A FAPESP, a Shell Brasil, as
universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e de São Paulo (USP) e o Instituto
de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), lançou em 23/05/18, em um evento
na sede da Fundação, o Centro de Inovação em Novas Energias (CINE).
O centro receberá
investimento de R$ 110 milhões em cinco anos, no âmbito do Programa FAPESP
Centros de Pesquisa em Engenharia, para desenvolver novos dispositivos de
armazenamento de energia com emissão zero (ou próximo de zero) de gases de
efeito estufa e que utilizem como combustível de fontes renováveis, além de
novas rotas tecnológicas para converter metano em produtos químicos, entre
outros objetivos.
A Shell aportará um total de até R$ 34,7 milhões
no novo centro, enquanto a FAPESP reservou um investimento de R$ 23,14 milhões.
Outra parcela, de R$ 53 milhões, virá da Unicamp, USP e IPEN como contrapartida
econômica, na forma de salários de pesquisadores e de pessoal de apoio,
infraestrutura e instalações.
Com participação de
pesquisadores da USP, Unicamp e IPEN, centro desenvolverá dispositivos de
armazenamento de energia com emissão próxima de zero de gases de efeito estufa
e que utilizam como combustível de fontes renováveis.
“Estou muito contente em
participar desse evento de lançamento do Centro de Inovação em Novas Energias
porque ele abre novas fronteiras e combina as necessidades da FAPESP e da Shell
em apoiar o desenvolvimento científico e tecnológico com o virtuosismo de
cientistas, que querem expandir as fronteiras do conhecimento”, disse José
Goldemberg, presidente da FAPESP.
“Fiquei muito satisfeito ao
olhar as áreas de pesquisa que serão apoiadas no âmbito desse novo Centro nas
quais tenho interesse pessoal”, afirmou Goldemberg, que é reconhecido como um
dos maiores especialistas mundiais em energia.
O CINE terá quatro divisões de pesquisa, com
sedes na Unicamp (Armazenamento Avançado de Energia e Portadores Densos de
Energia), na USP (Ciência de Materiais e Químicas Computacionais) e no IPEN
(Rota Sustentável para a Conversão de Metano com Tecnologias Químicas
Avançadas), e que desenvolverão, ao todo, 20 projetos.
A missão do centro será
produzir conhecimento na fronteira da pesquisa e, paralelamente, transferir
tecnologia para o setor empresarial. As pesquisas poderão gerar resultados que
serão usados pela Shell para gerar startups ou
firmar parcerias com outras empresas.
“Uma das coisas que
diferencia esse novo centro é que os pesquisadores ligados a ele não pretendem
fazer avanços incrementais, mas realizar pesquisas avançadas que possam ter
impacto no mundo”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da
FAPESP.
“Tem sido um prazer trabalhar
na criação do CINE com a Shell, uma companhia que tem cientistas e entende a
importância de se fazer boa ciência”, disse.
A FAPESP apoia Centros de
Pesquisa em Engenharia em parceria com as empresas GSK, com sedes na
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e no Instituto Butantan; outro com
a Shell, instalado na Escola Politécnica da USP; com a Peugeot Citroën, na
Unicamp; e mais um com a Natura, na USP.
Estão em vias de serem constituídos
outros centros em parceria com: Embrapa, em mudanças climáticas; Statoil, em
gerenciamento de reservatórios e produção de petróleo e gás; Usina São
Martinho, em medidas sustentáveis para o controle de doenças que afetam a
cana-de-açúcar; Koppert, em tema controle biológico de pragas.
Transição energética
O Centro de Inovação em Novas
Energias foi composto a partir de uma chamada de propostas lançada pela FAPESP
em parceria com a Shell em abril de 2017.
A seleção, concluída no
início de 2018, aprovou as propostas dos pesquisadores Rubens Maciel Filho, da
Faculdade de Engenharia Química da Unicamp, Ana Flávia Nogueira, do Instituto
de Química da Unicamp, Fábio Coral Fonseca, do Ipen, e Juarez Lopes Ferreira da
Silva, do Instituto de Química de São Carlos, da USP.
O acordo de cooperação entre
a FAPESP e a Shell foi assinado em 2013. A parceria resultou, em 2015, na
criação do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI, na sigla em inglês),
sediado na Escola Politécnica da USP.
“Para mim, especificamente,
este evento de lançamento do Centro de Inovação em Novas Energias faz parte de
uma fantástica jornada, iniciada exatamente em maio do ano passado [quando a
FAPESP e a Shell lançaram uma chamada para criação do novo Centro]”, disse
André Araújo, presidente da Shell Brasil.
“Como organização, temos
falado muito nos últimos anos sobre transição energética e vemos que este
momento está chegando e deve se tornar realidade em breve”, disse.
Joep Huijsmans, líder da
divisão de pesquisa e tecnologia de novas energias da Shell, falou sobre a
demanda global de energia.
De acordo com projeções
apresentadas por Joep Huijsmans, líder da divisão de pesquisa e tecnologia de
novas energias da Shell, estima-se que, em 2050, a população mundial será
composta por, aproximadamente, 10 bilhões de pessoas, das quais 50% deverão
morar em cidades.
A demanda global de energia
provavelmente será quase 60% maior em 2060 do que hoje, com 2 bilhões de
veículos em circulação no mundo, contra a frota atual de 800 milhões.
“A produção de energia
renovável poderá triplicar até 2050, mas ainda precisaremos de grandes
quantidades de petróleo e gás para fornecer toda a gama de produtos energéticos
de que o mundo precisa”, estimou Huijsmans.
Maciel Filho, coordenador de
transferência tecnológica do Centro, também destacou que, em 2050, estima-se
que a demanda por energia elétrica passe dos atuais 18% para 50%. “O futuro
sustentável demandará mais energia renovável, afim de diminuir as emissões de
gases de efeito estufa”, avaliou.
Também participou da abertura
do evento Jane Zheng, gerente-geral de Pesquisa e Desenvolvimento da Shell no
Brasil.
Jane Zheng, José Goldemberg,
André Araújo e Carlos Henrique de Brito Cruz no anúncio do Centro de Inovação
em Novas Energias. (neomondo)
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