Segundo a ONS, crise de energia deve piorar em 2015
Mesmo que chuvas fiquem muito acima da
média histórica, país terá cenário sombrio.
Crise
de energia deve piorar em 2015
As
dificuldades de abastecimento de água e de geração de energia enfrentadas ao
longo de 2014 tendem a se intensificar neste ano. Dados do Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS) apontam que, mesmo que as chuvas deste verão fiquem
muito acima da média histórica - o que não está previsto -, o país terá em 2015
um cenário muito pior que há 12 meses.
O
ano começa com os reservatórios da Região Sudeste/Centro-Oeste com apenas 19%
do total de suas capacidades. É menos da metade da quantidade de água que esses
reservatórios tinham um ano atrás, quando registravam 43% de armazenamento em
1.° de janeiro de 2014.No Nordeste, os dados reconstroem o cenário preocupante
de 2014, com 33% do volume útil "guardado" nas principais bacias hidrográficas
da região.
O
governo contava com um volume de chuvas superior à média histórica para tentar
recompor, minimamente, as condições dos reservatórios das principais regiões
consumidoras. O histórico registrado até agora, no entanto, apresenta chuvas
dentro da média, situação que tende a se repetir neste mês, segundo informações
meteorológicas analisadas pelo ONS.
A
previsão para o Sudeste é que chova, em janeiro e fevereiro, 90% da média. A
estimativa se baseia em histórico dos últimos 83 anos. Para o Nordeste, a média
esperada para os dois meses é de 63%. As Regiões Norte e Sul do País terão bons
volumes de chuva e, mais uma vez, não têm riscos ao abastecimento.
O
ano de 2014 entra para a história do setor elétrico como o pior dos últimos 83
anos (a medição do volume de chuvas pelo governo teve início em 1931) para
algumas das principais bacias hidrográficas do País, como Rio Grande e São
Francisco, responsáveis por abastecer 25% e 96%, respectivamente, das Regiões
Sudeste/Centro e Nordeste. A situação nessas bacias só não foi pior por conta
de reduções de vazão de água determinadas pelo ONS ao longo do ano para
garantir o uso da água para abastecimento humano e geração de energia.
Obras
Sem
previsão de ter obras estruturais prontas em 2015 para garantir a oferta de
água nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, como a interligação dos reservatórios
de Jaguari e Atibainha, prevista para 2016, cresce o risco de que medidas de
racionamento tenham de ser tomadas para essas regiões. O governo garante não haver
razões para preocupação.
O
ONS estima que, até o fim de março, há condições de fechar o verão com 34% do
volume útil nos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste. Com essa quantidade de
água, diz o presidente do operador, Hermes Chipp, é possível atravessar mais um
ano de estiagem severa sem necessidade de tomar medidas de racionamento de
energia. Em março, o Sudeste/Centro-Oeste tinha 36% do volume máximo de
armazenamento.
Térmicas
Na
prática, o setor elétrico coloca todas as suas fichas nas chuvas dos próximos
três meses, dado que não poderá contar com grande expansão do parque gerador de
usinas térmicas em 2015. Novos projetos de geração térmicas devem entrar em
operação apenas nos anos seguintes. Hoje, a capacidade total dessas usinas está
em torno de 20 mil megawatts (MW). Há pelo menos cinco meses, o governo tem
utilizado a capacidade máxima dessas geradoras, algo em torno de 16 mil MW, já
que uma média de 4 mil a 5 mil MW passa mensalmente por processos de
manutenção.
De
acordo com as orientações técnicas do ONS, o uso intensivo das térmicas deve
prosseguir neste início de 2015, bem como o acionamento das grandes
hidrelétricas das Regiões Sul e Norte do País, como Itaipu e Tucuruí,
principalmente. O propósito é armazenar a maior quantidade possível de água no
Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.
O
que deve ajudar a aliviar a situação é a entrada em operação de novas turbinas
das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira (RO). As duas usinas
estão numa região onde há grande volume de água, principalmente no período seco
das Regiões Sudeste e Nordeste. (yahoo)
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