Empresas compraram 19,5 GW em
energia renovável, aponta BNEF.
Levantamento aponta que maior
parte dos acordos estão nos Estados Unidos com 13,6 GW, Brasil ganha destaque
ao lado do Chile na América Latina.
As empresas compraram uma
quantidade recorde de energia limpa por meio de PPAs em 2019. Esse volume
representa um aumento de mais de 40% em relação ao registro do ano anterior. De
acordo com um levantamento da Bloomberg NEF, a maioria dessas compras ocorreu
nos Estados Unidos, mas também está na base da forte tendência de alta o
aumento dos compromissos de sustentabilidade corporativa em todo o mundo. Os
dados constam do Corporate Energy Market Outlook, edição do primeiro semestre
de 2020. Foram cerca de 19,5 GW em contratos assinados por mais de 100 empresas
em 23 países diferentes em 2019. No ano anterior o montante somou 13,6 GW, mais
do que o triplo da atividade vista em 2017.
De acordo com análise da
empresa, o total de 2019 foi equivalente a mais de 10% de toda a capacidade de
energia renovável adicionada globalmente no ano passado. Os projetos envolvidos
deverão receber investimentos entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões para serem
desenvolvidos e construídos.
No acumulado desde 2008, a
estimativa é de que os PPAs somam mais de 50 GW. Essa é a estimativa de Jonas
Rooze, analista de sustentabilidade da BNEF. Ele comentou em comunicado que
esse volume é maior do que as frotas de geração de energia de mercados como
Vietnã e Polônia.
À frente desse processo estão
as empresas de tecnologia. O Google assinou contratos para comprar mais de 2,7
GW globalmente em 2019, mais do que qualquer outra corporação. Em setembro de
2019, a gigante da tecnologia anunciou PPAs para comprar 1,9 GW em seis países,
este, o maior anúncio individual já feito por uma corporação. A empresa usou um
processo exclusivo de leilão reverso para assinar esses contratos, com os
desenvolvedores participando de um processo de licitação pública ao vivo. Ainda
figuram nessa lista o Facebook com 1,1 GW, a Amazon com 0,9 GW e a Microsoft,
0,8 GW.
No
levantamento, destacou a BNEF, há um número crescente de empresas de petróleo e
gás. A Occidental Petroleum, Chevron e Energy Transfer Partners assinaram
contratos solares em 2019, seguindo as etapas da ExxonMobil, que iniciou a
tendência assinando dois PPAs, totalizando 575 MW no final de 2018.
Os PPAs na região das
Américas totalizaram 15,7 GW, onde os EUA compuseram a maior parte disso, com
13,6 GW. Mais de 80% desses contratos assinados nos EUA em 2019, ou 11,2 GW,
estavam sob o modelo virtual de PPA – contratos sintéticos que só podem ser
assinados em mercados desregulados. Os 2,4 GW restantes de energia limpa
comprados por empresas nos EUA em 2019 foram transacionados sob tarifas verdes,
oferecidas por empresas de serviços públicos em mercados regulamentados. Na Europa,
Oriente Médio, África (EMEA) e América Latina, foram registrados novos
recordes.
Na América Latina,
especificamente, teve um crescimento triplo no mercado corporativo de PPA, o
Brasil e o Chile emergiram como os principais mercados. Os clientes brasileiros
com demanda anual superior a 3 MW, conhecidos como consumidores atacadistas,
negociaram contratos diretamente com desenvolvedores de energia limpa. No
Chile, grandes empresas de mineração como o BHP Group e Antofagasta,
enfrentando pressões semelhantes dos investidores às empresas de petróleo e
gás, estão negociando acordos especiais de fornecimento de energia limpa com os
varejistas. A Colômbia é o próximo mercado latino-americano a assistir, após o
lançamento bem-sucedido de seus primeiros leilões de energia limpa.
Os compromissos de
sustentabilidade corporativa também dispararam em 2019 e foram um dos
principais vetores do ano de 2019. Quase 400 empresas em todo o mundo se
comprometeram a estabelecer uma meta, mais do que duplicando o número total de
empresas com PPAs. Essas empresas se comprometeram a reduzir suas emissões de
acordo com o Acordo de Paris, e a energia limpa será uma parte essencial dessa
estratégia. Além disso, 63 organizações estabeleceram uma meta de ‘RE100’,
comprometendo-se a compensar 100% de sua demanda de eletricidade com energia
limpa. O RE100 totalizou 221 membros até 2019, consumindo coletivamente 233 TWh
de eletricidade em 2018, com base em seus últimos registros.
A BNEF estima que essas 221
empresas RE100 precisarão comprar 210 TWh adicional de eletricidade limpa em
2030 para cumprir suas metas. Se esse déficit fosse atendido com PPAs externos,
ele catalisaria uma estimativa de 105 GW de energia solar e eólica nova
globalmente. O financiamento dessas novas adições exigiria um investimento
adicional de US$ 98 bilhões. (canalenergia)
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