de energia renovável, Bonorandi reforçou os contatos
diretos com fornecedores e participa de eventos e feiras do setor. Em 2012,
espera investir cerca de 5% do faturamento na compra de equipamentos,
capacitação técnica dos funcionários, consultorias e na expansão da área de TI
(tecnologia da informação). O valor é quase o dobro do que foi aplicado em
2011.
O empreendedor
paulista José Aparecido Cardoso abriu no ano passado uma prestadora de serviços
em Maracanaú (CE), de olho no crescimento dos parques eólicos do Estado. Uma
das tarefas da Transfortech é realizar a troca do óleo lubrificante das caixas
de engrenagem dos aerogeradores, em uma altura de quase 100 metros. Tem
clientes como CPFL Renováveis, GE e Alstom.
A empresa de 22
funcionários faturou R$ 945 mil em 2011 e planeja fechar 2012 com R$ 2,5
milhões no caixa. A receita do empresário para conquistar grandes contas é
executar serviços dentro dos prazos e horários estabelecidos, além de manter
funcionários com experiência no setor. “Montamos uma unidade em João Câmara
(RN), com investimentos de R$ 400 mil, para atender os parques de energia
eólica da região, que reúnem cerca de 2,4 mil aerogeradores”.
Este ano, a empresa
ainda fez parcerias com duas companhias de geradores eólicos para oferecer
especialistas em torres, troca de pás e motores. Segundo Cardoso, os
investimentos no negócio são, geralmente, alimentados com recursos próprios.
“Somente agora estamos tentando fazer algum tipo de empréstimo, mas é sempre
muito difícil. As exigências são grandes e temos de dar garantias para obter o
financiamento”. Nos próximos meses, a Transfortech deve implantar novos
escritórios em municípios cearenses como Aracati e Camocim, no Sul e Norte do
Estado, para diminuir o tempo de atendimento aos clientes.
Segundo José Roberto
Martins, sócio do Trench, Rossi e Watanabe Advogados e responsável por negócios
da área de energia, as empresas de tamanho reduzido do setor também terão
oportunidades na área de microgeração. “O Brasil está buscando tecnologia para
a fabricação de aerogeradores de pequeno porte, com qualidade e custos
competitivos”.
Em abril, a Aneel
publicou a resolução normativa 482, que incentiva a microgeração de até 100
quilowatt (KW) e a minigeração de 100 KW a 1 MW de energia eólica. Agora o
consumidor já pode utilizar geradores eólicos em casa. A iniciativa deve
viabilizar mais investimentos em pequenos geradores, em pousadas e fazendas,
dizem os especialistas. “Os consumidores que liberarem energia no sistema de
distribuição ainda podem compensar o montante extra no valor faturado pela distribuidora”,
explica Martins.
De olho nesse novo
nicho, depois de um investimento de R$ 12 milhões, a Satrix, instalada em
Eusébio, município da região metropolitana de Fortaleza, passou a entregar
aerogeradores de pequeno porte, de até 50 KW, indicados para pequenas fábricas.
São pouco mais de 30 equipamentos em funcionamento no Estado.
O empresário
pernambucano Marcelo Tavares de Melo, um dos sócios da empresa de 30
funcionários, já pensa em expandir as vendas para Piauí, Pernambuco, Paraíba e
Rio Grande do Norte, além de Alagoas e Maranhão. Uma torre eólica de pequeno
porte, com 1,2 KW de potência, pode custar R$ 26 mil com a instalação. A Satrix
faturou R$ 2 milhões em 2011 e pretende alcançar R$ 8 milhões em 2012. “Vamos
iniciar a produção de novos modelos, com maior poder de geração, e chegar aos
mercados da Bahia e Sergipe em 2013”. A empresa também opera com financiamento
dos produtos por meio do cartão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES).
Segundo Rob Grant,
CEO global da empresa australiana de energia renovável Pacific Hydro, 80% dos
fornecedores que trabalham para a empresa com desenvolvimento de projetos são
pequenos e médios negócios. Fornecem torres, consultoria ambiental, análises topográficas,
estudos arqueológicos, linhas de transmissão e serviços de manutenção. “Estamos
em busca de inovações tecnológicas e logísticas, além de softwares e serviços
de TI”. Antes de escolher os parceiros, a companhia analisa o conhecimento dos
sócios no setor e planos de crescimento. (EcoDebate)
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