Honda
inaugura primeiro parque eólico da empresa no mundo
Em pesquisa INT/MCTI, gás de lixo vira hidrogênio para
produção limpa de energia.
De vilão do mau cheiro e causador do efeito
estufa, o biogás pode se transformar numa avançada fonte de energia, sendo
convertido em hidrogênio (H2) para geração de energia por meio de
uma célula a combustível. A alternativa vem sendo desenvolvida pelo Instituto
Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), em trabalho realizado por uma equipe da área
de Catálise e Processos Químicos, comandada pelo tecnologista Fábio Bellot
Noronha, dentro do projeto Utilização
do Hidrogênio produzido por reforma do biogás proveniente de resíduos urbanos
para a geração de energia, apoiado pelas fundações de apoio à pesquisa do
RJ e de SP, Faperj e Fapesp, após seleção em chamada conjunta sobre Mudanças
Climáticas Globais.
O trabalho ganhou repercussão internacional
quando os resultados desse projeto foram apresentados em São Francisco,
Califórnia, no 248º Encontro Nacional da American Chemical Society (ACS), a
maior sociedade científica do mundo, que reuniu este ano mais de 15 mil
pesquisadores.
A tecnologia da produção de hidrogênio a
partir do biogás, produzido tanto em aterros sanitários como em estações de
tratamento de esgoto, surgiu como uma alternativa para o controle das emissões
de metano e dióxido de carbono (CO2), com aproveitamento
diferenciado para a geração de energia elétrica. O metano, que corresponde a
cerca de 55% do biogás, contribui 21 vezes mais para o fenômeno conhecido como
efeito estufa do que o CO2, que também compõe a mistura em mais de
30%.
A solução atual para o problema dessas
emissões tem sido a queima do biogás, em alguns casos sendo usada em motores à
combustão para a geração de calor e eletricidade. A nova tecnologia de produção
de hidrogênio para alimentação de células a combustível, no entanto, permite o
dobro da eficiência energética do que esses geradores, e, ao contrário desses,
não gera nenhum subproduto além de vapor d’água.
Além do INT, que coordena o projeto pelo lado
da Faperj, o trabalho envolve a participação da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), que coordena o projeto junto à FAPESP, por meio da professora
Sania Maria de Lima. O trabalho envolve também os professores Claudio Fernando
Mahler, do Laboratório de Geotecnia da Coppe/UFRJ, e Adriana Soares de
Schueler, da UFRRJ, responsáveis pelas medições das emissões dos gases no
aterro sanitário do Morro do Céu, em Niterói (RJ).
A Tecnologia
A produção do hidrogênio é realizada basicamente pelo processo de
reforma seca do metano (CH4), que converte o biogás (CH4 + CO2) em gás de síntese,
uma mistura de hidrogênio e monóxido de carbono (H2 + CO). A conversão é viabilizada por
um catalisador, no caso, um óxido do tipo perovskita depositado em um suporte
de cerâmica, que, testado no Laboratório de Catálise do INT, se mostrou
altamente estável.
Depois, em função do tipo de célula a
combustível a ser usada, é necessária uma etapa de purificação para extrair o
monóxido de carbono. No caso da célula a combustível do tipo PEM, é necessária
uma corrente pura de hidrogênio, implicando em etapas de purificação para
remover o monóxido de carbono, realizadas por meio de reação de deslocamento de
água e metanação ou oxidação seletiva. No caso de uma célula a combustível do
tipo SOFC, apenas a etapa de deslocamento de água é necessária.
“O processo já está desenvolvido, faltando
agora somente testá-lo em larga escala, em um aterro sanitário”, conclui
Noronha, com expectativa de ver em breve o uso comercial da tecnologia.
(ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário