A
alta dos preços dos combustíveis no país tem feito com que o governo federal
busque formas de reduzir os custos da produção para gerar o barateamento do
diesel. Uma das formas cogitada pelo Ministério da Economia foi reduzir a
mistura de 13% de biodiesel no diesel comercializado no país para 8%. Mas o que
parece uma solução pode ser um tiro no pé, pois além de substituir uma parcela
do diesel fóssil que é importado, a produção de biodiesel garante o aquecimento
da economia brasileira, ao incentivar o processamento interno principalmente da
soja, mas também de sebo bovino, girassol, entre outros.
Diante
disto, a Frente Parlamentar da Agropecuária oficiou em 12/03/2021, o Ministério
da Agricultura no intuito de formalizar seu apoio a manutenção da mistura
mínima de 13% do biodiesel no diesel vendido nos postos de combustível, bem
como a continuidade da resolução nº 16/2018 do Conselho Nacional de Política
Energética/CNPE – que prevê a elevação da mistura até 15%, em 2023.
A suspensão da política para o biocombustível causa mais danos do que benefícios.
Os produtores falam em quebra de usinas, aumento de emissões de gases poluentes, maiores custos para criação de animais e a consequente inflação nos alimentos.
O
presidente da FPA, deputado Sérgio Souza (MDB/PR), defende que “o prejuízo
gerado com a diminuição da mistura de biodiesel ao diesel pode trazer um
problema gigante ao sistema produtivo brasileiro”. O parlamentar explica que “não
se pode ficar em uma situação onde momentaneamente se cria a diminuição do óleo
diesel no país, mas no futuro traz um impacto muito mais gravoso à economia,
com a alta do preço dos alimentos”.
Ofício
apresentado pela bancada lista os seguintes impactos negativos decorrentes da
hipotética redução da mistura de biodiesel:
Maior
importação de diesel mineral, que sobrecarregará ainda mais a infraestrutura
portuária e a logística interna já nos limites;
Redução
do esmagamento de soja estimado em 9 milhões de toneladas, fechamento de
indústrias esmagadoras e de usinas de biodiesel;
Redução
da produção e oferta de farelo proteico e de proteínas animais da ordem de 7,2
milhões de toneladas;
Desemprego
nas cadeias produtivas da soja, proteínas animais e bioenergia;
Aumento
do custo da produção de alimentos no Brasil (leite, carnes, ovos, óleos
vegetais e outros produtos da cesta básica);
Aumento
das emissões de Gases de Efeito Estufa e poluentes;
Riscos
para o cumprimento das metas da Política Nacional de Biocombustíveis –
RenovaBio;
Prejuízos
para a imagem externa do País, em especial, para o atendimento às metas no
Acordo de Paris;
Interrupção
imediata dos investimentos em curso na indústria do biodiesel; e
Desestímulo a novas inversões, em geral, e em energias renováveis, em particular, em razão da insegurança jurídica decorrente do rompimento da previsibilidade conferida em Lei.
Reflexo no preço dos alimentos
Grande
parte do óleo vegetal usado na produção de biodiesel vem do processamento da
soja, que é transformada em farelo e óleo. Para cada 5kg de soja em grão, 4kg
viram farelo (SOJA – 80% farelo / 20% óleo). Quanto maior a quantidade
processada, maior será a oferta de farelo destinada a produção de ração para
alimentação de bovinos, aves, suínos e outros. Com a ração mais barata, carne,
leite e ovos também ficam mais baratos.
Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais/Abiove estima que haja cerca de 50 usinas de biodiesel espalhadas no país, com capacidade instalada para atender até 22% de mistura obrigatória ao diesel mineral. Entidade informa que a produção de soja no país gera mais de 1,5 milhão de empregos e que só em 2020 se exportou quase 83 milhões de toneladas do grão para todo o mundo.
Reunião com ministro de Minas e Energia
Membros
da Frente Parlamentar da Agropecuária/FPA participaram em 10/03/21 de reunião
com ministro de Minas e Energia/MME, Bento Albuquerque, para solicitar a
manutenção do uso de 13% de biodiesel na mistura com o diesel comercializado no
Brasil.
O
ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Albuquerque garantiu pessoalmente aos deputados que a mistura obrigatória será mantida. “Não vamos cometer nenhum equívoco nesse momento de retomada econômica”, afirmou o ministro.
O posicionamento, caso mantido pelo governo federal, traz segurança jurídica ao garantir a previsibilidade estabelecida pela agenda do CNPE, que por sua vez, dá às indústrias a possibilidade de ampliar a produção de biodiesel e até de implantar novas indústrias, aumentando a oferta de empregos. (noticiasagricolas)
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