sábado, 18 de maio de 2013

Mais poluente, termelétrica ganha peso na matriz

Estudo do IPEA prevê que nos próximos três anos a participação das usinas à base de combustíveis fósseis deve passar dos atuais 17,7 % para 23,1%.
"Usina termelétrica da Petrobras em Arembepe, na Bahia, que usa óleo combustível como fonte"
Nada verde: usina termelétrica da Petrobras em Arembepe, na Bahia, que usa óleo combustível como fonte.
“Estamos em posição de vanguarda com relação a outros países, o que não significa, contudo, que estejamos no padrão ideal no aspecto da geração de energia”
Com a construção de 122 novas usinas, as termelétricas à base de combustíveis fósseis devem aumentar sua participação na matriz de energia elétrica brasileira de 17,7% para 23,1% nos próximos três anos. Enquanto isso, a participação das hidrelétricas deve cair de 72,5% para 64,4%, mesmo com a construção de 311 novas usinas. Como resultado, a matriz brasileira, frequentemente elogiada por explorar fontes renováveis, deve aumentar sua dependência de recursos não-renováveis e mais poluentes, como petróleo e gás. Os dados constam de estudo divulgados em14/05/13 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
O Brasil tem atualmente a matriz energética com menor nível de emissão de gases de efeito estufa entre os países industrializados. As fontes renováveis representam 45,9% da oferta de energia interna do Brasil, uma média muito superior à do resto do planeta, de apenas 12,9%. Isso faz com que o consumo médio no país seja de 1,34 toneladas equivalente de petróleo por ano (tep), muito abaixo dos países desenvolvidos, que é de 4,69 tep, e também abaixo do consumo mundial, 1,78 tep. Mas a previsão é de que o consumo de fontes fósseis no país aumente dos atuais 1,34 tep para 1,49 tep, seguindo tendência mundial apontada pela Agência Internacional de Energia. “Estamos em posição de vanguarda com relação a outros países, o que não significa, contudo, que estejamos no padrão ideal no aspecto da geração de energia”, diz Gesmar Rosa, técnico de planejamento e pesquisa do IPEA.
Energia eólica - O que pode ajudar a frear a dependência do petróleo são as energias alternativas. O número de usinas eólicas no Brasil deve dobrar nos próximos quatro anos, das atuais 45 para 86, fazendo a participação da energia gerada pelos ventos saltar de 0,7% para 2,1% do total da matriz de energia elétrica do país, quase a mesma participação da energia nuclear, que, se concretizada a construção de Angra 3, aumentaria de 1,8% para 2,3%.
Segundo o IPEA, o crescimento da energia eólica se baseia em incentivos dados pelo governo para este tipo de energia. “Antigamente, se dizia que a energia eólica não valia a pena por seu alto custo. Hoje, isso não é mais verdade: os equipamentos não só se baratearam como se tornaram mais eficientes, sendo possível produzir energia de ventos relativamente lentos”, diz o técnico de Planejamento e Pesquisa do IPEA, Antenor Lopes. “No Brasil, já existe uma corrida em busca dessa energia em lugares como a Bahia e a região sul do País”, acrescenta.
Energia solar - Se aprovado o Projeto de Lei 630/2003, que atualmente está na Câmara dos Deputados, o setor de energia eólica deve ganhar um impulso extra: um fundo especial para pesquisa e produção. Este fundo também beneficiaria a energia solar, que apresenta atualmente uma participação irrisória, não chegando a 0,1% da matriz. O Ipea atribui seu baixo desempenho ao alto custo e ao estágio inicial de desenvolvimento da tecnologia. “Considera-se somente o fator econômico direto como um impeditivo para o setor, mas devem-se averiguar também suas vantagens em termos ambientais e, em longo prazo, de geração de empregos”, argumenta Lopes.
Bagaço e capim - No futuro, espera-se que o equilíbrio brasileiro, a despeito da crescente dependência de combustíveis fósseis, se mantenha graças a três fontes promissoras: as termelétricas à base de bagaço de cana, o capim elefante e a energia eólica. Quanto ao capim elefante, diz Lopes, ele ainda não é significativo na matriz energética, mas apresenta grande potencial e deve começar a aparecer nas estatísticas nos próximos anos. “Ele é muito parecido com a cana-de-açúcar, possui um teor energético muito elevado e tem ainda a vantagem de ter uma produtividade por área muito maior que a da cana”, defende. (abril)

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