A medida deve ajudar a
cumprir os objetivos climáticos da UE, mas "também irá beneficiar os
cidadãos, reduzindo os custos de energia e melhorando a qualidade do ar",
explicou a Comissão.
No entanto, para a indústria
automotiva, a proposta "não é uma solução racional", segundo a
Associação de Fabricantes de Automóveis Europeus (ACEA).
"Banir uma tecnologia
não é uma solução racional neste momento", disse a organização, que
acredita que "todas as opções, incluindo motores térmicos altamente
eficientes, híbridos e veículos a hidrogênio, devem desempenhar um papel na
transição para a neutralidade climática".
A indústria está preocupada
com a falta de postos de recarga e uma transformação industrial que pode causar
uma hemorragia de empregos. Mesmo que já esteja envolvida na transição.
"Uma dezena de grandes
fabricantes na Alemanha e na Europa já anunciou uma transformação da sua frota
para veículos com emissões zero entre 2028 e 2035", sublinhou a presidente
da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O projeto, se aprovado tal
como está, significaria o fim em 2035 das vendas de veículos com motores
térmicos, incluindo híbridos (gasolina-elétricos) e híbridos recarregáveis.
Sendo os veículos elétricos a
bateria os únicos a cumprir o requisito de emissão zero, estes seriam de fato
os únicos no novo mercado europeu, mesmo que nenhuma tecnologia seja
oficialmente imposta.
Mas a proposta da Comissão
ainda será debatida durante mais de um ano pelo Parlamento Europeu e pelos
Estados-membros, o que poderá conduzir a ajustes importantes.
"Nada do que foi
apresentado hoje será fácil, será mesmo muito difícil", admitiu o
comissário europeu para o Meio Ambiente, Frans Timmermans, evocando a
necessidade de agir no interesse das gerações futuras.
O automóvel, primeiro meio de transporte dos europeus, representa cerca de 15% das emissões de CO2, um dos principais gases responsáveis pelo aquecimento global.
Queda de braço
Uma queda de braço já é
travada entre os principais países produtores (Alemanha, França, Espanha,
Itália) contra aqueles sem fabricantes nacionais, como Áustria, Dinamarca ou
Holanda. A França indicou que quer defender a sobrevivência dos híbridos após
2035.
Ao mesmo tempo, o Executivo
europeu está empenhado em desenvolver a rede de estações de recarga. "Ao
longo das principais estradas da Europa, deve haver pontos de recarga a cada 60
quilômetros", prometeu Ursula von der Leyen.
No final do ano passado, a UE
contava com 260.000 pontos de carregamento acessíveis ao público entre seus 27
Estados-membros, 70% dos quais em apenas três países (Alemanha, França,
Holanda).
Ela promete 1 milhão em 2025,
3,5 milhões em 2030 e 16,3 milhões em 2050.
A Europa já havia imposto, em
2020, um limite médio de 95 gramas de CO2 por quilômetro às
montadoras, que deveria ser reduzido em 15% em 2025 e em 37,5% em 2030.
Finalmente, esta redução será
reforçada para atingir 55% em 2030, depois 100% em 2035, de acordo com a
proposta de Bruxelas.
Esses números representariam
um imenso baque para uma indústria que também terá de contar, até 2027, com o
endurecimento das normas de poluição impostas aos motores térmicos.
As normas existentes já
produziram efeitos, tendo os fabricantes sido obrigados a investir dezenas de
bilhões de euros na eletrificação da sua gama.
Em um mercado em declínio
devido à pandemia do coronavírus, os carros 100% elétricos fizeram um grande
progresso. Entre abril e junho, representaram 9,3% dos novos registros na
Europa Ocidental, uma participação mais de quatro vezes maior em dois anos, de
acordo com o analista Matthias Schmidt.
O projeto da Comissão encantou os ambientalistas. “Este é um ponto de inflexão para a indústria automotiva e uma boa notícia para os motoristas”, disse o diretor executivo da ONG Transporte e Meio Ambiente, William Todts.
Segundo ele, "as novas regras da UE vão democratizar os carros elétricos e dará um grande impulso ao carregamento, o que significa que os carros limpos serão em breve acessíveis e fáceis de carregar para milhões de europeus". (biodieselbr)
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